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domingo, dezembro 31, 2023

Quantos cidadãos foram assassinados pela PRM entre Outubro e Dezembro?

Oficialmente a Polícia confirmou ter assassinado acidentalmente três cidadãos, nomeadamente um em Chiúre, um em Angoche e outro em Marromeu. Mas, uma investigação preliminar do CIP Eleições aponta para mais nove mortos por baleamento protagonizada pela Polícia, dos quais seis foram na cidade de Nampula (no dia 27 de Outubro) e três em Nacala-Porto (dias 26 e 27 do mesmo mês).

No total foram 12 mortos, mas o número poder ser maior.

Durante as manifestações, dezenas de cidadãos foram feridos por baleamento da Polícia em diversos municípios, com maior destaque para as cidades de Nampula e Nacala, vila de Angoche, em Nampula; Chiure, em Cabo Delgado; Guruè, Milange, na Zambézia e Marromeu, em Sofala (leia mais nos boletins 168, 169, 175, 180, 194, 196,197).
Havia cidadãos baleados, que se encontravam hospitalizados em diversas autarquias, cujo desfecho ainda não foi publicamente conhecido.

https://www.cipeleicoes.org/wp-content/uploads/2023/12/Boletim-das-eleicoes-207.pdf

quinta-feira, dezembro 28, 2023

Sobre o voto electrónico

Entendo o esforço de alguns compatriotas de imaginar algumas medidas para o combate às fraudes eleitorais. Algumas das imaginações são a emenda/revisão da lei eleitoral, alteração da constituição da Comissão Nacional de Eleições e STAE, a introdução do voto electrónico.

Eu concordaria com todas estas propostas se a preocupação de todos nós, todos os partidos, fossem de garantir a transparência eleitoral, se o que é fraude eleitoral, fosse um erro não propositado, preparado e organizado em cadeia.

1)      Qual é a diferença ou maior diferença entre a nossa lei eleitoral e à cabo-verdiana, são-tomensa, portuguesa, brasileira ou mesmo da Guiné-Bissau? Se calhar a nossa está muito melhorada já que constantemente fazemos REVISÕES.

2)      A constituição da Comissão Eleitoral e STAE tem sido para garantir muitos partidos e a sociedade civil tenham os seus olhos, testemunhem o processo para EVITAR  acusação à prática de FRAUDE. Se fossemos sérios, aquele espaço não podia ser de DEIXAR PASSAR OU NÃO as fraudes eleitorais. O que devia reinar ali seria a Ética, Integridade, Honestidade e o Patriotismo. Há disto na CNE/STAE? Um país que mete um BISPO duma igreja para a prática de fraude, esse país tem problemas sérios da ética, integridade e honestidade. O partido que meteu o bispo é aquele que está no poder, o mesmo que constitue o Ministério de Administração Estatal. Mais, a PRM é suposta que deva ser republicana, mas é das que facilita a fraude. A PRM retira fiscais na hora de de contagem dos votos.

3)      Voto electrónico pode ser solução sem antes elevarmos a ética, integridade, honestidade e patriotismo? Tenho as minhas dúvidas. O que pode acontecer com voto electrónico é como o meu amigo Wutau Massango diz que é: reduzir ou inutizar o número de fraudulentos, centralizando-na (uma fraude centralizada). Uma fraude centralizada pode ser feita por um grupo restrito (hackers) ainda que há por aí regimes (mão externa) dispostos para darem ajuda.  Na Suécia, num país desenvolvido, com electricidade e internet cobertos em todo o país, não usa ainda o voto electrónico e penso que é porque tudo funciona muito bem. E como pode ser o voto electrónico nas zonas remontas de Mapai, Pavala, Nairote?

4)      Recordemos que há bocas que dizem que fraude eleitoral em Mocambique já foi centralizada com ajuda de um técnico que chegou de receber prémio como governador da província de Tete.

 

Nota: Para mim, a discussão tem que partir sobre Ética, Integridade, Honestidade e o Patriotismo.

quarta-feira, novembro 29, 2023

Marromeu, fraude e a Frelimo

 Marromeu tem uma história longa e cheia de problemas. Há cinco anos, nas eleições de 10 de outubro de 2018, o STAE e a polícia levaram algumas urnas de voto e a contagem foi feita em segredo pela Frelimo. Foi convocada uma nova eleição para 22 de novembro em 8 assembleias de voto. Havia observadores em todas as 8, que deram à Renamo uma vitória por 3656 votos, enquanto a comissão distrital de eleições deu à Frelimo a vitória por 772. Duas mesas de voto na EPC Samora Machel foram claramente falsas, sem ninguém a votar durante o dia, mas a comissão eleitoral distrital disse que houve uma afluência às urnas de 94%.

