Por Pedro Nacuo
HÁ-DE ser a quinta ou sexta vez que aqui falámos de quem fala em nome do povo, mentindo às toneladas, metendo na boca desse sempre necessário e quase invisível fenómeno, quando a ambição se torna desmedida, o POVO! Não é por acaso que se trata de uma designação com raízes políticas, para se referir às pessoas. E povo acaba sendo um termo a usar sempre que nos descobrimos insignificantes para determinadas aventuras.
É o povo que gosta de um determinado dirigente, é o povo que não quer isto e aquilo assim como é o povo que quis fosse representado por quem o representa, ainda que em poucas vezes razoavelmente, mas muitas vezes mediocremente. E é usando o povo que os nossos dirigentes são todos os dias enganados.
São enganados que são da total estima do povo, esse que dizem que faz ofertas aos seus dirigentes: galinhas, cabritos, cabeças de vaca, objectos de arte, etc. Diz-se que é o povo que está a oferecer. Nenhum governador disse ao Presidente da República ou outro dignatário hierarquicamente superior que a oferta foi maquinada por si e nalguns casos custou a força para obrigar o povo a dar. Ninguém já disse que noutros casos eles mesmos tiveram que comprar para oferecerem-no em nome do povo.
Os políticos são facilmente enganáveis, não sei porquê! E assim quando descem aos distritos, os governadores são “vítimas” do mesmo tratamento pelos administradores e outros funcionários subalternos, tudo em nome do povo. Qualquer dia receberão (se ainda não aconteceu) um produto roubado ao povo para serem oferecidos em nome do mesmo.
Ora, em Quissanga, num comício popular orientado pelo governador provincial, levantam-se intervenientes que disseram que estavam a gostar do novo administrador. Estavam a falar em nome dos outros, do povo. Que era um dirigente que se algum dia tivessem que mexe-lo fosse apenas para subir de cadeira. Ou é administrador de Quissanga ou sobe para qualquer coisa como director provincial de outra coisa, ou governador, ou outra coisa ainda superior. Isso meteu-se na boca do povo.
Disseram, em nome do povo, que uma viatura para o senhor administrador, é pouco. Justificaram que quando ela está com o secretário permanente, o administrador fica sem meio para locomoção. Certo! Então o povo estava a pedir mais uma viatura para o administrador. Esse povo!!!
Entretanto, aqui perto dos jornalistas alguém da audiência quer saber quem é que estava a falar, pois não se tratava duma cara facilmente identificável. Até se queria saber donde tinha vindo, primeiro pela forma como falou em nome do povo, segundo, simplesmente porque parecia uma pessoa desconhecida.
Em Palma, muito já se disse. O administrador distrital pós no programa do governador a visita a uma pensão na vila, construída recentemente, numa sede distrital onde não havia nenhum lugar de hospedagem. Bravo! Quando se quis saber de quem é a pensão, a resposta não se fez esperar: do senhor administrador, aliás, da esposa do senhor administrador. Ficou mais intransparente do que opaco ou translúcido.
E o povo veio ao comício denunciar um comboio de desmandos do chefe máximo do distrito. E o outro povo, este constituído por sete a oito pessoas, no mesmo comício, disse tudo de bom do administrador: que tinha feito uma pensão, trouxera uma parabólica para ver televisão, a água voltara a jorrar e a energia eléctrica havia, igualmente, regressado ao convívio de gente média da sede do distrito.
O povo de Palma virou povos! Todos os presentes viram-se complicados a ponto de o governador mandar impor disciplina, porque quando um povo falava o outro povo contradizia em voz alta, de forma claramente indisciplinada. Saímos sem saber de que povo se tratava. Vieram as acusações mútuas de terem sido contratados para falar.
Eliseu Machava (a experiência manda...) tinha que cair numa acertada medida: mandar ir perceber! Para tanto, enviou os seus homens de competência técnica e investigativa reconhecida para trazer algo que se aproxime à verdade, entre tudo o que um povo disse, o outro povo desmentiu e aquilo que se disse do povo nos relatórios e mensagens. Estamos à espera do relatório.
Em Nangade, sempre que se fala da aproximação de uma visita importante há um agente económico que prepara pessoas para irem depor contra alguns sectores de actividade, bastas vezes, a Migração, as Alfândegas, a Guarda-Fronteira e a Polícia da República de Moçambique.
São instituições incómodas para o caso de Nangade, sobretudo para quem, sendo agente económico, pretende exercer a actividade, aparentemente para o benefício do povo, mas sem pagar os impostos e taxas correspondentes, que na verdade são para o benefício desse mesmo povo.
Disseram-nos que até paga a quem vai falar. E quem fala, fá-lo em nome do povo, porque é ao povo que se pede que fale. E assim os comícios animam, há muitos aplausos, gritos estridentes, acabando por se ficar com a sensação de uma boa reunião onde o povo se expressou a contento.
O agente económico, bem conhecido, até vai ao comício controlar os seus mandados, a ver se colocaram os pontos como queria, normalmente que enfraquecem as instituições, principalmente quando a resposta do chefe for de condenar as pretensas atitudes dos agentes do estado.
P.S. E aí está o cúmulo da instrumentalização: em Nangade um cego levantou-se para dizer ao governador que andava muito decepcionado com a educação pois que ultimamente via (de ver) alunos sujos e rotos a irem para a escola, onde encontravam os professores aprumados, asseados e todos com batas limpas. E para ele a educação não está a funcionar bem porque também não ensina os alunos a ficarem limpos.
