- Polícia volta a espancar «madjermanes» que se fizeram ao parlamento «à caça» da ministra do Trabalho
(Maputo) O parlamento viveu na tarde de ontem um ambiente de grande agitação, envolvendo agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e parte dos antigos trabalhadores da ex-Alemanha do Leste, vulgo “madgermanes”. A agitação foi originada por um grupo daqueles retornados, que se deslocou aquele edifício da 24 de Julho, para exigir à ministra do Trabalho, Helena Taípo, explicações sobre o seu pronunciamento no plenário da AR (Assembleia da República), ontem de manhã.
“O dossier dos nossos compatriotas e antigos trabalhadores da ex-Alemanha Democrática está encerrado”, disse a ministra diante dos deputados, reunidos ontem em sessão de perguntas ao governo.
O grupo dos «madgermanes» que esteve ontem à tarde, na AR, também tinha na sua agenda de protestos a questão da «Socremo» – uma instituição de micro finanças, em que o governo pretende ceder acções aos regressados da ex-RDA no valor equivalente a 20% do seu capital social como forma de os ressarcir de importâncias que têm vindo a reivindicar de direitos seus adquiridos mas ainda não compensados e conseguir, simultaneamente, ancorá-los como forma de dar continuidade ao seu sustento de agora em diante.
A ministra Helena Taipo para além de ter afirmado que o «dossier» dos «madgermane» está encerrado, disse ainda aos parlamentares que o governo havia alcançado entendimento com eles para que se vendam as tais acções na «Socremo» e posteriormente se distribua o dinheiro por cada um dos ex-trabalhadores da antiga Alemanha do Leste (RDA).
As afirmações da ministra, segundo alguns dos “madgermanes”, com quem o “Canal” esteve em contacto, terão sido o móbil do descontentamento que levou aquele grupo dos madgermanes à Assembleia da República. Eles disseram-nos ter acompanhado as palavras de Helena Taipo através da transmissão em directo na RM e TVM.
O «Canal de Moçambique» apurou, entretanto, que do grupo que esteve ontem à tarde no parlamento fazem parte daqueles que ainda não receberam na totalidade o dinheiro que consideram pertencer-lhes por direito decorrente dos descontos do seguro social na ex-RDA. Salienta-se que o dinheiro correspondente ao seguro social começou a ser pago em 2003, ou seja, vinha sendo pago antes do actual pagamento em curso. Por outro lado, o entendimento sobre a venda de acções na «Socremo» a que se referiu a ministra, aparentemente foi à revelia da maioria dos ex-trabalhadores, alguns dos quais contaram ao «Canal» que só tomaram conhecimento da situação com a alocução da governante na AR.
Na verdade existe um documento de que o «Canal de Moçambique» dispõe cópia, no qual, a liderança do fórum dos ex-trabalhadores da RDA, manifesta vontade de ver as acções da «Socremo» vendidas e o capital resultante entregue aos «madgermanes». O governo, pelo visto, acedeu simplesmente a tal desejo. Aqui, por conseguinte, a haver alguma responsabilidade, ela cabe, completamente, aos líderes dos «madgermanes». Afinal prova-se: foi a liderança dos «madgermans» quem levou o governo a ceder perante mais uma reivindicação sua. Se a liderança agiu sem consultar o grupo isso será um outro caso, como se pode inferir do documento em nosso poder.
O «Canal» apurou ainda, junto dos ex-trabalhadores, que a posição da sua liderança, está hoje claro para eles, foi tomada à sua revelia.
Antes de falarem com a ministra, ainda estando fora do edifício do parlamento, os «madgermanes» foram “sacudidos” por alguns agentes da PRM.
Em resultado da reacção das autoridades policiais alguns «madgermanes» contraíram ferimentos ligeiros em diversas partes do corpo. (L.Nhachote e S. Macanja)
2006-03-09 07:28:00
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