O tráfico de
pessoas, principalmente de crianças, é associado à proliferação de seitas
religiosas em Moçambique, com particular enfoque em Manica, segundo fonte da
Procuradoria, intervindo ontem, em Maputo, no debate sobre o tema. Além deste
posicionamento, outros intervenientes como, por exemplo, a PGR, querem
ver penas mais pesadas para os traficantes.
Citado pelo jornal Diário de Moçambique, o
procurador chefe provincial de Manica, Agostinho Rotuto, considera que o
tráfico de pessoas intensificou na mesma altura em que muitas igrejas, de
denominações diversas, se implantavam, havendo fortes suspeitas de
que este tipo de crime esteja associado ao surgimento destas seitas, cujos
pastores casam-se com crianças de menor idade, que depois são levadas para fora
do país.
“Existe cerca de
250 seitas religiosas, que surgiram em Manica, com representações
no exterior, principalmente do Zimbabwe e África do Sul.
Todas trabalham
com crianças, facto que deixa as autoridades indignadas.
A maior parte
destas crianças tem entre 10 e 11 anos e são casadas com os pastores. Algumas
dessas são levadas para fora do país sem nenhum tipo de controlo”, disse,
falando ontem, em Maputo, no segundo debate público nacional sobre a matéria.
Rotuto questiona,
ainda, o tipo de controlo feito a este tipo de organizações religiosas no país.
“Para além das acções que a PGR vem desenvolvendo em torno desta prática,
resta-nos ainda um grande desafio em questões de controlo dessas seitas que se
estalando no país”, referiu, ajuntando que acredita que, com a
aprovação da proposta de lei contra o tráfico, a situação de controlo
pode vir a melhorar.
Por seu turno,
Castigo Zimba, líder comunitário do distrito de Moamba, em Maputo, secundou
Rututo, sustentando que na fronteira com a África do sul, onde ele
próprio vive, são várias as situações de pessoas de fora, que chegam ao país sem
nenhum tipo de controlo migratório.
“As autoridades já não conseguem controlar as
fronteiras. Há muitas crianças que atravessam diária e ilegalmente a
fronteira”, disse.
Em contrapartida,
Margarida Guitunga, representante de uma ONG, associou o surgimento de
várias confissões religiosas ao crime organizado de tráfico de
pessoas. “O relatório da UNICEF de 2010 sobre tráfico de pessoas,
confirma que estas seitas religiosas estão directamente ligadas ao tráfico e
constituem um crime organizado”, referiu.
Fonte: Rádio
Moçambique – 10.05.2012
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