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terça-feira, junho 03, 2008

Mwanawasa ameaça deixar liderança da SADC

O CHEFE de Estado zambiano, Levy Mwanawasa, que também desempenha as funções de presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), ameaçou demitir-se do cargo da organização regional, perante a aparente recusa de outros líderes da comunidade de participarem numa cimeira extraordinária por ele convocada em Yokohama, Japão, à margem da IV Conferência Internacional sobre o Desenvolvimento de África, revela o jornal zimbabweano “The Herald”.

“Os líderes da SADC classificaram a decisão do Presidente Mwanawasa como sendo imprópria e desnecessária porque o caso do Zimbabwe está a ser tratado pelo Órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, tendo o presidente sul-africano como mediador”, reporta a notícia.

Segundo o “Herald”, os líderes da região são de opinião que tal decisão apenas iria beneficiar os interesses do Ocidente, numa clara alusão de que o estadista zambiano estaria a ser usado pelo Ocidente para remover o presidente zimbabweano do poder.

O Governo zimbabweano voltou a acusar, segundo o mesmo jornal, o presidente Mwanawasa de estar a servir os interesses do Ocidente para forçar uma mudança no governo de Harare.

Estas acusações representam o último sinal da deterioração nas relações diplomáticas entre Harare e Lusaka.

Desde Abril último que as relações diplomáticas entre o Zimbabwe e a Zâmbia têm estado a degradar-se a olhos vistos, uma situação que acabou sendo catalisada pela decisão de Mwanawasa de convocar uma cimeira extraordinária da SADC para discutir a crise que se instalou naquele país da África Austral na sequência das eleições gerais de 29 de Março.

A decisão de convocar a referida cimeira foi criticada pelo Governo zimbabweano, alegando que a mesma violava os princípios desta organização regional.

Aliás, o próprio presidente Robert Mugabe recusou-se a participar no evento, que teve lugar a 12 de Abril, em Lusaka, tendo sido representado por uma delegação ministerial.

Retirado na íntegra do Notícias

13 comentários:

  1. PELO MENOS TEM UM QUE PENSA DIFERENTE.

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  2. Exactamente, Nelson, precisamos de governantes como Mwanawasa que pensa diferente. A pergunta é, se fosse Kaunda pensaria da mesma maneira que Mwanawasa?

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  3. Claro que nao nem Reflectindo. O espirito da UNIP nao o deixaria trair a ZANU PF. Sabe como se deve defender a "irmandade" nem? Porque será que a malta Zedu, Guebas não conseguem "ver" o mal do camarada. Mas olha, tenho que me atrever a dizer que "tempo de validade" desses partidos da luta de libertação chegou ao fim. So a desorganização da RENAMO não consegue destronar a FRELIMO para nos dar oportunidade de experimentarmos mudanças.

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  4. é curiosa a coragem do presidente Zambiano. Eu nunca fui a favor do mugab, mas também nao acho tolerável a interferencia do ocidente na questão do Harare. Mwanawasa, já demostrou estar mais proximo do MDC e acho que é por essa causa que os seus pares já nao lhe ligam.

    temos todos que lutar pela normalização do Zim mas isso não significa a diabolização de quem quer que seja.

    Se Mwanawasa quer ajudar a resolver a crise do Zim não deve tomar posição nenhuma, é assim como agem os "bons pais de familia".

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  5. caros,
    o mwanawasa não está sozinho. tem o ian khama, o zuma (quando for presidente) e o próprio jakaya kikwete (que já é visto com outros olhos por mugabe).
    não entendo isso de interferência estrangeira. quando os movimentos de libertação lutavam não tinham apoios dos mesmos países que hoje se diz estão a interferir?
    ao não tomarmos posições arriscamo-nos a ver pesoas a morrerem embaixo dos nossos narizes sem levantarmos um dedo. penso que isso é mais arriscado.

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  6. Já não tenho palavras Bayano. Quanto à interferência estrangeira estás apontar o dedo à ferida. Acho que já é tempo de não escutarmos discursos deste tipo. Os países nórdicos, por exemplo, foram os que mais apoiaram o Zimbabwe na luta contra o regime minoritário de Ian Smith e mesmo depois da independência eles contribuiram muito, sobretudo no sector de educacão, mas quando criticam Mugabe, são estranhos, alheios aos problemas do Zimbabwe. Se eles não são para interesses do ocidente porquê é que estão lá no Japão?

    Amigo Jorge, eu acho que o problema não deve ser se está ou não próximo deste ou daquele partido, mas a razão. O ZANU-FP e Robert Mugabe perderam as eleicões. Este é um facto. Mugabe pôs o Zimbabwe em crise e ela dura há já muitos anos. É também um facto. A crise do Zimbabwe tem impacto em toda a região da África Austral. É um outro facto. Será que a iniciativa do Mwanawasa de se aproveitar o encontro de todos no Japão para se discutir o problema do Zimbabwe e da região não era excelente? Ou é só excelente quando fosse num dos países da África Austral implicando despesas avultadas de cada um dos países?

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  7. Amigo Nelson, bem dito. É claro o que mais desgasta a estes partidos e isso não dispensa ou dispensará um dia aos partidos como MDC, Renamo etc, é o uso de velhos méritos. Mas para além de desorganizacão da Renamo, algo que penso que podemos reperar, criticando abertamente (assim penso eu), há também o comodismo nosso "mudancafobia". Há que aceitarmos que para tirar um partido que governou em toda vida de um país independente, é mesmo que comprar uma lotaria. Isto pior num país como Mocambique onde ser da oposicão significa até não ter a oportunidade de fazer a carreira profissional, atravez da qual a pessoa pode mostrar as suas capacidades de liderana ou administracão.

