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domingo, março 24, 2013

“Não precisamos de um patrão estrangeiro”

Armando Guebuza diz no seu discurso de encerramento do CC que alguns “moçambicanos se sentem carentes de um patrão estrangeiro”, mas “é  preciso que nós demonstremos que já estamos livres e independentes”.

O capítulo fundamental do discurso de encerramento de Guebuza foi o diálogo, mas o presidente da Frelimo não podia terminar sem dizer uma das suas máximas e criticar os que têm uma visão diferente e até antagónica.  Desta vez foi para os críticos ao empresariado nacional e ao surgimento de “patrões” muitas vezes associados ao poder político.

A estes críticos, Guebuza tem uma palavra: a todos os que “se sentem carentes de patrão, um patrão que deve ser necessariamente estrangeiro, nós já somos um Moçambique livre e independente, um país cujo patrão é o maravilhoso povo moçambicano. Repetimos, nós não precisamos de um patrão estrangeiro.”

Se por um lado, Guebuza exalta o heroismo da conquista da pátria das mãos do colonialista português, por outro, defende que é importante que haja “patrões” em Moçambique e que esses sejam moçambicanos e não estrangeiros. Quem se opõem a isso, com certeza, sente-se melhor governado por estrangeiros ou trabalhando para estes.

Guebuza falava ontem na Escola Central do Partido Frelimo, na Matola, por ocasião do encerramento da II Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo.

Fonte: O País online - 25.03.2013

quinta-feira, dezembro 06, 2012

Guebuza denuncia "agitadores profissionais"

O Presidente Armando Guebuza lançou ontem duras críticas contra aqueles a quem chamou de agitadores profissionais que agindo de má-fé, e em nome da amizade para com os pobres, estão a semear um ambiente de intriga entre os moçambicanos, alegando que apenas algumas pessoas é que beneficiam dos recursos naturais e da riqueza.
O Chefe do Estado falava, na Matola, província de Maputo, na abertura do VI Congresso da Organização dos Trabalhadores de Moçambique que decorre até amanhã.

quinta-feira, setembro 16, 2010

Camponeses preguiçosos

Espinhos da Micaia

Por Fernando Lima

Não há muitos anos, hora de trabalho nos bairros periféricos era sinónimo de ruas desertas. Mas tudo mudou. Ociosidade e desemprego não diferenciam o movimento a qualquer hora do dia nas vielas poeirentas do subúrbio, espaço partilhado por montanhas de lixo e barracas coloridas com a música aos berros.
Era aqui que o presidente deveria ter feito o discurso dos preguiçosos, dos que levantam de manhã e já estão cansados, os que encostam debaixo da árvore ou na sombra da barraca.
Mas não foi. Foi na Zambézia, a província que já foi a mais rica do país. Pelas culturas de rendimento, pela agro-indústria, pela riqueza criada pelo trabalho assalariado. Pelo consumo de “whiskie” que era o mais elevado na província ultramarina. Pelo meio veio o dilúvio da guerra e os assalariados de outrora são os desempregados de hoje. Os filhos deles, que até foram à escola, gostariam de ter trabalho, mas nunca tiveram emprego.
Isso não é sinónimo de preguiça.
O sector familiar, o que o Estado assobia para o ar e faz que não vê, debitou colheitas recorde nos últimos dois anos. Num qualquer boteco mexicano as “quezadillas” são agora preparadas com milho “made in Mozambique” dos zambezianos, mas também dos camponses de Nampula e do Niassa.
Os tais preguiçosos mandam o seu milho – sem ficha de exportação registada pelos burocratas das estatísticas – para o Malawi. Umas vezes para matar a fome, outras vezes para alimentar as agro-indústrias rudimentares que os malawianos desenvolveram junto à longa fronteira que separa os dois países. Outras vezes ainda para fazer subir e baixar preços, especulação. Mesmo assim, é melhor exportar que ler notícias de cereais apodrecidos patrioticamente nos armazéns de Tete.
Os tais preguiçosos vendem o milho que as Nações Unidas utilizam para matar a fome aos súbditos do sr. Robert Mugabe, o regime que hipocritamente continua a ser apoiado pelos regimes da região.
Os preguiçosos da Zambézia poderiam matar a fome aos seus conterrâneos de Inhambane, de Gaza e Maputo, onde há bolsas de fome cíclicas. Só que os camponeses não podem substituir-se à rede de segurança alimentar, do mesmo modo que camionistas e comerciantes não se substituem ao instituto das calamidades, subsidiando o preço dos combustíveis e meios de transporte entre o Norte e o Sul.
Os preguiçosos da Zambézia têm um exército de bicicletas que compraram com o seu suor, que trocaram por milho, gergelim, feijão bóer. A bicicleta na Zambézia não é bicicleta, é camião. Podem baixar os vidros fumados dos 4x4 e ver os volumes incríveis que são empoleirados no veículo de duas rodas. Porque quase não há “chapa” entre Mocuba e Mugeba, entre Megaza e a Murrumbala, entre Chimuara e Mopeia, entre Mocubela e Pebane.
São os zambezianos que são força de trabalho em Marromeu e nas “farmas” dos zimbabweanos em Manica. Pelos melhores e piores motivos são os condutores e cobradores de “chapa” em Maputo, são vendedores ambulantes e empreendedores de “dumba-nengue”.
O problema não é a preguiça senão teremos que recuperar os velhos manuais sobre as técnicas do chibalo e o “imposto de palhota”, a porta de entrada para a salarização ou monetarização dos que teimavam em manter-se à margem da economia da modernidade trazida pelo colono.
O pessoal do campo precisa de estrutura e rede para produzir. Precisa de saber que o que produz é comprado, que pode produzir para comer em primeiro lugar e que pode cultivar também para o rendimento: gergelim, algodão, tabaco. O camponês precisa de ser sustentado pelo mercado e não pela subsistência que o transforma no elo mais fraco do ciclo de produção.
Que lhe dá o ferrete de preguiçoso.

Fonte: SAVANA - 27.04.2007, in Mocambique para todos

Reflectindo: Lembrei-me deste texto por um lado, por causa do trigo que está a apodrecer em Manica e por outro devido ao discurso do Presidente Guebuza em que disse:  Falta de hábito ao trabalho perpetua fome no país durante a sua visita na província da Zambézia, em Abril de 2007. De recordar que segundo Gustavo Mavie, o PR Armando Guebuza disse "sem eufemismos, que o que tem perpetuado a fome e a pobreza em Moçambique é a “falta do hábito pelo trabalho”, que tem feito com que haja muitos moçambicanos que “passam a vida a descansar até se cansarem de descansar”.