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domingo, junho 29, 2008

Elites sufocam académicos

Parece mentira mas é uma constatação. 33 anos depois da Independência Nacional, a 25 de Junho de 1975, o que era impensável para muitos é uma realidade evidente a olho nu: as elites sufocam os académicos; razão pela qual, está em vista para os próximos dias, a realização de um encontro entre os representantes de várias instituições públicas para debater o medo que paira entre os estudantes do Instituto Superior de Administração Pública (ISAP) que, quando solicitados pela direcção daquele estabelecimento do ensino, a divulgarem publicamente os melhores trabalhos de pesquisa académica, recusam com receio de represálias por parte das respectivas chefias, de acordo com dados revelados na segunda-feira, numa palestra, sobre a contribuição da Formação em Administração Pública para a profissionalização e melhoria do desempenho da Função Pública.

No decurso das actividades da comemoração do 23 de Junho, "Dia Africano da Função Pública", este ano celebrado sob o lema: "Por uma Função Pública Orientada para Resultados", Agostinho Manganhele, docente e coordenador do módulo Moçambique: História, Políticas e Cultura, no ISAP, afirmou, na apresentação de apenas três melhores trabalhos de pesquisa académica, das tantas dezenas que se têm vindo a solicitar desde ano passado, que "os estudantes que possuem os melhores trabalhos de pesquisa e realizados nos seus locais de trabalho, quando solicitados pela direcção do ISAP a autorização para a publicação, recusam alegando represálias por parte das respectivas chefias".

Contudo, Almiro Lobo, director do ISAP, corroborando com seu colega docente, afirmou que "aqueles trabalhos, no âmbito da Reforma do Sector Público, em curso e já na sua 2ª fase, ajudam a avaliar o nível de implementação da mesma. Portanto, a direcção do ISAP, em respeito aos direitos do autor, continua a exortar os estudantes, a autorizarem a publicação da pesquisa, nem que fosse sob condição de anonimato pois, possuem ainda a dimensão de avaliar os desafios e mudanças do Aparelho do Estado", sublinhou e avançando que "deverá-se programar um encontro com os representantes das instituições públicas para se dissipar as referidas ameaças".

Entretanto, Agostinho Manganhele, docente do módulo Moçambique: História, Políticas e Cultura, mesmo assim, apresentou um trabalho de pesquisa académica, denominado em Redes Sociais: recrutamentos dos funcionários públicos: o caso do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS, no qual, o estudante Artur Pedro Massango, faz a abordagem da problemática que ancora na preocupação das elites, controladores do Estado e das instituições públicas que, tudo fazem para reforçar as suas redes de clientelismo, procurando resistir à mudanças, sobretudo, na contratação de novos quadros.

Como estratégias, segundo explica o trabalho de Massango, citado pelo seu professor: "os recrutados para as instituições que estas elites dirigem, são no geral membros das suas redes sociais e/ou parentes e, porque a maior parte destes indivíduos, mostram-se incompetentes, com qualificações académicas duvidosas, o Instituto Nacional de Segurança Social afigura-se na rede de instituições que funcionam mal".

O brilhante estudante, na óptica dos seus mestres, constatou que este funcionamento das instituições públicas no geral e do INSS em particular, "é a razão dos graves problemas que administração pública enfrenta no seu todo pois, no caso do INSS, a maior parte destes indivíduos se mostram incompetentes, com qualificações académicas duvidosas, fazem com que esta instituição, sub tutela do Ministério do Trabalho(MITRAB), se afigura em suma na rede do mau funcionalismo do Aparelho do Estado, uma prática que pode ser também encontrada em várias áreas do funcionamento do Estado moçambicano, entanto que uma entidade.

LICHINGA

Outro exemplo é da estudante proveniente da província nortenha do Niassa, Natércia Macuácua que traz uma abordagem com enfoque nos factores culturais. A base para esta
discussão, se acomoda fundamentalmente na problemática ligada à manipulação de etnicidade pelas elites gestoras do poder e não só, a autora enfatiza, igualmente, questões de género, referindo-se à exclusão da mulher nos centros de decisão.

"Trata-se duma profunda reflexão marcada pelas relações de poder, ancorada nas questões culturais e exacerbada pela operacionalização de redes étnicas na distribuição e redistribuição de poderes e também a manutenção da governação tradicional", diz a autora.

Por seu turno, Ernesto Muianga, ligando à problemática do género em experiências e Vivências de uma Visão Política e Estratégias de Alfabetização de Adultos em Moçambique:

"A mulher no contexto de Mudanças", procurou discutir as estratégias do Estado na promoção da mulher e sua participação no processo de desenvolvimento nas comunidades rurais.

Nesta discussão, Ernesto Muianga faz uma análise crítica à educação tradicional, sobretudo, no que diz respeito às questões de endoculturação e o autor procura, na sua reflexão, desconstruir o processo que vinca as relações de subordinação e de obediência por parte das mulheres; um processo, conforme a sua opinião que impõe a exclusão da rapariga no acesso ao ensino, para perpetuar a dominação masculina.

(Aurélio Muianga)

VERTICAL – 27.06.2008

quinta-feira, junho 26, 2008

INTERVENÇÃO - Quem tem telhado de vidro?

Por José Machado

A CRISE do Zimbabwe parece ter atingido o ponto de ruptura e de grande periculosidade. A retirada de Morgan Tsvangirai da disputa da eleição presidencial e a recusa das autoridades em suspender o acto previsto para hoje faz-nos desenhar vários cenários do futuro do país.

As consequências dessa crise, como se sabe caem também sobre todos os vizinhos do Zimbabwe, mas, paradoxalmente, desde o início do problema, pouco se viu da acção dos líderes regionais para debelar o problema.

Assentes na política da não-ingerência, os líderes da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento de África Austral) adoptaram ao que chamam de "diplomacia silenciosa", que resultou, na prática, no arrastamento do problema até o actual estágio.

É ponto aceite, em muitos meios diplomáticos, que Moçambique e África do Sul (e também Angola) teriam (têm) força para fazer "vergar" Mugabe. Porém, quer um quer outro, têm, pelo menos publicamente, assumido posições de compadre. Aliás, num cínico puritanismo político, o chefe de Estado sul-africano, Thabo Mbeki, mesmo na qualidade de mediador, sempre se recusou a empregar o termo de crise para qualificar a situação zimbabweana.

