Concordo com a análise sobre as causas de abstenção nas últimas eleições. De facto, querendo eleicões democráticas e competitivas, é pertinente que cada partido, cada político analise em que ele contribuiu para as abstenções naquela ordem e qual foi a consequencia para o seu partido e para si mesmo. Infelizmente, são muitos senão todos que se recusam a fazer isto, mesmo sabendo que as abstencões lhes prejudicaram. O importante para muitos é apontar o dedo o outro que assumir a parte das suas culpas. Porém, eu penso que a Frelimo fez o tipo de análise sobre isso. Aliás, ela deve ter feito essa análise após as eleições autárquicas de 2003, pois até aquela altura ela sentia-se em apuros, acreditando em derrota. Sérgio Vieira já aparecia com artigos em que mostrava preocupação. E a Renamo foi mesmo “à praia” como o seu presidente dizia, na confiança de uma vitória. As abstenções criaram condições para a vitória da Frelimo nas eleições autárquica e, porquê não haveria ela de desejar que se repetisse o mesmo para vencer as legislativas e presidenciais? Infelizmente de novo a Renamo “foi” à Costa do Sol: muitos dos seus membros seniores não se viram nas ruas ou nos seus círculos eleitorais a fazer campanhas. O seu candidato presidencial ora que começou tarde a sua campanha e, mesmo assim fazia intervalos regressando a Maputo. Até a imprensa o altertava sobre isto de confiar tanto numa vitória fácil. Isto entre outros problemas.
A única arma eleitoral da Frelimo (refiro-me de alguns frelimistas anti-democráticos) é guerra psicológica para além da prática de fraudes suficiente que lhe dá vitória. Na prática de fraudes já ela conta fracassos do tipo Beira, onde a acção do Alburquerque não deu efeito. Então provocar abstenções, fazendo-se de quem decide sobre os resultado eleitoral, é a sua arma principal. Foi assim quando em violação à lei eleitoral, a Frelimo decide proibir a observação integral da eleições. Vejam que numa entrevista à Rádio Nacional de Angola Marcelino dos Santos declara satisfação pelas abstenções porque deram à Frelimo 160 assentos na Assembleia da República (ouvir aqui). Todavia, a Renamo e os outros partidos da oposição, parecem-me não ter ainda conhecido bem esta táctica ou assim se fingem. Também pode ser o facto de muitos dos que se dizem políticos, serem apenas oportunistas, desconhecedores das regras democráticas ou sem vontade para tal.
O conceito do darwinismo político tem razão de se aplicar nesto contexto que estamos a assistir. A única coisa que nos é estranho, são as declarações frequentemente públicas por membros seniores do partidão. Será que eles mesmos já não acreditam da sua acção e preferem a uma ofensiva psicológica a todo o custo? Vamos ver o que acontece em Zimbabwe para concluirmos que tudo pode valer. A pior barreira do processo democrático em Moçambique é de ele não se ter integrado no sistema de ensino. Essa devia ser a nossa luta (mas conscientes que deve haver muitos quadros no sector de educação que não gostam da influência dos seus alunos).
A Frelimo é um dos partidos mais organizados do mundo
Concordo muito com esta afirmação, entretanto, acho que precisamos de constantemente analisar o que está a acontecer ao nosso redor. Quando falamos da oposição por exemplo, penso que já precisamos de alterar o nosso pensamento sobre ela. Sei que muitos já vinham reflectindo desde há muito sobre os nossos políticos, o nosso processo democrático, etc. Eu reconheço que comecei tarde, nomeadamente depois das últimas eleições gerais, embora eu tivesse lido uma análise crítica da AWEPA há anos. Foi com certeza com ajuda de muitos companheiros em vários debates que eu fui aprofundando esta questão particular dos nossos partidos e políticos em Moçambique. Mas a principal razão da minha reflexão vem:
Primeiro, da atitude dos partidos da oposição e os seus líderes. Há resistência total à democracia interna dos partidos. Os líderes dos partidos são os mentores desta atitude.
Segundo, da atitude da Frelimo. A Frelimo, resiste à democracia e esforça-se pelo enfraquecemento da oposição excluindo económica, socialmente e da progressão nas carreiras profissionais os seus membros desta. Ela usa o Estado para este fim.