Há dez anos, nas eleições municipais de 2013, registaram-se uns incríveis 13% de votos nulos, que eram claramente votos do MDM tornados inválidos. Houve 1119 votos nulos e o candidato da Frelimo a presidente da câmara ganhou por apenas 283 votos.
Boletim nrº 187 | 27 de Novembro de 2023

quarta-feira, outubro 04, 2023

MDM e Renamo exigem anulação do mandato de Dias Letela

O MDM e a Renamo exigem a anulação do mandato do deputado da Frelimo, Dias Letela, pelo facto de este, na companhia de outros membros da Frelimo, terem pisoteado o material de campanha dos dois partidos em Inhambane.

Fonte: O País, 04.10.2023





quinta-feira, setembro 14, 2023

Central African Republic: President Touadéra meets Macron in France

French President Emmanuel Macron receives his Central African counterpart Faustin-Archange Touadéra on Wednesday against a backdrop of relaunching bilateral relations after years of tension due to the rise of the Russian Wagner militia in this country.

https://www.africanews.com/2023/09/13/central-african-republic-president-touadera-meets-macron-in-france/

quarta-feira, agosto 09, 2023

Zambézia: Tribunal do distrito de Morrumbala condena 40 professores por ilícitos eleitorais

Quarenta professores foram condenados por se terem recenseado no perímetro do município de Morrumbala apesar de residirem fora. Os professores faziam parte das listas de prioridade da Frelimo dadas às brigadas de recenseamento.

Além disso, o tribunal condenou três supervisores de brigadas por registarem indevidamente os professores. Em Mopeia, uma cidadã foi condenada por se ter registado em Morrumbala. A juíza do Tribunal Judicial do Distrito de Morrumbala, Soraia Ibrahimo, condenou todos os envolvidos nos ilícitos à penas que variam de três a cinco meses de prisão. As penas foram convertidas em multas correspondentes a três e cinco salários mínimos.

quinta-feira, maio 25, 2023

Public servants in Namacurra denounce the collection of identity cards for Quelimane

Some public servants in Namacurra, in Zambézia, accuse the Frelimo Party of obliging them to hand over their identity cards to be taken to Quelimane. The purpose of taking the documents is not known, but it is suspected that these people will be registered as voters in Quelimane.

In Alto Molócuè, our correspondents are reporting cases of members of the Frelimo Party stepping up the collection of voter cards in the neighbourhoods.

Fonte: Mozambique Elections 82, 83 and 85 - 24 May 2023

domingo, maio 21, 2023

Críticos acusam oposição moçambicana de desorganização

 "A oposição pode-se criticar, tem as suas limitações, tem a sua culpa, mas não tenhamos amnésia: lembremo-nos das contestações, das mortes que têm acontecido em virtude de a oposição reivindicar que esses processos sejam genuínos", sublinha.

O académico lembra que quando a oposição reivindica irregularidades, sobretudo nos pleitos eleitorais, a FRELIMO usa a força do Estado para intimidar, perseguir e matar os opositores.


sexta-feira, maio 19, 2023

“O cerco está fechado” e “o inimigo está aflito”

“CIP Eleições” revela o esquema para excluir eleitores da oposição na Beira para beneficiar a Frelimo

A coordenação é feita no grupo do Watsaap denominado “STAE Supervisor Beira”, administrado pelo director distrital do STAE da Beira, Nelson Carlos do Rosário, cuja queixa-crime o MDM já deu entrada na Procuradoria Provincial de Sofala. Nas mensagens trocadas entre os elementos do grupo percebese que a morosidade no atendimento, algumas avarias de máquinas, a rejeição de testemunhas e de outros documentos oficiais, como a cédula ou declarações de bairros, são propositadas e fazem parte do esquema para cansar o eleitorado da oposição e beneficiar a Frelimo. É um filme com episódios grotescos.

O grupo de Watsaap foi criado pelo director distrital justamente no dia em que iniciou o recenseamento eleitoral (20 de Abril), mas só começou a adicionar os supervisores a partir do dia 24 de Abril.

A primeira medida de bloqueio aos eleitores da oposição foi tomada às 13.46 horas do dia 25 de Abril, quando o director distrital do STAE orientou aos supervisores para rejeitarem as reclamações dos fiscais da oposição. “Não assinem nem aceitem as reclamações dos fiscais, não podemos facilitar.” A orientação do director foi mesmo para dificultar, o máximo possível, o recenseamento dos que apelidam de “inimigo”. “A missão”, segundo Nelson Carlos do Rosário “é abater o inimigo”. O inimigo é o eleitor da oposição.