A crise entra hoje, caso se realize a eleição, numa nova e perigosa etapa. Porém, a preocupação imediata que se põe, não é tanto com os vários futuros por que o Zimbabwe pode seguir após a votação, mas a legitimidade do já definido vencedor. Com a retirada do seu adversário, Robert Mugabe poderia ser proclamado automaticamente eleito. O regime quer, no entanto, as urnas para uma auto-sustentação moral dessa validade política.

Mas tal legitimidade assenta sobre uma base de valores antidemocráticos. A violência contra partidários da oposição e, mais grave, as declarações das chefias das forças de segurança segundo as quais não aceitariam outro vencedor que não Mugabe e a afirmação deste, a 12 de Junho, de que os veteranos de guerra (seus correligionários) pegariam em armas caso ele perdesse, são razões suficientes para levar qualquer um a desistir.

A SADC pediu quarta-feira o adiamento da eleição. Se Harare avançar com o escrutínio será tempo da organização regional assumir uma postura de firmeza.

Recentemente, alguns dos seus membros - Angola, Botswana, Suazilândia, Zâmbia - afirmaram ser altura da SADC "mostrar os dentes". Em nossa opinião, uma maneira de mostrar esses dentes é questionar a validade da eleição de Mugabe.

A Grã-Bretanha e EUA apelaram ao não reconhecimento do novo velho regime. Mas apesar de todo o seu poder económico-financeiro, o Ocidente tem poucos meios de pressão sobre Mugabe. O peso da responsabilidade para a resolução da crise cai sobre a UA e a SADC em particular.

O apelo para a não aceitação do regime de Harare, deve ser assumido por todos membros da SADC e, consequentemente, pela União Africana, não como resposta ao chamado de Londres ou de Washington, mas como assumpção das suas responsabilidade para garantir a estabilidade regional.

O que queremos dizer que é caso se realize a eleição, o Zimbabwe deve ser suspenso quer da SADC quer da UA, até que se encontre uma plataforma para a estabilização do país.

Não é a hostilização ou a diabolização do regime de Harare que defendemos, mas simplesmente que cada Estado-membro seja coerente com os princípios democráticos que adoptou ante o seu povo e o mundo. Ou será que todos têm telhados de vidro?

Fonte: Jornal Notícias online

A atitude de Thabo Mbeki nesta questão do Zimbábuè

MARCO DO CORREIO

Por Machado da Graça

Olá amigo Justino
Como vai essa vida? Eu e a minha família estamos bem, felizmente.
Estou-te a escrever hoje por causa daquela conversa que tivemos, há pouco tempo, a respeito da atitude de Thabo Mbeki nesta questão do Zimbábuè.
A dúvida que os dois tínhamos sobre a razão de o Presidente da África do Sul não ser capaz de se impor perante um Robert Mugabe prepotente e arrogante, apesar de Thabo representar a maior potência da região e Mugabe ser o dirigente de um país arruinado por ele próprio.
Ora acabo de ler uma história, incluída numa recente biografia de Thabo Mbeki, escrita por Mark Gevisser e intitulada “The Dream Deferred” e citada pelo jornalista brasileiro Fábio Zanini:
Nos anos 80, auge do apartheid sul-africano, Mbeki vivia exilado em Lusaka, na Zâmbia. Um dia de manhã, sua mulher acorda, olha para o lado e não o vê deitado a seu lado. Entra em pânico, imaginando que o marido havia sido mais uma das incontáveis vítimas de assassinos que o regime racista sul-africano contratava.
Ela então começa a disparar telefonemas. E um deles vai para Mugabe, que já naquela época conhecia Mbeki. O Presidente do Zimbábuè por sua vez põe todo seu aparato de segurança e inteligência à procura do sul-africano.
Algumas horas depois, Mbeki aparece em casa, com cara de ressaca. No frescor de seus 40 anos de idade, havia ido a uma festa de diplomatas suecos, bebeu demais e desmaiou no sofá, como se fosse um adolescente.
Envergonhado, ele passa a evitar encontrar Mugabe. Mas alguns meses depois, num evento na Etiópia, os dois se cruzam. O zimbabueano, duas décadas mais velho, vai directo passando um pito: “Meu jovem, você faça o favor de me avisar da próxima vez que for dormir fora de casa!”.
Talvez esta estória ajude mais a perceber a razão pela qual Mbeki ainda não deu um bom berro a Mugabe do que todos os tratados de política e diplomacia juntos.
Todos estes dirigentes dos movimentos de libertação, transformados em estadistas, se conhecem muito bem uns aos outros, os seus lados positivos e os negativos.
Se um deles começa a contar as estórias dos outros o lavar de roupa suja não termina nunca mais.
E o problema é que, por causa de pecados da juventude dos líderes agora sofrem milhões de cidadãos dos seus países.
O que não é nada de novo na História do mundo.
Só que parece que agora está a acontecer aqui mesmo ao lado.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ - 26.06.2008

Marcha em apoio ao Povo do Zimbabwe

Organizada pelo Centro de Estudos Mocambicanos (CEMO) e a Liga dos Direitos Humanos (LDH) realiza-se amanhã uma manifestacão em apoio ao povo do Zimbabwe.

Finalmente, a postura que tanto esperei.

terça-feira, junho 24, 2008

Qual é o conteúdo da mensagem de Thabo Mbeki?

Retirado na sua íntegra do Jornal Notícias online

Eleições zimbabweanas : Mwanawasa pede adiamento

O PRESIDENTE em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e Chefe do Estado zambiano, Levy Mwanawasa, pediu domingo, em Lusaka, o adiamento da segunda volta das eleições presidenciais prevista para 27 de Junho no Zimbabwe.

Maputo, Terça-Feira, 24 de Junho de 2008:: Notícias

Falando na qualidade de presidente da SADC, Mwanawasa declarou que a situação política actual não permitia a realização dum escrutínio livre e equitativo, considerando que a organização duma eleição neste contexto "embaraçaria a SADC e África".

"As eleições devem ser adiadas para criar as condições favoráveis à organização dum verdadeiro escrutínio, livre e equitativo e em conformidade com as leis zimbabweanas e os princípios da SADC", disse.

"Isso tornou-se tão necessário após o anúncio da retirada dum dos candidatos. Não se deve ter vergonha de adiar as eleições", acrescentou o Presidente Mwanawasa durante uma conferência de Imprensa. Adiantou que a situação política no Zimbabwe desrespeitou as directivas da SADC, sublinhando que a organização duma eleição livre e equitativa não seria julgada no dia do escrutínio.

