sábado, março 05, 2016

Um ano de assassinato de Gilles Cistac: Queixa morta

Dias antes do seu baleamento, recorde-se, Gilles Cistac disse em exclusivo ao SAVANA, naquela que foi a sua última entrevista na vida, que ia avan- çar com uma queixa sobre aqueles que, ao invés de discutir suas ideias, assassinavam a sua personalidade na opinião pública, chegando ao extremo de apelar ao ódio de base racista contra o professor franco-moçambicano.

Os mestres dessa empreitada foram pseudo-analistas acorrentados ao Governo, num letal grupo conhecido por G40 da “escola frelimista”, cuja missão é cantar vivas ao executivo e ridicularizar qualquer ideia diferente, sobretudo, vindas da oposição ou que a ela alinhem.

Na entrevista desta semana, perguntamos ao porta-voz da procuradoria da cidade sobre o ponto de situação da denúncia submetida pessoalmente pelo professor Cistac, naqueles que foram os seus últimos dias de vida.


Vilanculo respondeu que o processo está parado por se tratar de um crime qualificado como particular, no qual o MP tem um papel subalterno “Nos crimes particulares, o Ministério Público só pode introduzir o processo em Tribunal para pedir julgamento, se o próprio ofendido for o primeiro a acusar.

Neste caso, sucedeu que o professor Cistac veio a ser assassinado quando o processo ainda estava numa fase de recolha de provas, e tendo ele morrido, sendo a parte principal, o Ministério Público não pode fazer nada”, explica o procurador que acrescenta, contudo, que com a morte a procuradoria solicitou a família do malogrado para assumir a posição processual que Gilles Cistac detinha no processo.

Prossegue o entrevistado, afirmando: “o que nós sabíamos é que tinha uma família em Maputo, mas com a sua morte, passou a viver na França” por isso, “expedimos uma carta rogatória dirigida ao Governo francês para que possa localizar os seus familiares e instá-los da possibilidade deles assumir a posição que o malogrado detinha no processo que é para dessa maneira activar a legitimidade de o Ministério Público poder fazer o acompanhamento”. Diz que ainda não há resposta alguma vinda do governo de François Hollande.

Mais ainda, o SAVANA soube que depois da morte, jornalistas e juristas afi- lhados ao G40 teriam sido chamados a prestar declarações na procuradoria sobre os “ataques” por si infringidos contra a personalidade do professor. Sobre o assunto, o porta-voz também não dá detalhes, reconhecendo apenas que “foram várias pessoas abordadas dentro do processo, mas neste momento não posso entrar em detalhes para dizer que fulano e sicrano foram as pessoas chamadas para prestar declarações. Houve de facto algumas pessoas que foram interpeladas e abordadas sobre o assunto”.

Ler mais no semanário SAVANA, edição nr. 1156


Fonte. SAVANA – 04.03.2016

Sem comentários: