sábado, março 05, 2016

TENSÃO POLÍTICO-MILITAR: Oposição Construtiva avança propostas de solução

O Bloco da Oposição Construtiva, constituído pelos partidos PIMO e PEC-MT, avançou ontem duas propostas de solução consideradas cruciais para pôr termo às hostilidades militares que se registam na região centro do país, concretamente na província de Sofala.
A primeira prende-se com o cessar-fogo imediato pelas partes envolvidas, nomeadamente as forças governamentais e os homens armados da Renamo, num prazo de 72 horas, ou seja três dias contados a partir de ontem, sexta-feira, e o aquartelamento.
A segunda refere-se à retomada urgente do diálogo ao mais alto nível entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, de que resultaria um acordo visando a nomeação pelo Chefe do Estado de quadros da Renamo para cargos ministeriais e para governadores nas províncias onde ela reclama ter ganho as eleições de 2014.
Falando em conferência de imprensa, Yá-Qub Sibindy, presidente do PIMO, disse que esta última solução seria uma espécie de inspiração no caso sul-africano, em que o falecido Chefe do Estado, Nelson Mandela, carinhosamente chamado Madiba, incluiu no seu Governo o líder do Inkata Fredom Party (partido da oposição), Mangosuto Buthelezi, nomeando-o para o cargo de ministro do Interior da RAS, facto que veio a acabar com a constante onda de violência envolvendo membros do ANC e daquela formação política.
Sibindy disse que esta seria a solução para resolver a crise política resultante das eleições de 15 de Outubro de 2014. Afirmou que a tensão político-militar que se vive no país não é para o seu partido um conflito novo, mas sim uma “adenda” ao Acordo Geral de Paz assinado em Roma.
Como solução para este problema, aquele grupo de partidos propõe a realização duma conferência para a revisão do Acordo Geral de Paz, com o envolvimento dos ex-chefes de Estado Joaquim Chissano e Armando Guebuza, o líder da Renamo e Raul Domingos, do PDD, com a participação de outros actores.
O Bloco da Oposição Construtiva propõe-se a aproximar as partes para que esse encontro seja efectivado. Sibindy clarificou que não se trata de esvaziar o poder e as atribuições do Chefe do Estado e muito menos pôr em causa a sua legitimidade, mas sim um contributo concreto para a saída do problema.
Indicou que as propostas surgem do facto de se constatar que tanto o Presidente da República, como o líder da Renamo apregoarem que querem a paz e estão disponíveis a dialogar, mas até ao momento nada de concreto existe.
O Bloco submeteu ao Gabinete do Presidente da República e do líder da Renamo pedidos solicitando encontros urgentes para entregar em mão o seu contributo para a paz efectiva no país.
Fonte:Jornal Notícias – 05.03.2016

1 comentário:

Anónimo disse...

Subscrevo este esforço real pela paz. Tem havido consenso de que a busca da paz não cabe somente à Renamo e ao governo. A paz é dos e para os moçambicanos.