"Exorto as partes em causa no Zimbabwe a tomar medidas para evitar a escalada da violência", acrescentou.

O Presidente zambiano explicou que tentou, nos últimos cinco dias, entrar em contacto com os chefes de Estado dos 14 países da SADC para a aprovação da sua proposta de adiamento das eleições no Zimbabwe, mas apenas conseguiu discutir com quatro deles.

Deplorou a ausência de diálogo com o Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, medianeiro da SADC, que se encontrou em Harare com o seu homólogo zimbabweano, Robert Mugabe, na semana passada.

"Estou decepcionado enquanto presidente da SADC que se recusem a dar-me informações e apenas contei com relatórios feitos com base em informações recolhidas no Zimbabwe e fornecidas pela Imprensa", afirmou.

"Contactei por telefone o Presidente Mbeki (sábado), mas disseram-me que ele estava em reunião e prometeu ligar-me mais tarde, o que não foi feito. Liguei novamente e disseram-me que ele continua em reunião", contou o Presidente Mwanawasa.

Vítima da xenofobia ou parte da culpa da xenofobia

A notícia abaixo a qual reproduzo na sua íntegra é interessante.

Vítimas de Xenofobia com armas de fogo
DOIS moçambicanos que recentemente regressaram ao país em consequência da violência xenófoba na vizinha África do Sul encontram-se detidos no Comando da Policia (PRM) da cidade de Maputo, por posse ilegal de armas de fogo.

Um deles, de nome Isac Dinis, foi encontrado no Posto de Controlo da Polícia de Michafutene, em Maputo, na posse de duas armas do tipo AK-47 e uma pistola guardadas no interior de uma viatura com matrícula sul-africana.
Dinis seguia na viatura na companhia de outros quatro ocupantes, que desapareceram no local da detenção.
“Eu não conheço aquelas pessoas que vinham comigo. Eu só pedi boleia em Ressano Garcia e, quando chegámos ao Posto da Polícia, fugiram e me deixaram com o carro”, justificou-se Dinis.
Isac Dinis, que nem sequer possui passaporte, diz ter decidido pedir boleia e o seu destino era a cidade do Chókwé, província de Gaza, onde fica a sua residência. Disse que os outros ocupantes da viatura tinham como destino a cidade de Xai-Xai.
Abel Mondlane, porta-voz da PRM a nível da cidade de Maputo, disse ontem à Imprensa que as três armas de fogo são provenientes da África do Sul e a sua circulação em Moçambique é ilegal.

A outra vítima de xenofobia apanhada com uma arma de fogo ilegal é Ernesto Chapchi, residente no bairro de Magoanine, em Maputo, onde há dias se envolveu numa acesa
briga com um grupo de pessoas num bar local.

A Polícia conta que, depois de iniciada a discussão, o jovem, já embriagado, terá ido para casa buscar a arma para se “defender”.

Contrariamente a Isac Dinis, Ernesto Chapchi diz ter apanhado a sua pistola escondida algures na machamba da sua avó, residente no distrito da Moamba, por onde passou quando regressava da África do Sul, fugindo dos ataques xenófobos.

Chapchi conta ter levado a arma de fogo e a arrumado num saco contendo mandioca.
Investigações policiais realizadas no bairro Magoanine indicam que o jovem Chapchi e os dois comparsas com quem está detido são indivíduos perigosos.

Além das vítimas de xenofobia, no Comando da PRM na cidade de Maputo encontra-se também um grupo de duas pessoas encontradas na posse de duas armas de fogo quando tentavam tomar um táxi algures no bairro do Alto Maé.

O grupo era constituído por três pessoas, mas uma delas fugiu. Um dos indivíduos capturados foi alvejado gravemente nas pernas quando tentava fugir, tendo uma das suas pernas sido amputada.

O indivíduo ora com a perna amputada, identificado pelo nome de Alfredo Zequias ou simplesmente “Fedinho”, confessa que as armas “eram dele”.

“São armas de um falecido amigo que as deixou comigo. Eu guardo-as em casa, mas às vezes levo-as quando vou àfesta ou passear”, disse ele, acrescentando que o seu amigo foi baleado pela Polícia.

A Polícia acredita que uma das armas apanhadas com o “Fedinho” foi roubada a um oficial sénior da corporação.

Já na semana passada, a PRM recuperou outras cinco armas de fogo e 44 munições que estavam sendo usadas ilegalmente.

Retirado do Jornal Notícias online

A pergunta é se estes devem ser considerados vítimas da xenofobia ou são parte da culpa da xenofobia. Não será que estes nao se dedicavam a actividades criminosas na Africa do Sul? Da mesma maneira que analisamos quando cidadãos quenianos foram apanhados com armas em Moçambique deviamos analisar quando nossos compatriotas o fazem.

segunda-feira, junho 23, 2008

Reacções sobre a desistência de Morgan Tsvangirai à 2a volta

O mundo está reagindo quanto ao anúncio do líder do MDC da sua desistência à 2a volta das eleições presidenciais no Zimbabwe.

Segundo AFP o Presidente sul-africano quer negociações entre líderes do Zimbábwe. Isto já dá para recordarmos que Armando Guebuza e José Eduardo dos Santos havia vetado há meses.

BBC Brasil ou o Global online diz que África enfrenta um dilema com a desistência da oposição no Zimbabwe. Mais reacções internas leia aqui.

O Público de Portugal escreve que o governo pede à oposição que não se retire da corrida presidencial isto enquanto a a União Africana se manifesta gravemente inquieta

ZimOline reporta que Morgan Tsvangirai se refugiu na embaixada holandesa devido à acção policial contra a sede do MDC.


Fontes:


Global online

Global online

O Público

ZimOnline

domingo, junho 22, 2008

Partidos de antigos combatentes formam coligação

Segundo a TVM online, foi criada a 20 do corrente mês, uma coligação de quatro partidos, a qual é denominada por Aliança Democrática de Antigos Combatentes para o Desenvolvimento (ADACD). Eis a notícia da TVM na sua íntegra e sem correcção:


CRIADA ALIANÇA DEMOCRÁTRICA DE ANTIGOS COMBATENTES
2008/06/20 - 15:25

Uma coligação de quatro partidos faz nascer na cidade de Maputo a Aliança Democrática de Antigos Combatentes para o Desenvolvimento, ADACD.

