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quinta-feira, junho 26, 2008

A atitude de Thabo Mbeki nesta questão do Zimbábuè

MARCO DO CORREIO

Por Machado da Graça

Olá amigo Justino
Como vai essa vida? Eu e a minha família estamos bem, felizmente.
Estou-te a escrever hoje por causa daquela conversa que tivemos, há pouco tempo, a respeito da atitude de Thabo Mbeki nesta questão do Zimbábuè.
A dúvida que os dois tínhamos sobre a razão de o Presidente da África do Sul não ser capaz de se impor perante um Robert Mugabe prepotente e arrogante, apesar de Thabo representar a maior potência da região e Mugabe ser o dirigente de um país arruinado por ele próprio.
Ora acabo de ler uma história, incluída numa recente biografia de Thabo Mbeki, escrita por Mark Gevisser e intitulada “The Dream Deferred” e citada pelo jornalista brasileiro Fábio Zanini:
Nos anos 80, auge do apartheid sul-africano, Mbeki vivia exilado em Lusaka, na Zâmbia. Um dia de manhã, sua mulher acorda, olha para o lado e não o vê deitado a seu lado. Entra em pânico, imaginando que o marido havia sido mais uma das incontáveis vítimas de assassinos que o regime racista sul-africano contratava.
Ela então começa a disparar telefonemas. E um deles vai para Mugabe, que já naquela época conhecia Mbeki. O Presidente do Zimbábuè por sua vez põe todo seu aparato de segurança e inteligência à procura do sul-africano.
Algumas horas depois, Mbeki aparece em casa, com cara de ressaca. No frescor de seus 40 anos de idade, havia ido a uma festa de diplomatas suecos, bebeu demais e desmaiou no sofá, como se fosse um adolescente.
Envergonhado, ele passa a evitar encontrar Mugabe. Mas alguns meses depois, num evento na Etiópia, os dois se cruzam. O zimbabueano, duas décadas mais velho, vai directo passando um pito: “Meu jovem, você faça o favor de me avisar da próxima vez que for dormir fora de casa!”.
Talvez esta estória ajude mais a perceber a razão pela qual Mbeki ainda não deu um bom berro a Mugabe do que todos os tratados de política e diplomacia juntos.
Todos estes dirigentes dos movimentos de libertação, transformados em estadistas, se conhecem muito bem uns aos outros, os seus lados positivos e os negativos.
Se um deles começa a contar as estórias dos outros o lavar de roupa suja não termina nunca mais.
E o problema é que, por causa de pecados da juventude dos líderes agora sofrem milhões de cidadãos dos seus países.
O que não é nada de novo na História do mundo.
Só que parece que agora está a acontecer aqui mesmo ao lado.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ - 26.06.2008

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