segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Crises na Tunísia e no Egipto levantam problemática da integração africana

Por Ali Dellali,

Correspondente da PANA

Tripoli, Líbia (PANA) - A onda de protestos que abalou há cerca de dois meses a Tunísia e depois o Egito revelaram claramente a impotência do Estado-Providência para resolver problemas sociais que as populações vivem no seu quotidiano.

O desemprego, a fome, a pobreza, a ausência de justiça social, a marginalização, a corrupção e outros males sociais, agravados até o seu paroxismo em nome dum certo liberalismo, apenas levam à explosão social que conheceram a Tunísia e o Egipto.

Os Estados do Terceiro Mundo, bem como os do mundo industrializado, não estarão ao abrigo destes problemas atuais sem uma reforma política que coloque o homem no centro das suas preocupações.

Mas, o que podem os dirigentes árabes e africanos face a estas revoltas populares que reclamam, a preço de vidas humanas, uma "mudança" que doravante os micronacionalismos não poderão ter o luxo de manter, fora as exigências da globalização de que os grandes blocos sócio-económicos não param de desmostrar o bom fundamento?

A rua derrotou na Tunísia e no Egipto dois regimes cujas políticas anti-democráticas, por terem impedido uma capacidade de livre expressão relativamente aos males que pervertíam a sociedade, apenas conseguiram adiar o prazo e favorecer uma outra forma de expressão, antes explosiva, de rancores durante muito tempo comprimidos.

Zine El Abidine Ben Ali e Hosni Moubarak destituídos, a euforia dos primeiros momentos da « libertação» consumida, deve-se retornar à realidade e perguntar-se sobre as capacidades destes países e dos seus novos dirigentes de reduzir a diferença tanto denunciada entre os ricos e os pobres, satisfazer as necessidades em alojamentos, em cuidados de saúde e resolver a equação dos produtos alimentares cujoos preços não param de aumentar a nível mundial.

Observadores da vida política africana perguntam-se se a liberdade de expressão reencontrada, o acesso à internet, aos tweeters, bem como a liberdade de associação com a sua longa lista de partidos da oposição poderão facilitar o diálogo e o consenso em torno dos melhores meios de reduzir a fila de desempregados, alimentar os famitos, sem que seja preciso retornar de novo à rua.

Na Tunísia e Egipto, como em qualquer país de África, a era do Estado-Providência, como a do micro-estado, parece ultrapassada. Ela relança o debate a propósito da integração árabo-africana que, à semelhança dos outros blocos sócio-económicos europeus, americanos e asiáticos, apoiam as fações mais frágeis, fazendo seu o adágio popular segundo o qual « a união faz a força ».

A lição é tão dura que se nos rendemos à evidência, muitas vezes muito tarde, de que um continente unido e solidário vale mais do que um aliado potente, e que hoje, mais do que antes, as relações internacionais são em função dos interesses em jogo.

Os chefes de Estado egípcio e tnisino aprenderam às suas expensas, ao olhar do modo como as suas relações com os Estados Unidos findaram bruscamente, no auge da crise que assolou os seus dois regimes respetivos.

Numerosos observadores indicam que o Presidente tunisino destituído, Zine El Abidine Ben Ali, não pude ser salvo pelas exelentes relações que mantinha com as Administrações americanas depois de 23 anos passados à frente do Estado nem pelos seus serviços prestados há vários anos antes da sua ascensão ao poder.

O mesmo cenário repetiu-se no Egito, mas sob uma forma pouco complicada, considerando o peso preponderante do país e o seu papel estratégico no Médio-Oriente e nesta região árabe assolada pela agitação.

No entanto, em Túnis como no Cairo, trata-se para as potências estrangeiras de se assegurarem os favores dos novos dirigentes no prolongamento dos interesses estratégicos que conferem as suas relações com estes dois países.

O exercício não foi tão fácil, observando de perto as reações de alguns Estados islamitas que, como o Irão de Mahmoud Ahmadinejad, ameaçam operar uma verdadeira mutação das relações de força no Médio-Oriente

Fonte: Panapress - 13.02.2011

2 comentários:

Anónimo disse...

Nós os Africanos estamos ainda em periodo medieval; nem os Europeus que estao adiantados em cerca 500 anos ainda uma integraçao solida. A Africa branca mostra um outro nivel conhecimentos que os seus povos tem sobre seus direitos, sobre o que é um dirigente. Sabem que um dirigente nao é dono do pais, é mais sim um simples gestor do bem comum que, quando nao presta, deve ser substituido. A Africa negra pensa ainda que quem governa é dono do país e de todos nos, ou que Deus é que o colocou para governar. Se Africa em geral tem um atrazo de cerca de 500 anos em relaçao a Europa, a Africa negra tem atrazo maior.

Nguiiliche

Anónimo disse...

Correcto a sua visão, Sr Nguiliche.
A pobreza,religião, o obscurantismo, o mito
faz de nós negros africanos a Idade média em pleno século XXI!
Agimos SIM, sempre, com violência!
Não sabemos distinguir ELEGER ou DIREITO!
Temos de viver assim, "como cabritos"!
Um pormenor , culturamente a África Branca é que "aculturou" a Europa,nos séculos VIII até XV-750 anos!
Mas devido a obediência cega a religião (aliada ao mito e obscurantismo)-ficou no Tempo!
Fungulamasso