Esta união de forças pretende concorrer nos próximos tr^ªes pleitos eleitorais, privilegiando as assembleias municipais, princiais e da República. Para as sidenciais a ADACD vai apoiar os candidatos do partido FRELIMO.

Fonte: TVM

sábado, junho 21, 2008

Erros que se deviam evitar numa reportagem

Para além da estima que tenho para com a personagem desta reportagem, a sua publicação neste blogue serve para dar atenção aos jornalistas em terem que ser muito cuidados aos factos sob risco de nunca os acreditarmos. Eis a notícia na íntegra:

ESCRITOR PREPARA LIVRO SOBRE PRÁTICAS FUNERÁRIAS

Depois de lançar “O que dizem certos animais”
Alberto Viegas, autor do livro “O que Dizem Certos Animais”, está à procura de patrocínio para a edição de nova obra, intitulada “Práticas Funerárias”, na qual abre espaço para uma reflexão sobre os procedimentos de certas comunidades à volta dos funerais.

Nessa obra, o escritor questiona o uso do luto, bem como aquilo que considera de “despesas exageradas” efectuadas pelas famílias enlutadas para animar o ambiente durante as cerimonias fúnebres. Será por sermos negros que a roupa de cor preta nos identifica com a tristeza?!. Questiona-se Viegas, anotando que quando alguém perde um ente querido, depois do enterro as pessoas ficam três dias a cantar, a comer, a beber, e a família enlutada tem de fazer mais despesas. Isso é correcto?

Alberto Viegas remete os académicos a uma profunda reflexão sobre estas práticas para que a população se aperceba das suas consequências negativas.

O nosso entrevistado disse ter escrito, igualmente, alguns episódios sobre a história da província de Nampula que, entretanto, não foram editados, por alegada falta de fundos.
Segundo a fonte, a história retrata várias cenas do distrito de Mossuril (onde esteve cerca de 25 anos como professor primário) e de Mogovolas.

Por exemplo, à minha chegada ao Mossuril, em 1950, conheci a mulher de Neutel de Abreu, que era conhecido na região, por Mahoho, e cuja estátua se encontra patente no Museu Militar. Na altura, também residiam ali outros oficiais militares que haviam participado na batalha de ocupação do território moçambicano.

Alberto Viegas realçou os apoios do Banco de Moçambique (BM) e da Universidade Lúrio (UNILÚRIO), que tornaram possível a publicação deste seu segundo livro, que contém, maioritariamente, histórias de animais.

A cerimónia do lançamento de “O que nos contam certos animais” teve lugar no passado dia 13 deste mês e foi testemunhada por um vasto auditório.
Alberto Viegas nasceu em Karau, distrito de Cuamba, província do Niassa a 10 de Junho de 1927. Em 1950 tirou o curso de professores indígenas em Nampula e começou a leccionar em Mossuril e Lunga.
De 1975 a 1984 leccionou no Centro de Formação de Professores Primários em Namapa, e em 1987, aos 60 anos de idade, completou o curso de História e Geografia no Instituto Médio.
Ao longo da sua carreira, Viegas desempenhou vários cargos, nomeadamente, o de secretário da OJM e o de delegado do então Instituto Nacional de Prevenção e Combate às Calamidades Naturais. Actualmente, exerce a função de assessor do governador da província de Nampula para assuntos comunitários.

WAMPHULA FAX - 20.06.2008 Retirado do Mocambique para todos


Nota do Reflectindo:

O projecto de Alberto Viegas "o Jovem Antigo", como ele se identifica por estar sempre a par dos jovens de todas as geracões (é prova a amizade entre ele e o filho Mário Viegas), é muito importante. O Jovem Antigo é uma daquelas pessoas com uma boa memória e que seria-nos muito útil se tivesse que escrever o que viveu pelo menos até aqui. Porém, não deixo de pensar que ele esteja a escrever apenas o que acha que lhe mantém a assessor do governador provincial, mesmo aos 80 anos de idade. Também não duvido que ele como Herculano Miguel em Nacala, possa assessorar a qualquer governo moçambicano, isso que eu pediria com humildade a todos políticos de todos partidos em Nampula.

Entretanto, há nesta reportagem erros muito graves. Deve haver partes de identificacão pessoal de Alberto Viegas que não conheço, mas sei perfeitamente que embora “jovem antigo”, Alberto Viegas nunca foi secretário da OJM (Organização Nacional da Juventude), ele foi sim, secretário provincial da Organizacão Nacional dos Professores (ONP).

Também, Alberto Viegas foi instrutor no Centro de Formacão de Professores Primários de Momola/Nampula e não de Namapa. Se necessário for, até posso fazer a distinção entre o centro de Momola e o de Nacarôa. Alguma vez existiu um centro de formação de professores em Namapa?

Depois, será que Alberto Viegas não concluiu algum nível na Universidade Pedágogica? Duvido porque sei que em 2001 ele esta a frequentar o curso de história na UP, em Nampula.

quarta-feira, junho 18, 2008

Uma autêntica provocação à nossa moral.

Situação no Zimbabwe: Chefe do Estado recebe enviado da ZANU-PF

UMA delegação da ZANU-FP, do presidente Robert Mugabe, foi recebida ontem em Maputo pelo Presidente Armando Guebuza, a quem informou sobre a actual situação no Zimbabwe, a uma semana da segunda volta das eleições presidenciais, marcadas para o próximo dia 27.Maputo, Quarta-Feira, 18 de Junho de 2008:: Notícias Leia mais

Nota do Reflectindo: Aqui não há nenhuma palavra de Armando Guebuza, pelo menos como também o nosso presidente, de nós que estamos tristes pelo que o regime de Robert Mugabe está a praticar no Zimbabwe. O título fala de Chefe do Estado o que significa que Guebuza não recebeu Emerson Mnangagwa na Pereira do Lago como presidente da Frelimo, mas algures como Presidente da República. E ele está a sorrir como se ninguém estivesse a morrer no Zimbabwe ou a fugir de lá. Isto aqui é uma autêntica provocação à nossa moral.

Edson Macuácua e a tolerância política (2)

“Não perseguições políticas”

Há muita inconsistência nesta tentativa de resposta. A dado passo Edson Macuácua fala da não existência de presos políticos em Moçambique como se fossemos perguntar a Zanu-PF se há presos políticos no Zimbabwe. E Zanu-PF diria que sim? E se voltarmos para o período pós-independência, haverá alguém do partidão a afirmar que alguma vez houve preso político em Moçambique?

