Presidente da República fez um discurso inédito na província da Zambézia ao dizer que a causa da pobreza extrema no país era o problema da preguiça dum bom número de moçambicanos ou como para citar bem o que vem no Notícias “falta de hábito ao trabalho perpetua fome no país.”
O Presidente da República disse e com razão que não compreendia que: “... mais de 60 porcento dos moçambicanos mal se possam alimentar, e muito menos ter dinheiro com que possam resolver alguns dos problemas básicos como para comprar medicamentos, Guebuza disse “não ser possível que isso aconteça num país abençoado com uma vasta gama de terras férteis, ademais, serpenteadas por vários cursos de água”. Dados estatísticos indicam que apenas quatro (4) porcento dos 39 milhões de hectares com potencial agrícola estão sendo cultivados, o que quer dizer que há mais de 35 milhões onde não se faz nada”.
Porém, estranho bastante que ele faça este discurso a partir dos distritos e não do Conselho de Ministros alargado pela seguinte razão: a nossa pobreza se deve mesmo à preguiça de um bom número de moçambicanos? E se for, serão estes os camponeses como os de Mopeia, Pebane, etc? E se os camponeses forem de facto os ditos preguiçosos quem e o quê contribue para que eles sejam preguiçosos? Quantas vezes por exemplo, o Presidente da República esteve na província da Zambézia nos últimos seis meses? Quantas vezes o Presidente da República promoveu comícios com esses camponentes e vendedores e outros trabalhadores em pleno dia de trabalho? Sabe o Presidente que a Primeira-Ministra vai também para lá e faz comícios em dias de trabalho, sabendo que o camponês não tem domingo? Sabe que os governadores, o Secretário-Geral da Frelimo, os primeiros-secretários provinciais e distritais, os administradores distritais, dos postos e mesmo o Presidente da Renamo, SG da Renamo, os chefes comunitários fazem muitos comícios em pleno tempo de trabalho? Sabe o Presidente da República das várias tolerâncias de ponto que se promulgam pelo Ministério do Trabalho e governadores das províncias por ocasiões que só convém (show off) aos dirigentes do país? Sabe o Presidente da República dos custos da dita governação aberta e outras visitas. Falo dos custos de transporte de todo o pessoal (Salomão Moyana já havia feito umas continhas e isso não era pouco) que o acompanha, as ajudas de custo, alojamento, etc.
O Presidente da República fala da “Revolução Verde” e estou eu cá muito esperançado embora eu não saiba ainda se os chineses havia anunciado a vinda da sua revolução. O facto é que estamos acostumados com anúncios que nunca deram resultado. O anúncio da “Revolução Verde” pode até ser sinal do fracaço da luta contra a pobreza absoluta. Mas se o governo num entendimento com todas as forças políticas, fizesse em todo o país algo como o relançamento da produção na Moamba, penso estariamos a caminho do fim da fome. Os observadores que viesse dar o nome que entendessem e fosse adequado nessa altura de resultados plausível, mas nós já teriamos atingido o nosso objectivo principal.
Quero acreditar que precisamos de diminuir o número de discurso que podem até lesar o camponês de cabo curto que tanto trabalha hectares e hectares, mas menos produz, Deviamos é passarmos a debater os nossos problemas duma forma muito ampla, inclusiva e participativa para que sejamos capazes de alcançar os nossos objectivos. O problema pode não ser preguiça e sobretudo nas zonas rurais, mas as nossas políticas.
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