Por: (Roberto Tibana, 21-10-2016
O homem assinou o seu primeiro comunicado de politica
monetaria. As taxas de juros vão ser ainda mais elevadas (ele bateu o recorde
do aumento em uma só assentada: 600 pontos base - O Gove fez mesmo de miudo!).
E mais dinheiro que os bancos captam dos depositiantes deve ser entregue ao
Banco de Moçambique em vez de ser usado para olear a economia (é isso que
significa coeficientes de reservas obrigatorias mais elevadas). E não se
enganem, que não é para ficar nos cofres da 25 de Setembro. Vai dar meia volta
para aumentar a liquidez que se diz que se pretende enxugar (e uma parte até
pode ser usada par comprar os dolares para pagar a divida extyerna). É o ciclo
vicioso que os manuais não nos ensinam a perceber. E o Banco de Moçambique tem
que sempre fazer os lucors (que partilha 50%-50% com o Ministério das
Finanças).
Em termos técnicos é a dominância do fiscal sobre o
monetario, zelosamente implementada por um ministro de finanças e economia sem
espinha para se levantar e mostrar os cofres vazios aos seus patrões, e que
prefere cavalgar num défice que se espande a cada dia em vez de fazer a coisa
certa que se impõe. Basta ver aonde se realizaram os aumentos e os cortes da
despesa no Orçamento Geral do Estado não-rectificativo e no que vem para 2017.
Cortam as remunerações dos professores, médicos e enfermeiros, mas aumentam as verbas das
mordomias dos ex-chefes de Estado, Ministros e Deputados. Tiram aos produtivos para
aumentar ou manter os gastos com improdutivos. E o sistema financeiro tem aque
acomodar, e servir bem a tarefa de passar os custos ao resto da economia, às
empresas, às famílias dos trabalhadores.
O Ministro Maleano, que quando estava no Banco Central
sofreu as mesmas torturas dos seus antecessores no posto que agora ocupa, até
parece estar a vingar-se! Semanas atrás até deu-se ao luxo de dar os seus
próprios recados sobre o que o Banco de Moçambique devia fazer, e o novo
governador ainda nem tinha assinado o seu primeiro comunicado mensal e política
monetaria! Neste momento ele deve estar a esfreggar as mãos. Ccantou a ladainha
dao aumento da producao para resolver os problemas, como se ele alguma vez
tiovesse produzido algpo lucrativamente com taxas de juros de dois digitos.
Assim o Banco de Moçambique (que por lei deveria ser o
conselheiro economico do Governo) continuará a comportar-se como um
departamento da Autoridade Tributaria de Moçambique: impor-nos e coletar um
imposto de maneira disfarçada (anos atrás expliquei isto muito extensivamente
em varias edicoes do Suplemento Economia e Negocios do Jornal Noticias!), e
facilitar o financiamento do défice fiscal para acomodar uma política
orçamental de despesismo insustentaável.
Mas o Governador Zandamela, um cioso defensor do sistema
financeiro, que se ponha a pau que esta coisa de taxas de juros e coeficientes
de reservas obrigatórias são facas de dois gumes (como certamente ele deve
saber e espero que não se esqueça nunca!). Mais importante ainda, no nosso caso
essas facas estão muito bem afiadas. Com este andar não tardará a emitir mais
uns quantos comunicados semelhantes aquele que atirou cá fora para tratar da
doença do banco que por ter “todos” se julgava imune a crises.
Quanto a mim, não me interessa se é ou não o FMI que
mandou fazer assim, e não me vou cansar de repetir para quem quiser ouvir: é o
fiscal, estúpido!
Sem comentários:
Enviar um comentário