Na senda do diálogo político que se alastra há aproximadamente sete meses, todavia sem resultados, entre a Renamo e Governo, este último anunciou, perante a Imprensa, esta segunda-feira (18), estar já disposto a admitir presença, somente, de facilitadores nacional na mesa de negociação. Estranhamente, esta decisão, pese embora tenha surgido em resposta a uma exigência específica feita pela Renamo, ainda não lhe foi comunicada oficialmente, o que faz com que o diálogo continue interrompido. Está-se, diga-se, perante um contra-censo por parte do Governo, que ainda se fez à sala das habituais reuniões, na expectativa de que a Renamo iria mudar de ideia e estar presente.
“Como Governo, até consideramos a possibilidade de poder contar com a presença de observadores nacionais. Não queremos interferência de estrangeiros em assuntos domésticos em que temos muito orgulho de tratá-los como moçambicanos”, disse o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, acrescentando que “se a Renamo nos trouxer uma proposta concreta, até poderá haver espaço para a presença de observadores nacionais.”
Entretanto, o curioso nesta decisão "relâmpago" do Governo moçambicano é que a mesma não foi comunicada à Renamo, principal interessado e parceiro do diálogo, facto que cria dúvidas em relação à verdadeira intenção do Executivo.
Nesta segunda-feira, a delegação governamental compareceu a local do diálogo, no Centro de Conferência Joaquim Chissano, para mais uma ronda negocial. A Renamo, que já havia imposto a sua condição para a retomada do diálogo que não acontece desde 14 de Outubro passado, não compareceu e mais tarde, em conferência de Imprensa, na sua sede, em Maputo, disse estar à espera da resposta do Governo em relação à questão da presença de facilitadores nas negociações.
O chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, quando confrontado com a nova posição do Governo em relação à essa matéria disse que a mesma ainda não foi comunicada ao seu partido. “O Governo deve, primeiro, aceitar o princípio da presença de facilitadores, só assim nós iremos à sede do diálogo. Se a resposta vier agora, hoje mesmo podemos retomar o diálogo."
Por outro lado, o Governo entende que a Renamo deve, primeiro, se fazer presente no local do diálogo para que as partes possam discutir as propostas de possíveis facilitadores a serem admitidos.
Mas a delegação do partido de Afonso Dhlakama, este em parte incerta desde a tomada da sua base em Santundjira, a 21 de Outubro último, já anunciou no passado que para facilitadores nacionais deviam ser convocados o académico Lourenço do Rosário e o Bispo Dinis Sengulane.
Mesmo assim, Renamo admite que há espaço para que a contra parte apresente suas propostas. Entretanto, outro nó de estrangulamento permanece neste “teatro político”. É que enquanto a Renamo exige a presença de facilitadores nacionais e observadores internacionais, o Governo diz que apenas deverá permitir a participação dos primeiros.
“A presença de mediadores e observadores internacionais é indispensável para o reinício das negociações na mesa entre a Renamo e o Governo”, aponta a carta endereçada ao Governo pela delegação da Renamo.
Fonte: @Verdade - 18.11.2013
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