O discurso que Edson Macuácua fez, a 2 de Novembro de 2006, numa sessão da Assembleia da República, é a prova de recusa de alguma vez terem existido presos políticos no Mocambique pós-independente. E ao afirmar que "Disse que nunca houve perseguições políticas e que a oposição desenvolve a actividade política livremente", sem alguma tentativa de limitacão de tempo, é sinal de recusa de Edson Macuácua de que há compatriotas que sofrem por não serem portadores do cartão do partidão.

Contudo, se não há presos políticos, quem são (foram) aqueles cidadãos que foram massacrados por asfixia em Montepuez? Quem são ou foram aqueles cidadãos encarcerados em Mocímboa da Praia após tumultos provocados por homens da Frelimo que os tinham emboscado com machados e catanas? Se não há presos políticos nem perseguições, quem são aqueles cidadãos que são aprisionados em Chemba, na província de Sofala, por pura e simplesmente porem camisolas com símbolos de outros partidos que não sejam do partidão? Se não há presos políticos, porquê todo o suspeito de praticar irregularidade eleitoral, sendo de um partido diferente do Edson Macuácua, é preso e julgado, mesmo tendo sido provado, como é o caso do Albuquerque na Beira, desde que seja do batuque e maçaroca ninguém o toca?

terça-feira, junho 17, 2008

Em Nampula: População de Muecate recusa novo administrador

A POPULAÇÃO do distrito de Muecate, na província de Nampula, endereçou recentemente uma exposição ao governador provincial, Felismino Tocoli, na qual manifesta o seu desacordo quanto à decisão de nomeação de Adelino Fábrica, para o cargo de administrador daquela região do país.

“(...) pedimos ao senhor governador da província que se não existe um outro administrador por afectar neste distrito, favor de deixar que os actuais representantes que assumem a governação prossigam com a sua missão”, lê-se na exposição.

O grupo de indivíduos subscritores da missiva e que se autoproclamou de “voz do povo de Muecate”, refere que a afectação de Adelino Fábrica poderá afectar o desenvolvimento harmonioso daquele distrito, sem contudo avançar as razoes de tal receio.

O que se sabe publicamente e foi veiculado pela Imprensa, é que Adelino Fábrica, terá sido acusado pelas populações do distrito de Memba, região onde era administrador distrital, de mau relacionamento com as populações e seu elenco, bem como de má gestão dos sete milhões de meticais, fundo alocado pelo Governo central para iniciativas de combate à pobreza e desemprego.

O Governo provincial reunido recentemente em Nampula, negou que a transferencia de Adelino Fábrica de Memba para Muecate, tenha a ver com as acusações feitas pela população de Memba. Esclareceu que a medida foi tomada visando imprimir maior dinâmica no processo de governação.

Instado pelos jornalistas a reagir à exposição feita por um grupo de residentes de Muecate negando a nomeação do novo administrador distrital, o governador provincial Felismino Tocoli, minimizou a missiva, dizendo simplesmente que Adelino Fábrica, já tinha dado mostras de bom desempenho em Memba, daí que não via razão para não nomeá-lo para tal cargo.

Maputo, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2008:: Notícias

Fonte: retirado integralmente do Jornal Notícias online
Nota do Reflectindo: este tema é ligado ao Administrador ameaça processar primeiro-secretário também publicado neste blogue. É também associado a questões de cidadania que muito têm me interessado em abordar ou reportar neste blogue.

segunda-feira, junho 16, 2008

Golpes de Estado em África

Por Noé Nhantumbo

Quando o ataque vem da esquerda... Quénia, Zimbabwe...

