quinta-feira, janeiro 11, 2018

Centralismo democrático vs democracia participativa

Há quase uma semana lancei a questão sobre o CENTRALISMO DEMOCRÁTICO. Infelizmente não tive nenhuma contribuição talvez por ser algo que não se fala tanto praticamente desde os meados dos anos 80. Contudo, o que me fez levantar esta questão, é o facto de segundo a observação o que mais se pratica em Moçambique em todos os partidos políticos, associações, etc, ser uma mistura entre o CENTRALISMO DEMOCRÁTICO, tipo de democracia em regimes comunistas-leninistas e a democracia contemporânea que se caracteriza por representativa e participativa. Nessa minha observação,exerce-se a representativa através de eleições cíclicas e no lugar da participativa exerce-se o centralismo democrático. 

A principal característica do centralismo democrático é diante de qualquer questão importante dum partido ou associação as bases tem o direito à discussão livre da mesma, eventualmente podendo até mesmo constituir facções, mas a decisão final cabe à liderança ou seja ao líder a que ou quem se considera extraordinariamente sábia/o, clarividente, visionária/o.
 
Estranhamente, o centralismo democrático é a que quase toda a nossa sociedade está imbuida apesar de um desejo ardente à democracia participativa. A título de exemplo, e eu já havia colocado esta questão na altura, aquando do congresso da Frelimo, jornalistas e comentadores nacionais falavam de Filipe Nyusi de quem ia tomar esta e aquela decisão. O mesmo se fez aquando do congresso do MDM em que quem ia tomar decisões era Daviz Simango. Portanto, em nenhum momento se falava de decisões de congressitas ou apenas do congresso. Por consequência desta concepção, tenho em mim que muitos membros de partidos políticos, associações em Moçambique se perdem à procura de agradar os supostos sábios, clarividentes e ou visionários, mas de uma forma camuflada o que estagna a democracia interna. Nas bases não há decisões locais para a solução dos problemas locais.

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1. Durante o congresso do MDM em que eu participei, Daviz interveio (discurso) apenas na abertura e no encerramento. Então, tínhamos o poder de decisão, se tivéssemos sido de uma outra escola que a do centralismo democrático.
2. Quanto ao conceito do centralismo democrático há muitos artigos na net.

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