domingo, maio 20, 2007

“Eu não matei meu pai”

- General de Exercito, Alberto Joaquim Chipande
“Alguns guerrilheiros têm culpa. Eles é que mataram o meu pai, por volta das 18/19 horas, do dia 9 de Dezembro de 1964. Na altura da sua morte, eu estava numa emboscada com Paulo Samuel Kankomba em Chipande, hoje Mueda e até tiveram medo de me informar porque eu era o comandante deles.”
Chipande deu o primeiro tiro, em Chai, no dia 25 de Setembro de 1964 que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional. Três meses depois o seu pai foi morto.
A esse facto surgiu a alegação de que o Comandante Chipande teria abatido o seu progenitor. Mas não foi assim, o General explica ao media-FAX como foi, “quando voltei da Argélia foi o meu pai que me deu forças para continuar a lutar para termos a nossa própria independência. Só que houve um mal entendido por parte de um grupo de guerrilheiros da Frelimo que, nem sequer me consultaram. Eles viam nele (meu pai) um obstáculo, um alvo a abater por ser chefe da povoação. Esqueceram-se que ele, por diversas vezes, tentou sem sucesso abandonar o povoado para se juntar à Frelimo, e que os portugueses estavam de olho nele.
No dia da morte do meu pai eu estava numa emboscada onde era comandante juntamente com o falecido Paulo Samuel Kankomba e só tomei conhecimento dias depois, porque eles tinham medo de me informar já que eu era o chefe deles. Quando me informaram lamentei o sucedido e lhes deixei bem claro, e eles se arrependeram. É verdade que estávamos num estado de guerra e todos queriam libertar a terra do colonialismo. Cada dia que passava, vertia-se muito sangue e nós não podíamos olhar atrás, à frente era o caminho”.

Sou político

O General Chipande revelou ao media mediaFAX que possui acções em algumas empresas onde foi convidado pelos investidores dado o seu bom nome ,”eu não sou empresário, mas sim um político cujo clube é a Frelimo de onde seu Presidente é Guebuza”. O General nega se ter beneficiado do facto de ser político para ser empresário e explica:, “não concordo, sabe quando me torno político? Em 15 de Agosto de 1957, quando pela primeira vez, à convite do Padre Lazáro Kavandame que funda a Associação Algodoeira, ia lá, secretamente, discutirmos política.
“Meu pai teria morrido empresário e a família queria que eu tomasse conta dos destinos dos seus empreendimentos que se resumiam em duas lojas e dois camiões e eu não aceitei porque queria ver o meu país independente”.
Alberto Joaquim Chipande, de seu nome completo, nasceu a 10 de Outubro de 1939 no povoado de Chipande, onde seu pai era chefe.
Em 1947, foi baptizado e em 1950 foi levado para o internato, Missão de Santa Terezinha do Menino Jesus Imbuho, e em 1953 fez a 3ª classe elementar e rudimentar para em 1956 terminar a 4ª classe, depois, foi proibido continuar os estudos, porque aos negros o regime impunha limitações.
O primeiro emprego de General Chipande foi de professor, com um salário base de 50 escudos, que só davam para comprar uma calça e uma camisa.
O despertar político do General também se deveu às audições das Rádios Independentes de Tanganika, do Sudão e Gana, em Suahile .
O longo percurso do patriota e combatente pela independência, General Alberto Chipande não fica completo aqui é longo e profundo.
(M. S e Redacção) – MEDIA FAX – 15.05.2007


Nota: Retirado do
Macua de Mocambique

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