Terceiro, das ditas deserções à Frelimo. Quando membros seniores dum partido da oposição optam por deixar o seu partido com alegações (falta de democracia por exemplo) que também existem na Frelimo, menos “o saco azul” (dinheiro para roubar), fico a duvidar sobre o que é isso de ser político em Moçambique. Alguns dos desertores têm toda o poder e dever de organizar o partido.
Portanto, eu quando critico à Frelimo, o partido no poder que temos, estou consciente de tantos problemas da oposição que TEMOS. Também tenho certeza de existência de membros e simpatizantes da Frelimo que não se simpatizam com a linha do Marcelino dos Santos/Mariano Matsinhe. Quer dizer, na Frelimo há democratas mas que como na oposição, estes não têm voz. E, o que precisamos em Moçambique é, os pró- democracias ou simplesmente os democratas se unirem em defesa da democracia e isso não implica necessariamente a criação dum novo partido ou desertar dum para outro, salvo em casos imperativos. Eles (eu também) devem lutar a partir dos partidos a que pertencem. A democratização interna pode ser um meio essencial.
Não penso desde modo que haja dúvidas do nível organizacional da Frelimo. Ela é sim muito organizada. O que discutimos e deve-se discutir é o valor dessa alta organização para o país inteiro. Eu podia dar exemplos que mostram quão organizada ela é e como essa alta organização fere à nossa amada pátria, mas vou apenas dizer que o colonialiasmo português era muito organizado e até efectivo, mas muito nocivo; os nazis eram muito organizados, mas muito nocivos aos direitos do homem.
O problema da Frelimo é que ela usa a sua máxima organização para DESORGANIZAR o Estado moçambicano que é o espaço comum para todos. Desorganiza a economia, o tesouro nacional, o poder judicial, a administração, as eleições, etc. O mesmo é nos partidos da oposição. Nós dizemos que eles são desorganizados, mas isto referimo-nos da falta de organização em prol da democracia, do desenvolvimento do país, da contribuição para o combate ao crime organizado, do combate à corrupção, em suma da fiscalização ao poder da Frelimo. Na essência, estes partidos da oposição estão também muito organizados. Há lá pessoas (nem que sejam três, quatro ou cinco – em suma, em número menor) muito organizadas, e a alta organização é a arma deles para desorganizarem os partidos, desorganizarem toda a oposição. Até uma pergunta podia ser: porquê eles não se preocupam pela organização no sentido que queremos deles? Porquê eles não realizam congressos transparentes? Porquê eles não formam estruturas de base? Porquê eles não criam condições para comunicação com as bases, com eleitorado? Porquê eles se acordam apenas nos períodos eleitorais? A diferença é que a Frelimo tem o Estado como alvo a desorganizar enquanto que os partidos da oposição têm os seus próprios partidos para desorganizar.
A única arma eleitoral da Frelimo (refiro-me de alguns frelimistas anti-democráticos) é guerra psicológica para além da prática de fraudes suficiente que lhe dá vitória. Na prática de fraudes já ela conta fracassos do tipo Beira, onde a acção do Alburquerque não deu efeito. Então provocar abstenções, fazendo-se de quem decide sobre os resultado eleitoral, é a sua arma principal. Foi assim quando em violação à lei eleitoral, a Frelimo decide proibir a observação integral da eleições. Vejam que numa entrevista à Rádio Nacional de Angola Marcelino dos Santos declara satisfação pelas abstenções porque deram à Frelimo 160 assentos na Assembleia da República (ouvir aqui). Todavia, a Renamo e os outros partidos da oposição, parecem-me não ter ainda conhecido bem esta táctica ou assim se fingem. Também pode ser o facto de muitos dos que se dizem políticos, serem apenas oportunistas, desconhecedores das regras democráticas ou sem vontade para tal.
O conceito do darwinismo político tem razão de se aplicar nesto contexto que estamos a assistir. A única coisa que nos é estranho, são as declarações frequentemente públicas por membros seniores do partidão. Será que eles mesmos já não acreditam da sua acção e preferem a uma ofensiva psicológica a todo o custo? Vamos ver o que acontece em Zimbabwe para concluirmos que tudo pode valer. A pior barreira do processo democrático em Moçambique é de ele não se ter integrado no sistema de ensino. Essa devia ser a nossa luta (mas conscientes que deve haver muitos quadros no sector de educação que não gostam da influência dos seus alunos).