Beira (Canal de Moçambique) – Convenhamos que quando se impede em termos práticos que o veredicto popular expresso através das urnas não se realize estamos em presença da figura de golpe de Estado.
Em África desenvolveu-se de há uns tempos a esta parte a pratica efectiva de golpes nas suas variadas nuances.
Aceites quase sempre porque convenientes a alguém, os golpes que antes tinham uma característica eminentemente militar hoje mudaram de feição e incorporam elementos novos e um refinamento que causa ate admiração e inveja a muitos cientistas políticos.
A sua aceitação e na maioria dos casos fomentada pela chamada esquerda africana apoiada por interesses corporativos internacionais.
As chancelarias fecham em geral os olhos ou era isso que acontecia na maioria dos casos. Era como que dizer que o aceite pela irmandade socialista ou de esquerda africana órfã recente dos patrões de Moscovo devia ser aceite por todos.
Não deve continente que tenha tido mais golpes de Estado que África nas ultimas três décadas.
Tomar o poder pela forca das armas era sintomático em África.
Com o advento dos ventos democratas houve uma tentativa de refinamento e legislação que implicava o não reconhecimento de regimes saídos de golpes de Estado.
Na prática, quase que nunca isso aconteceu.
Os golpistas acabaram sendo aceites no seio da família africana. Até porque muitos dos legisladores haviam chegado pela mesma via ao poder.
O carácter novo que importa colocar em debate é a legitimidade de regimes que usando artifícios eleitorais chegaram ao poder efectivamente pela manipulação e fraude eleitoral. Apoiados na máquina governamental que dominam, temos visto regimes que se negam a abandonar o poder mesmo quando derrotados nos pleitos eleitorais.
Todos os arranjos aparentemente destinados a salvar a estabilidade política de países em que as eleições redundaram em violência pela não aceitação do veredicto popular, não são mais do um golpe de Estado.
Assiste-se na África dos dias democráticos, ao desenvolvimento de técnicas refinadas de manutenção do poder.
Os acontecimentos recentes no Quénia, o golpe esquecido da República do Congo, as acusações de fraude não aceites pelos órgãos eleitorais um pouco por toda a Africa, o regime de Kinshasa, especialmente na Africa Austral, a recente situação eleitoral zimbabweana não passam mais do que manifestações golpistas com outros nomes.
Toda a diplomacia silenciosa praticada pela maioria dos países da SADC em relação ao regime de Harare não é mais do que apoio tácito a um golpe de Estado efectivo que está sendo gerido de modo calculado. O povo já se pronunciou e não são meras diferenças estatísticas na contagem dos votos que estão em causa na maioria dos casos.
São organismos eleitorais concebidos, controlados e geridos pelos regimes no poder que não deixam que o direito a voto exercido pelos cidadãos se torne conhecido na integra e que a vontade popular sobressaia.
Porque as tácticas do passado já não são mais aceitáveis aos olhos da opinião pública, usam-se até os exércitos de governos aliados para se chegar ao poder e mantê-lo.
Toda a legislação africana e internacional não prevê a aceitação de regimes saídos de golpes. Mas o que será que é a situação no Zimbabwe senão um golpe efectivo de Estado. Quando os militares que se deveriam limitar a estar nas casernas e defender a Constituição e soberania nacional se imiscuem nas lides politicas e fazem pronunciamentos públicos contra a possibilidade de a oposição tomar o poder, quando os mesmos militares participam activamente na repressão aos cidadãos nacionais que supostamente tenham votado contra o regime no poder, só poderemos falar de golpe em execução.
Numa situação clara de violação dos mais elementares direitos humanos, políticos de concidadãos vemos governos de países vizinhos calados e aceitando que tal aconteça.
Já vimos antes exércitos de países vizinhos intervindo no Congo Brazzaville, na RDC, em Moçambique, em Angola. Em nome de uma suposta solidariedade, governos amigos foram mantidos ou colocados no poder.
Porque a estratégia do golpe nos antigos moldes se tornou demasiado grosseira e indigesta hoje, prefere-se contratar a custa do erário publico especialistas de Lisboa, Rio de Janeiro ou Londres para delinearem como de deve proceder para a manutenção do poder. Quando as alternativas oferecidas pelos consultores são vencidas recorre-se ao congelamento dos resultados, enquanto se cozinham resultados favoráveis pela via da informática, intimidação, eliminação dos opositores. Qualquer meio serve desde que o poder continue em determinadas mãos.
Já vimos casos como no Sudão, que após a aceitação de uma convivência pacífica entre beligerantes, já em gozo de paz, o antigo opositor desapareceu em desastre aeronáutico. Naquela região parece que a eliminado no ar dos opositores é o recurso preferido. No Zimbabwe prende-se em terra, a luz do dia, bate-se, tortura-se e se possível se elimina biologicamente.
Esta situação concreta e indesmentível não pode nem é propícia para que qualquer desenvolvimento económico aconteça.
Esta instabilidade e violação grosseira da vontade dos cidadãos constituem os factores que inviabilizam tanto a SADC como os seus objectivos.
A irmandade de esquerda da região não está interessada que a democracia seja o modelo político em vigor na região. Quem o prova é o que ela faz. Ainda raciocina como nos tempos da Linha da Frente. Compreendemos que os camaradas se revelam nos momentos de aflição. São estes factos reais que não permitem que alguns líderes da região se manifestem. Estão presos a favores prestados no passado e que continuam por saldar.
Mas sejamos honestos e práticos, a produção de regimes ilegais, reconhecidos a posteriori por conveniência de uma pretensa estabilidade e de interesses reais de determinados países não resolve os problemas da região. Agora já está claro que na SADC estão abertas brechas no entendimento entre alguns governos. O que eram os sonhos de integração está condenado a ir para o dreno. O que resultará é a continuação da fraqueza enquanto interlocutores a altura de apresentarem uma posicao forte no fórum internacional. Cada um continuará a puxar pela brasa para a sua sardinha como diz o ditado.
Estamos perante toda uma mascarada de democracia em que os partidos políticos normalmente residentes dos palácios presidenciais não estão interessados que as coisas mudem.
Enquanto que o resto do mundo, nomeadamente as potências doadoras, estão preocupadas em assuntos de ordem ecológica, energética, visto terem garantido através da Organização Mundial do Comércio, do Banco Mundial e FMI a manutenção do status económico-financeiro no mundo, os africanos estão perdendo precioso tempo digladiando-se por um poder efémero de consumo doméstico que não mais significa do que contas bancárias chorudas, mansões e viaturas de luxo. Isso sempre que não demasiado escandaloso se lhe é permitido. Quando já não dá declaram-se sanções ineficazes.
A perspectiva de empoderamento real, de dignificação dos seus cidadãos, do fim do sistema de pedintes e de caridade internacional como meio de subsistência não conta para os políticos medíocres que infelizmente temos como governantes.

Texto retirado na íntegra do Canal de Mocambique onde foi publicado em 2008-06-16 06:11:00

Nota do Reflectindo: Lembrem-se da série que estou ainda escrevendo aqui com o título: Quatro ou cinco homens, a mesma história e trato de golpes pós-eleicões.

Edson Macuácua e a tolerância política

Edson Macuácua, secretário de Mobilização e Propaganda da Frelimo refutando a preocupação dos bispos católicos em relação à partidarização (a que eu chamaria de frelimização) do Estado Moçambicano (aqui) diz:

"Nós respeitamos as opiniões manifestadas na carta pastoral pois elas próprias rebatem a tese da própria carta pastoral. A sua existência mostra efectivamente que há tolerância política. Caso não houvesse tolerância não haveria espaço para este teor de cartas. Os bispos estão a exercer um direito que decorre do clima legal político de tolerância, pois os diferentes actores políticos, sociais, cívicos e económicos têm espaço garantido para agirem livremente dentro dos parâmetros legais e participarem no desenvolvimento do país " (leia mais aqui do Jornal Notícias).

Assim sendo, um dia Edson Macuácua dirá que em Moçambique houve sempre tolerância politica! Será que havia tolerância quando os bispos católicos, alguns ainda em activo hoje, escreveram uma carta pastoral em 1984, se não estou em erro, exigindo diálogo, paz e reconciliação, e, dizendo ao temido Samora Machel que a guerra que semeava tantas mortes era entre irmãos e não como a Frelimo propalava?
Será que havia tolerância política aquando da reunião de manipulação política com as confissões religiosas na Beira, em 1982, quando o arcebispo de Nampula, Dom Manuel Vieira Pinto, levantou-se e expressou as preocupações dos religiosos em relação a intolerância do partido Frelimo, como sendo esta a responsável pela guerra civil? Leia (aqui), mas eu narro o que vivi e assisti. Será que para falarmos livremente teremos que esperar pela tolerância política que está longe de existir neste país?

É tolerância política o que é conhecido a nível nacional e mesmo fora do país como é o caso da exoneração dos postos de chefia de Eduardo Namburete, Ismael Mussá, Benjamim Pequenino, falecido Domingos Pilale e sua esposa? É tolerância política quando uma deputada da Frelimo em Nampula diz aos professores que quem é membro da Renamo não tem o direito de trabalhar na cidade?


