Por Machado da Graça
Chefe de Estado promulgou e mandou publicar
as novas leis do pacote eleitoral, recentemente aprovadas na Assembleia da República,
nomeadamente a que altera a composição da Comissão Nacional de Eleições. E isso
leva-me a algumas interrogações.
A principal delas é saber como se vai
transitar da actual composição para a nova. Será que se vai manter as pessoas
que ocupam os órgãos eleitorais, acrescentando mais elementos, para completar a
nova composição, ou os actuais órgãos vão ser dissolvidos para se criarem outros
completamente de novo?
Na minha modesta opinião, dado que a
filosofia que existe agora é totalmente diferente da anterior, creio que a melhor
solução é a segunda. Mas será que há tempo para isso? E não só tempo. Será que
há outras condições?
O processo que leva às próximas eleições
presidenciais, parlamentares e provinciais, está já em fase adiantada de execução.
Nomeadamente está avançado o recenceamento dos cidadãos eleitores e a educação
cívica do eleitorado. Trabalho a ser feito pelos actuais membros da CNE e do
STAE. Com todos os problemas e desconfianças que o trabalho destes dois órgãos
tem provocado até aqui.
Mas o tempo não pára e, daqui até
Outubro, ele já é muito pouco para todo o trabalho organizacional que permita
umas eleições credíveis em que quem for eleito tenha o real apoio da maioria dos
moçambicanos. Em que ninguém mais possa invocar, para o uso da força armada, o facto
de os actuais dirigentes terem sido, na sua opinião, ilegitimamente eleitos.
Ignoro se existe já um calendário para
a transferência de um sistema para outro e acho um pouco estranho que ninguém
fale disso. Fico com a sensação de que se está a adiar ao máximo a entrada
em funções dos novos órgãos para que
já não haja tempo para pôr em questão as decisões tomadas pelos actuais.
Creio que as várias medidas agora
aprovadas, mesmo as que antes eram consideradas tecnicamente impossíveis (caso
do fornecimento atempado dos cadernos eleitorais) vão tornar os processos
eleitorais mais fidedignos mas, se tudo o mais falhar, a última medida
introduzida por
proposta do MDM, sobre a constituição
das mesas de voto, pode ser o factor determinante.
A ver vamos...
Fonte: SAVANA – 07.03.2014
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