Fonte: Jornal Notícias
HÁ-DE ser a quinta ou sexta vez que aqui falámos de quem fala em nome do povo, mentindo às toneladas, metendo na boca desse sempre necessário e quase invisível fenómeno, quando a ambição se torna desmedida, o POVO! Não é por acaso que se trata de uma designação com raízes políticas, para se referir às pessoas. E povo acaba sendo um termo a usar sempre que nos descobrimos insignificantes para determinadas aventuras.
É o povo que gosta de um determinado dirigente, é o povo que não quer isto e aquilo assim como é o povo que quis fosse representado por quem o representa, ainda que em poucas vezes razoavelmente, mas muitas vezes mediocremente. E é usando o povo que os nossos dirigentes são todos os dias enganados.
São enganados que são da total estima do povo, esse que dizem que faz ofertas aos seus dirigentes: galinhas, cabritos, cabeças de vaca, objectos de arte, etc. Diz-se que é o povo que está a oferecer. Nenhum governador disse ao Presidente da República ou outro dignatário hierarquicamente superior que a oferta foi maquinada por si e nalguns casos custou a força para obrigar o povo a dar. Ninguém já disse que noutros casos eles mesmos tiveram que comprar para oferecerem-no em nome do povo.
Os políticos são facilmente enganáveis, não sei porquê! E assim quando descem aos distritos, os governadores são “vítimas” do mesmo tratamento pelos administradores e outros funcionários subalternos, tudo em nome do povo. Qualquer dia receberão (se ainda não aconteceu) um produto roubado ao povo para serem oferecidos em nome do mesmo.
Ora, em Quissanga, num comício popular orientado pelo governador provincial, levantam-se intervenientes que disseram que estavam a gostar do novo administrador. Estavam a falar em nome dos outros, do povo. Que era um dirigente que se algum dia tivessem que mexe-lo fosse apenas para subir de cadeira. Ou é administrador de Quissanga ou sobe para qualquer coisa como director provincial de outra coisa, ou governador, ou outra coisa ainda superior. Isso meteu-se na boca do povo.
Disseram, em nome do povo, que uma viatura para o senhor administrador, é pouco. Justificaram que quando ela está com o secretário permanente, o administrador fica sem meio para locomoção. Certo! Então o povo estava a pedir mais uma viatura para o administrador. Esse povo!!!
Entretanto, aqui perto dos jornalistas alguém da audiência quer saber quem é que estava a falar, pois não se tratava duma cara facilmente identificável. Até se queria saber donde tinha vindo, primeiro pela forma como falou em nome do povo, segundo, simplesmente porque parecia uma pessoa desconhecida.
Em Palma, muito já se disse. O administrador distrital pós no programa do governador a visita a uma pensão na vila, construída recentemente, numa sede distrital onde não havia nenhum lugar de hospedagem. Bravo! Quando se quis saber de quem é a pensão, a resposta não se fez esperar: do senhor administrador, aliás, da esposa do senhor administrador. Ficou mais intransparente do que opaco ou translúcido.
E o povo veio ao comício denunciar um comboio de desmandos do chefe máximo do distrito. E o outro povo, este constituído por sete a oito pessoas, no mesmo comício, disse tudo de bom do administrador: que tinha feito uma pensão, trouxera uma parabólica para ver televisão, a água voltara a jorrar e a energia eléctrica havia, igualmente, regressado ao convívio de gente média da sede do distrito.
O povo de Palma virou povos! Todos os presentes viram-se complicados a ponto de o governador mandar impor disciplina, porque quando um povo falava o outro povo contradizia em voz alta, de forma claramente indisciplinada. Saímos sem saber de que povo se tratava. Vieram as acusações mútuas de terem sido contratados para falar.
Eliseu Machava (a experiência manda...) tinha que cair numa acertada medida: mandar ir perceber! Para tanto, enviou os seus homens de competência técnica e investigativa reconhecida para trazer algo que se aproxime à verdade, entre tudo o que um povo disse, o outro povo desmentiu e aquilo que se disse do povo nos relatórios e mensagens. Estamos à espera do relatório.
Em Nangade, sempre que se fala da aproximação de uma visita importante há um agente económico que prepara pessoas para irem depor contra alguns sectores de actividade, bastas vezes, a Migração, as Alfândegas, a Guarda-Fronteira e a Polícia da República de Moçambique.
São instituições incómodas para o caso de Nangade, sobretudo para quem, sendo agente económico, pretende exercer a actividade, aparentemente para o benefício do povo, mas sem pagar os impostos e taxas correspondentes, que na verdade são para o benefício desse mesmo povo.
Disseram-nos que até paga a quem vai falar. E quem fala, fá-lo em nome do povo, porque é ao povo que se pede que fale. E assim os comícios animam, há muitos aplausos, gritos estridentes, acabando por se ficar com a sensação de uma boa reunião onde o povo se expressou a contento.
O agente económico, bem conhecido, até vai ao comício controlar os seus mandados, a ver se colocaram os pontos como queria, normalmente que enfraquecem as instituições, principalmente quando a resposta do chefe for de condenar as pretensas atitudes dos agentes do estado.
P.S. E aí está o cúmulo da instrumentalização: em Nangade um cego levantou-se para dizer ao governador que andava muito decepcionado com a educação pois que ultimamente via (de ver) alunos sujos e rotos a irem para a escola, onde encontravam os professores aprumados, asseados e todos com batas limpas. E para ele a educação não está a funcionar bem porque também não ensina os alunos a ficarem limpos.
Fonte: Jornal Notícias
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