A Frelimo é um dos partidos mais organizados do mundo
Concordo muito com esta afirmação, entretanto, acho que precisamos de constantemente analisar o que está a acontecer ao nosso redor. Quando falamos da oposição por exemplo, penso que já precisamos de alterar o nosso pensamento sobre ela. Sei que muitos já vinham reflectindo desde há muito sobre os nossos políticos, o nosso processo democrático, etc. Eu reconheço que comecei tarde, nomeadamente depois das últimas eleições gerais, embora eu tivesse lido uma análise crítica da AWEPA há anos. Foi com certeza com ajuda de muitos companheiros em vários debates que eu fui aprofundando esta questão particular dos nossos partidos e políticos em Moçambique. Mas a principal razão da minha reflexão vem:
Primeiro, da atitude dos partidos da oposição e os seus líderes. Há resistência total à democracia interna dos partidos. Os líderes dos partidos são os mentores desta atitude.
Segundo, da atitude da Frelimo. A Frelimo, resiste à democracia e esforça-se pelo enfraquecemento da oposição excluindo económica, socialmente e da progressão nas carreiras profissionais os seus membros desta. Ela usa o Estado para este fim.
Terceiro, das ditas deserções à Frelimo. Quando membros seniores dum partido da oposição optam por deixar o seu partido com alegações (falta de democracia por exemplo) que também existem na Frelimo, menos “o saco azul” (dinheiro para roubar), fico a duvidar sobre o que é isso de ser político em Moçambique. Alguns dos desertores têm toda o poder e dever de organizar o partido.
Portanto, eu quando critico à Frelimo, o partido no poder que temos, estou consciente de tantos problemas da oposição que TEMOS. Também tenho certeza de existência de membros e simpatizantes da Frelimo que não se simpatizam com a linha do Marcelino dos Santos/Mariano Matsinhe. Quer dizer, na Frelimo há democratas mas que como na oposição, estes não têm voz. E, o que precisamos em Moçambique é, os pró- democracias ou simplesmente os democratas se unirem em defesa da democracia e isso não implica necessariamente a criação dum novo partido ou desertar dum para outro, salvo em casos imperativos. Eles (eu também) devem lutar a partir dos partidos a que pertencem. A democratização interna pode ser um meio essencial.
Não penso desde modo que haja dúvidas do nível organizacional da Frelimo. Ela é sim muito organizada. O que discutimos e deve-se discutir é o valor dessa alta organização para o país inteiro. Eu podia dar exemplos que mostram quão organizada ela é e como essa alta organização fere à nossa amada pátria, mas vou apenas dizer que o colonialiasmo português era muito organizado e até efectivo, mas muito nocivo; os nazis eram muito organizados, mas muito nocivos aos direitos do homem.
O problema da Frelimo é que ela usa a sua máxima organização para DESORGANIZAR o Estado moçambicano que é o espaço comum para todos. Desorganiza a economia, o tesouro nacional, o poder judicial, a administração, as eleições, etc. O mesmo é nos partidos da oposição. Nós dizemos que eles são desorganizados, mas isto referimo-nos da falta de organização em prol da democracia, do desenvolvimento do país, da contribuição para o combate ao crime organizado, do combate à corrupção, em suma da fiscalização ao poder da Frelimo. Na essência, estes partidos da oposição estão também muito organizados. Há lá pessoas (nem que sejam três, quatro ou cinco – em suma, em número menor) muito organizadas, e a alta organização é a arma deles para desorganizarem os partidos, desorganizarem toda a oposição. Até uma pergunta podia ser: porquê eles não se preocupam pela organização no sentido que queremos deles? Porquê eles não realizam congressos transparentes? Porquê eles não formam estruturas de base? Porquê eles não criam condições para comunicação com as bases, com eleitorado? Porquê eles se acordam apenas nos períodos eleitorais? A diferença é que a Frelimo tem o Estado como alvo a desorganizar enquanto que os partidos da oposição têm os seus próprios partidos para desorganizar.
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