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  8. Sempre fui contra ao discurso que acusa o ocidente. Me faz lembrar o velho habito de sempre procurar o culpado fora do quintal. As coisas estão mal no Zimbabwe e Zimbabwe, seu governo, seu povo tem suas responsabilidades. Quem votou em Mugabe e Zanu PF? Os que acham que o ocidente 'e culpado pela crise no Zimbabwe.. Alias segundo o grande mediador da SADC nem 'e crise oque se vive no Zimbabwe. Houve violência pos eleitoral, mortes de inocente apoiantes do MDC, Detiveram o líder do MDC oque o ocidente tem a ver com isso? Ok se diga por exemplo que o MDC 'e uma criação do Ocidente, vamos Mugabe e ZANU PF vencer essa criação usando meios limpos. Que futuro tem o Zimbabwe com Mugabe a frente. Alguém me diz se dentro do ZANU não existem pessoas que possam substituir Mugabe?

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  9. Caros,

    Apropos interferência estrangeira. A questão de agir já foi objecto de inúmeros debates. O dever ou não dever moral de intervenções humanitárias no mundo é uma pergunta chave dos Direitos Humanos. Igual se na Somália, Ruanda, Darfur ou Zimbabué. Com que legitimidade fazer uma intervenção militar quando um regime tirânico, como aquele de Mugabe, viola constantemente os Direitos Humanos da própria população? É o interesse de respeitar o consagrado princípio de não intervenção superior do dever de proteger as populações indefesas desse Estado? Respeitar um regime autoritário, como aquele de Mugabe, que já desde anos faz guerra contra o próprio Povo? Ou defender os Direitos Humanos em causa, a permanente violência estatal, as torturas, os assassinos, e o genocídio (como aquele na Matabeleland)? Intervir ou não intervir por razões humanitárias? Caros, eu acho que há um grande dilema no caso de Zimbabué porque uma intervenção armada contra um Estado é só permitida com a autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Na minha opinião é oportuno lembrar os membros daquele Conselho (incluindo algumas figuras da região) a sua responsabilidade de proteger os Direitos Humanos do Povo zimbabueano. A crise humanitária é evidente. Igualmente os crimes contra a humanidade. Tardar a reagir vai só contribuir para a desestabilização da região. Por isso digo basta com o blabla de Mbeki e basta com o blabla da SADC. A responsabilidade de proteger as vidas não distingue entre pretos, brancos, nacionalidades, exilados, imigrantes ou refugiados. Solidarizamos nos com os refugiados do Zimbabué. Solidarizamos nos com as vítimas do regime. Numa situação como a actual existe um dever moral de intervir, não só com palavras, mas de forma humanitário. Temos uma responsabilidade humana a prevenir mais atrocidades contra o Povo de Zimbabué. A intervenção humanitária não põe em causa a soberania do Povo daquele pais. Porque a soberania do Estado não pode significar o respeito para um tirano com poder ilimitado de opressão do próprio Povo.

    Um abraço
    Oxalá

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  10. “Os líderes da SADC classificaram a decisão do Presidente Mwanawasa como sendo imprópria e desnecessária porque o caso do Zimbabwe está a ser tratado pelo Órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, tendo o presidente sul-africano como mediador” in Notícias

    ESTE DISCURSO (ESTAMOS A TRABALHAR)AFINAL ESTÁ DISSEMINADO EM TODA A REAGIÃO DA ÁFRICA AUSTRAL. JÁ VISTE NELSON?

    "Alguém me diz se dentro do ZANU não existem pessoas que possam substituir Mugabe?" Nelson

    Caro Nelson, já te deste ao trabalho para leres isto aqui: Political Parties in Africa:
    Challenges for Sustained Multiparty Democracy? Este é um dos elos do reflectindo. É um livro resultante de um estudo. Achei-o importante para quem quer compreender a questão da democracia multipartidária em África. Sendo de 144 páginas, podes não ter tempo para lê-lo todo, então, pula e vai para o capítulo 5: 5. Party Structures and Internal Organization, na p.79. Aí vais ver a explicacão que vai até aos nossos partidos em Mocambique. Boa leitura.

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  11. Caro Oxalá, Bem dito
    Algumas das coisas que espero que as novas geracões não terão que aceitar são: méritos antigos, culpas ao colonialismo, culpa das guerras, ocidentes, não interferência estrangeira.

    Eu nunca li uma teoria que sustenta este tipo de discurso que nos fez de cegos por muitos anos. Por exemplo, os países asiáticos que se tornaram ricos passaram por tudo isto.

    As novas geracões terão que exigir às velhas que mesmo aos 80 anos nunca querem largar o poder para deixarem de lhes enganarem. Queremos o desenvolvimento das nacões africanas.

    Para ser reaccionário como Bayano diz, a guerra colonial impulsionou o desenvolvimento de Mocambique: A HCB foi mais gracas a guerra, a Base Aérea de Nacala-Porto contribuiu para o desenvolvimento da Cidade, O quartel-general de Nampula contribuiu para o Desenvolvimento de Nampula, Nacaroa, Namapa, Montepuez, A Praia de Simuco era um dos paraísos durante a guerra colonial, etc. E a guerra civil de 16 anos, o que contribuiu? Sabemos porquê?

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  12. E' com esses dirigentes que so' olham para o seu umbigo que Africa ira alguma vez prosperar?
    O ocidente e' a ganancia, a gula, o luxo que todos eles nao querem abdicar!

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  13. Não dúvidas Jonathan quanto ao que dizes. A dúvida é se mesmo temos que tolerar o tipo de dirigentes de Mugabe e o seu clube e se até quando?

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