PS: estou escrevendo uma série de perguntas e muitas delas têm como base o que eu vivi/o e assisti/o pessoalmente. Se alguém dirigisse esta preocupacão a Edson Macuácua eu seria-lhe grato. Se Macuácua tolera e dialoga com quem pensa diferente até pode me escrever pessoalmente, aliás, sei que pelo menos pessoas mais próximas do Macuácua, pelo menos duas, têm visitado este blog o que fico grato.

sexta-feira, junho 13, 2008

Xenofobia é resposta à exclusão social

-Defende Graça Machel
Por Emídio Muchine

A onda de intolerância e ódio contra os estrangeiros na África do Sul é uma clara resposta dos cidadãos mais pobres deste país para com a exclusão social a que estão votados devido ao fraco impacto das políticas governamentais, defende Graça Machel, Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.

Falando durante a Conferência Internacional sobre a Xenofobia na África do Sul, realizada ao longo do dia de ontem, terça-feira, em Maputo, Graça Machel fez uma análise exaustiva e académica sobre este fenómeno que está a afectar sobremaneira cidadãos de vários países do continente que lá residiam ou trabalhavam. «Acordámos de um momento para o outro sujeitos à onda de ódio, intolerância e brutalidade que à primeira vista era injustificada, dada a aparente harmonia e relativa calma que sempre existiram nas zonas mais pobres», afirmou.

Para Graça Machel, a violência terá começado nas cidades onde os mais pobres atacam os também mais pobres que vivem em condições desumanas. «O Governo Sulafricano não sabe sequer o número de pessoas que afluem às cidades, provenientes das zonas rurais».
Estimou em cerca de três milhões o número de Zimbabweanos que entraram na RAS no período de um ano, acrescentando que devido à política de integração regional e abolição de vistos de entrada, que visa a livre circulação de pessoas e bens, o afluxo de moçambicanos na chamada terra do rande sofreu um grande incremento, razão por que a situação atingiu contornos dramáticos, difícil de controlar pelas autoridades locais, devido ao excessivo número de imigrantes. Para piorar a situação, cidadãos dos países da região dos grandes Lagos usam o território nacional como trânsito para a África do Sul. «Entram desordenadamente e sem serem registadas, tornando a sua absorção impossível. A subida do preço do pão nos subúrbios, onde a pobreza é dramática, faz com que estas pessoas que vivem em condições desumanas usem o seu ódio contra os estrangeiro, como forma de revolta contra a sua marginalização».
Crítica a regimes políticos
Graça Machel criticou o sistema de governação praticado pelos regimes políticos dos países afectados, que leva as pessoas a viverem em condições deploráveis, o que faz com que se revoltem. Deu exemplo de casos ocorridos no Ruanda, Quéniatambém em Moçambique, no dia 05 de Fevereiro.Afirmou que os cidadãos que regressaram aos seus países de origem poderão, num futuro muito breve, se não forem devidamente reintegrados no campo produtivo, rebelar-se contra o respectivo Governo, por desespero acentuado, citando o exemplo dos somalis que ameaçaram suicidar-se em massa nos campos de refugiados onde estão albergados.
A finalizar, a Presidente da FDC disse que teve a iniciativa de realizar esta reunião como forma de as diversas organizações e entidades nacionais e internacionais, particularmente da região, terem uma abordagem comum para lidar com este fenómeno, a fim de evitar o envenenamento das relações entre os países, que estão a ficar profundamente divididos. «Esta abordagem terá como vector comum a solidariedade entre os mais pobres, garantindo-lhes acesso á habitação condigna, comida e fontes de rendimento aceitáveis à condição humana».
Fonte: Matinal, edicão de 11 de Junho de 2008
A Conferência sobre as manifestações de xenofobia na RAS foi coorganizada pela FDC e pela Southern Africa Trust, uma organização independente regional, sediada na África do Sul

sábado, junho 07, 2008

ADMINISTRADOR AMEAÇA PROCESSAR PRIMEIRO SECRETÁRIO

Na sequência de denúncias populares em Memba
Adelino Fábrica acusa Paulo Lima de promover intrigas e calúnias. Adelino Fábrica, exadministrador do distrito de Memba, ameaça mover um processo judicial a Paulo Lima, 1º secretário do comité distrital da FRELIMO, por, alegadamente, ter sido o organizador do grupo que, no dia 21 de Abril passado, denunciou ao governador da província uma série de irregularidades que lhe foram atribuídas.
Na ocasião, o referido grupo acusou-o de má gestão dos fundos de Investimento de Iniciativa Local e dos impostos colectados localmente.
Fábrica, que foi recentemente transferido para o distrito de Muecate, considera tratar-se de uma calúnia sobre a sua pessoa e acusa Lima de ser o mentor da instabilidade social que, ainda, se vive em Memba.
Aquele governante disse que o referido grupo está a mobilizar a população local para não acatar as orientações do governo distrital, sobretudo em relação ao aumento de áreas de cultivo.
Referiu que o 1º secretário da FRELIMO havia exigido do governo do distrito, um subsidio semanal de 400 meticais e um tratamento especial, diferente do dos restantes quadros do distrito.
Instado a comentar, Paulo Lima refutou todas as alegações, mas reconheceu haver mau relacionamento entre ambos. O administrador queria era, também, mandar no partido. Evidentemente, nós nunca permitimos que tal acontecesse. Disse Lima.
Explicou que Adelino Fabrica tentou, sem qualquer consulta, indicar André Majuleia, ex-chefe do Posto Administrativo de Chipene, destituído pelo então governador, Filipe Paúnde, para o cargo de Secretário do Comité Distrital para Organização. Proposta que foi recusada pelos restantes membros do partido no distrito.
Quanto às alegadas mordomias exigidas por si, Lima afirmou que as suas reivindicações incidiam na disparidade das ajudas de custo que lhe eram atribuídas em missões de serviço.
Porquanto recebia apenas 350 meticais, um valor muito inferior ao dos restantes membros do partido, que beneficiavam de uma tabela diária de 750 meticais.
Negou ter sido o promotor das denúncias apresentadas ao governador da província, Felismino Tocoli na sua recente visita ao distrito, mas disse estar disponível para responder em juízo, conforme a pretensão do administrador Adelino Fábrica.
WAMPHULA FAX - 06.06.2008
NOTA:
Além das zangas de "compadres" já repararam nesta promiscuidade entre partido e governo? Será legal a atribuição de ajudas de custo a membros de um partido por um governo distrital? E a oposição que diz ou faz?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE
Nota do Reflectido:
Pela mesma importancia que me levou a trazer o artigo neste blogue, vou ter que comentar sobre as quarelas entre o ex-administrador e o 10secretário da Frelimo de Memba.

terça-feira, junho 03, 2008

Mwanawasa ameaça deixar liderança da SADC

O CHEFE de Estado zambiano, Levy Mwanawasa, que também desempenha as funções de presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), ameaçou demitir-se do cargo da organização regional, perante a aparente recusa de outros líderes da comunidade de participarem numa cimeira extraordinária por ele convocada em Yokohama, Japão, à margem da IV Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento de África, revela o jornal zimbabweano “The Herald”.

