Maputo, 03 out (Lusa) - O 20.º aniversário do Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil em Moçambique, vai ser comemorado em separado pelo Governo e pela Renamo, os protagonistas que rubricaram o pacto em 1992.
Na quinta-feira, 04 de outubro, quando se completam 20 anos sobre a assinatura, em Roma, do acordo, as cerimónias centrais serão dirigidas pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, na Praça da Paz, na capital do país, Maputo, enquanto o líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, irá reunir os seus militantes na cidade de Quelimane, na província da Zambézia, no centro de Moçambique.
O líder do então movimento rebelde Afonso Dhlakama, que, de resto, tem primado pela ausência nestas cerimónias, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de transformar o ato em evento de cariz partidário, foi quem assinou o acordo de paz, na capital italiana, Roma, com o então Presidente moçambicano, Joaquim Chissano.
Até quinta-feira, Afonso Dhlakama vai orientar, em Quelimane, uma reunião de dois dias da comissão política da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que deverá homologar a ameaça da não realização de eleições autárquicas do próximo ano, caso o país não aprove uma nova lei que torne o processo eleitoral transparente.
Afonso Dhlakama avisou que "vai haver problema sério" caso algum partido político insista em participar no escrutínio.
Ainda no âmbito da comemoração dos 20 anos de paz, hoje vai estrear-se o filme "Caminhos da Paz", um documentário feito por cineastas e participantes que através de retratos procuram dar o testemunho deste período importante de história de Moçambique.
"Esta paz é também uma responsabilidade que nos chama a mudar", adverte, entretanto, em comunicado, a Comunidade de Sant`Egídio, um dos mediadores do acordo paz.
"Cada 04 de outubro, e a cada dia, a nossa própria história nos indica um caminho melhor. Se há 20 anos os moçambicanos foram capazes de parar com a violência da guerra, hoje são chamados - somos chamados - a construir uma sociedade mais humana, onde não se pague o mal com o mal, onde o sentimento de desprezo para com o mendigo, o idoso, o estrangeiro, deixe espaço a uma cultura de acolhimento e de solidariedade", assinala a mesma nota.
Fonte: Lusa in Notícias Sapo – 03.10.2012
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