O Governo moçambicano anunciou
hoje a "intenção de enviar uma delegação" ao Sudão, composta por
técnicos do Ministério da Educação e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de
Moçambique, para "viver o problema" dos estudantes em Cartum.
Recentemente, 45 estudantes moçambicanos da Universidade
Internacional de África no Sudão denunciaram à Lusa as "precárias
condições" de vida naquele país africano, responsabilizando "algumas
organizações islâmicas" moçambicanas de os terem enviado para Cartum, mas
com "objetivos obscuros".
O Ministério da Educação de Moçambique emitiu um
comunicado a distanciar-se de qualquer responsabilidade no caso, por
alegadamente o grupo não ter ido para aquele país a coberto de bolsas do
Governo moçambicano.
Em declarações, hoje, à Lusa, o vice-ministro dos
Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Eduardo Koloma, garantiu que
"o Governo tem intenção de enviar uma delegação para viver o problema no
terreno".
"Nós estamos em articulação com o MINED, que nos
informou que uma delegação irá ao Sudão", disse Eduardo Koloma.
Moçambique não tem representação diplomática na capital
sudanesa, pelo que as autoridades moçambicanas pretendem contactar o Governo do
Sudão por via da "embaixada moçambicana mais próxima de Cartum, que deverá
ser a do Cairo, ou a da Argélia", acrescentou.
Segundo Eduardo Koloma, "o Governo já fez uma
consideração aprofundada deste assunto. Já criou uma equipa para se ocupar
deste problema, porque o Governo tem a responsabilidade de dar uma proteção
consular a qualquer moçambicano que esteja aí fora. E esta tarefa recai no
Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação".
O diplomata disse que "o Governo está a viver
intensamente este problema" dos estudantes, assinalando que, até terça-feira,
cinco dos 45 estudantes já haviam deixado o Sudão.
"Há informações em como cinco deles já deixaram o
país. Tomámos conhecimento de que talvez (tenham deixado o Sudão) há uns dois
dias. Não foi o Governo quem os apoiou para sair. Creio que devem ter
encontrado apoios possivelmente das instituições que os levaram para estudar
ali", disse Eduardo Koloma.
Em contacto com a Lusa, no domingo, um dos estudantes
denunciou que seis dos 45 moçambicanos no Sudão tiveram os passaportes e
cartões de estudantes confiscados, por recusarem assinar um desmentido das
denúncias sobre as precárias condições de estudo.
Dos 45 estudantes, que saíram de várias províncias de
Moçambique para o Sudão, 30 não concordavam com o modelo de contrato firmado
com a Universidade Internacional de África do Sudão, à qual acusam de não estar
a honrar o compromisso de atribuição de bolsas de estudo completas.
Em entrevista à Lusa, um estudante disse "que 24
estudantes foram obrigados a redigir uma carta negando tudo o que foi abordado
nas cartas que enviamos. Devido às ameaças eles foram obrigados a assinar um
papel que não se sabe qual será a finalidade".
MMT.
Lusa in Notícias Sapo – 14.06.2012
Sem comentários:
Enviar um comentário