Dias antes do seu baleamento, recorde-se, Gilles Cistac disse em exclusivo
ao SAVANA, naquela que foi a sua última entrevista na vida, que ia avan- çar
com uma queixa sobre aqueles que, ao invés de discutir suas ideias,
assassinavam a sua personalidade na opinião pública, chegando ao extremo de
apelar ao ódio de base racista contra o professor franco-moçambicano.
Os mestres dessa empreitada foram pseudo-analistas acorrentados ao Governo,
num letal grupo conhecido por G40 da “escola frelimista”, cuja missão é cantar
vivas ao executivo e ridicularizar qualquer ideia diferente, sobretudo, vindas
da oposição ou que a ela alinhem.
Na entrevista desta semana, perguntamos ao porta-voz da procuradoria da
cidade sobre o ponto de situação da denúncia submetida pessoalmente pelo
professor Cistac, naqueles que foram os seus últimos dias de vida.
Vilanculo respondeu que o processo está parado por se tratar de um crime
qualificado como particular, no qual o MP tem um papel subalterno “Nos crimes
particulares, o Ministério Público só pode introduzir o processo em Tribunal
para pedir julgamento, se o próprio ofendido for o primeiro a acusar.
Neste caso, sucedeu que o professor Cistac veio a ser assassinado quando o
processo ainda estava numa fase de recolha de provas, e tendo ele morrido,
sendo a parte principal, o Ministério Público não pode fazer nada”, explica o
procurador que acrescenta, contudo, que com a morte a procuradoria solicitou a
família do malogrado para assumir a posição processual que Gilles Cistac
detinha no processo.
Prossegue o entrevistado, afirmando: “o que nós sabíamos é que tinha uma
família em Maputo, mas com a sua morte, passou a viver na França” por isso,
“expedimos uma carta rogatória dirigida ao Governo francês para que possa
localizar os seus familiares e instá-los da possibilidade deles assumir a
posição que o malogrado detinha no processo que é para dessa maneira activar a
legitimidade de o Ministério Público poder fazer o acompanhamento”. Diz que
ainda não há resposta alguma vinda do governo de François Hollande.
Mais ainda, o SAVANA soube que depois da morte, jornalistas e juristas afi-
lhados ao G40 teriam sido chamados a prestar declarações na procuradoria sobre
os “ataques” por si infringidos contra a personalidade do professor. Sobre o
assunto, o porta-voz também não dá detalhes, reconhecendo apenas que “foram
várias pessoas abordadas dentro do processo, mas neste momento não posso entrar
em detalhes para dizer que fulano e sicrano foram as pessoas chamadas para
prestar declarações. Houve de facto algumas pessoas que foram interpeladas e
abordadas sobre o assunto”.
Ler mais no semanário SAVANA, edição nr. 1156
Fonte. SAVANA – 04.03.2016
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