“Os líderes da SADC classificaram a decisão do Presidente Mwanawasa como sendo imprópria e desnecessária porque o caso do Zimbabwe está a ser tratado pelo Órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, tendo o presidente sul-africano como mediador”, reporta a notícia.

Segundo o “Herald”, os líderes da região são de opinião que tal decisão apenas iria beneficiar os interesses do Ocidente, numa clara alusão de que o estadista zambiano estaria a ser usado pelo Ocidente para remover o presidente zimbabweano do poder.

O Governo zimbabweano voltou a acusar, segundo o mesmo jornal, o presidente Mwanawasa de estar a servir os interesses do Ocidente para forçar uma mudança no governo de Harare.

Estas acusações representam o último sinal da deterioração nas relações diplomáticas entre Harare e Lusaka.

Desde Abril último que as relações diplomáticas entre o Zimbabwe e a Zâmbia têm estado a degradar-se a olhos vistos, uma situação que acabou sendo catalisada pela decisão de Mwanawasa de convocar uma cimeira extraordinária da SADC para discutir a crise que se instalou naquele país da África Austral na sequência das eleições gerais de 29 de Março.

A decisão de convocar a referida cimeira foi criticada pelo Governo zimbabweano, alegando que a mesma violava os princípios desta organização regional.

Aliás, o próprio presidente Robert Mugabe recusou-se a participar no evento, que teve lugar a 12 de Abril, em Lusaka, tendo sido representado por uma delegação ministerial.

Retirado na íntegra do Notícias

segunda-feira, junho 02, 2008

Reflectindo sobre a entrevista do Dr. Máximo Dias (2)

Fiscalização do processo eleitoral

Quanto à fiscalização do processo eleitoral, Máximo Dias afirma que das 11254 mesas de voto, nas eleições legislativas e presidenciais de 2004, a Renamo colheu apenas cerca de 4000 mesas, portanto, cerca de 36 %. Sabendo que se provou que a Frelimo fez fraudes eleitorais, a situação da fiscalização por parte dos partidos da oposição e em particular da Renamo é preocupante. Mas, há que sublinhar aqui que a Renamo e outros partidos da oposição não são culpados pelos actos de fraude eleitoral cometidos pelo partido no poder, acto esse que é um crime segundo a lei eleitoral.

Nos países verdadeiramente democráticos não é necessária uma fiscalização de partidos no acto eleitoral. Os agentes eleitorais são o garante da democracia porque são idóneos. Idóneos são também os analistas políticos, as instituições públicas e a sociedade civil, o contrário do nosso Mocambique onde um académico, mesmo com experiência democrática, se dedica a defender fraudes. O poder judicial deixa fraudulentos como Albuquerque a passear livremente e as ONGs são uma extensão do partido no poder. Note-se que os que agem assim hoje para com a Frelimo, agirão da mesma maneira para com a Renamo se ela estiver no poder, pelo que se pode dizer que um dia a Frelimo colherá o que está a semear hoje.

Será que a liderança da Renamo é totalmente responsável pela falta de fiscalização eleitoral? Ouso dizer que não, esperando, no entanto, alguma correcção. O problema pode não ser da liderança, mas de uma parte de moçambicanos, no geral, isto se nos lembrarmos que alguns dos que se voluntariam a fiscalizadores têm interesses pessoais do que em garantir a democracia.

Um fiscalizador eleitoral deve ter o princípio de que ali está para certificar se a vitória de um/uns e a derrota de outro/outros, é justa. Em Moçambique, para muitos fiscalizadores esse princípio não existe. Muitos se inscrevem a fiscalizadores eleitorais para pura e simplesmente ganharem algum tostão, como um emprego, e, isso agrava-se quando os partidos políticos e doadores são cúmplices. Um fiscalizador partidário devia ter espírito de militância, ser alguém que ama o seu partido, mas em muitos casos nisso há défice.

Máximo Dias nota essa défice de militância no seu próprio partido, dando o exemplo de quem para sair da Matola à uma reunião em Maputo quer transporte e garantia de lanche. Será que um membro ou simpatizante que age desta forma tem o espírito de militância? O exemplo dado se refere a cidades, mas é embaraçoso porque não é o mesmo nas zonas rurais, baseando-me no que vi in loco em 2006: no campo existe o espírito de militância, uma militância incondicional.

Conscientemente a contradizer, há também prova de que os partidos políticos, (nas eleicões de 1994) e as ONGs e a Comunidade Internacional têm parte de responsabilidade nisto. A AWEPA anotou isto no seu boletim número 21 -21 de Julho de 1998, página 12, afirmando que os partidos sao dirigidos por pessoal pago. A situação foi se desenvolvendo e hoje até o ser membro dum partido se condiciona ao lugar elegível de deputado da Assembleia da República, o que é grave.

Começo a entender que isto possa ser a razão de a liderança da Renamo pretender confiar nos seus antigos combatentes à fiscalização das urnas. Esses são militantes incondicionais. Aliás, em conversa com um deputado da Renamo na Assembleia municipal de Nampula apercebi-me duma preocupação sobre a prova de militância para se ser fiscalizador eleitoral. Sobre isto, a Frelimo, o partido no poder, pode estar em total crise porque muitos dos seus fiscalizadores, incluindo a polícia e a justiça pensam que é uma oportunidade para cometer fraudes a favor dela para se manterem na posição em que estão. Mas estes não são membros da Frelimo. Quando a Frelimo um dia perder o poder ver-se-á sem muitos membros nem simpatizantes.

A garantia de eleições sem fraude cabe a cada cidadão, mas em particular aos administradores do processo, tais como CNE, STAE, a polícia, o poder judicial entre outros.