“Bater forte no inimigo foram as palavras do nosso chefe, estado-maior. Hoje estamos a aplicar”- comenta o supervisor Nhanombe TF, que propõe aos colegas que usem o esquema que ele já vem utilizando para bloquear aos que ele chama de “macacos”: “Para mim (é preciso?) reconhecer cédula, cartão de eleitor de todos os camaradas com confirmação de um dos fiscais da FRELIMO e dos membros da brigada. Dos macacos (oposição) um e outro, para não bandeirar, aceita, mas a maioria Para subscrever a edição em Inglês https://cipeleicoes.org/eng/ e a versão em português https://www.cipeleicoes.org/ Eleições 2023-2024 - Boletim Sobre o Processo Político em Moçambique 78 – 17 de Maio de 2023 2 não.” Ou seja, a sugestão de Nhanombe (o nome dele é Gito Tomás Nhanombe) é no sentido de os brigadistas apenas reconhecerem e receberem documentos provenientes da Frelimo e recusar os que são apresentados pelos eleitores da oposição. Aliás, aos membros e eleitores da oposição apenas se deve aceitar um e outro para não criar condições de espaço para contestação e tumultos.

Um dos supervisores adoptou um sistema só seu de bloqueio. O sistema consiste em exigir mais documentos aos eleitores do seu posto de recenseamento, localizado na zona Industrial. “Tenho até exigido cartão de trabalho para quem diz estar a trabalhar no Porto ou CFM” - congratula-se pela estratégia e afirma com orgulho: “O cerco está apertado” para oposição. A Gizela Patrício compara o método de bloqueio que usa às interrogações do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC): “No meu posto a entrevista fica a parecer que trabalhamos no SERNIC”.

Uma outra mensagem, escrita pela supervisora Linete Ucama, dirigida ao director do STAE e aos colegas, refere que apareceram no seu posto de recenseamento, “os ditos chefes de postos do MDM Manga sem crachás” a procura de “três formados do INE que já iam ao internato. Andaram com eles até no portão”. De seguida, acrescenta, “perguntaram: quem vos mandou recensear”, “se não apareceu um carro com jovens de Buzi” e se os jovens estavam hospedados no internato local. Nessa altura, vinha “um fiscal nosso (Frelimo). Ligou para o comandante e assim estão detidos”. Não está claro se os detidos são os chefes de postos ou os jovens.

A resposta do director distrital do STAE foi: “Bem feito. Família, estamos de parabéns, o inimigo está aflito, mas precisamos de continuar atacando” - e dá uma orientação: “aceitem testemunhas e cédulas só se for para nos beneficiar, caso contrário, não”.

Um outro interveniente alerta aos colegas para que estejam “sempre atentos e alinhados”, porque esta “é a nossa vez”. João Ernesto, outro membro do grupo, aprova a ideia e aplaude: “Isssoooo mesmo... Vamos a isso…na guerra não se atira rebuçados…pulga arranca-se e sangra. Vamos extrair matequenha. Agora somos nós…a força da mudança”.

Numa das mensagens, a supervisora Gizela Patrício manifesta preocupação por ter havido o recenseamento de um número considerável de eleitores num dos postos e desabafa: “Espero que que pelo menos 90% sejam nossos cdas (camaradas), que se recensearam, se for o contrário estamos lixados”.

Os supervisores e os respectivos directores chegam a celebrar os bloqueios que fazem aos potenciais eleitores da oposição. Um dos supervisores orgulha-se de ter devolvido cédula de um dos eleitores. Paulino Tato Luís comunica ao Director Distrital do STAE que “Quero mandar prender o secretário do 1º bairro Macuti. Está sempre a sondar o meu posto”. Em resposta, Nelson Carlos de Rosário autoriza: “Faça isso chefe”.

https://www.cipeleicoes.org/wp-content/uploads/2023/05/Boletim-das-eleicoes-78.pdf  


quinta-feira, maio 18, 2023

Reino Unido e Suécia injectam mais de MZN 192 milhões para energias renováveis em Moçambique

 Governos do Reino Unido e da Suécia assinaram, hoje, um acordo para injectar 2,4 milhões de libras, o equivalente a mais de 192 milhões de Meticais, ao programa de energias renováveis em Moçambique, que está em curso desde 2019 e tem o fim previsto para 2024, abrangendo 1,9 milhões de pessoas.

O acesso à energia eléctrica ainda não atingiu 50% da população moçambicana e a meta do Governo é levar energia a toda população até 2030. E as energias renováveis são uma das apostas para o alcance dessa meta, por isso, esta quarta-feira, os representantes dos governos do Reino Unido e da Suécia em Moçambique assinaram, em Maputo, um acordo para adicionar mais dinheiro ao programa “Brilho”, em implementação desde 2019 em todo país. 

 https://opais.co.mz/reino-unido-e-suecia-injectam-mais-de-mzn-192-milhoes-para-energias-renovaveis-em-mocambique/

sexta-feira, maio 12, 2023

Quando havia ética - Temos algo para RESGATAR, compatriotas.

Antes da introdução do sistema nacional de educação, todas as classes do então ensino primário faziam exames nacionais em cada fim do ano lectivo. Os exames eram elaborados em Maputo e bem selados a cera, eram enviados para todas as províncias e as províncias enviam-nos aos distritos e os distritos nas mãos dos júri indicados ou dos directores chegavam nas escolas. Os júris eram compostos por um presidente e dois vogais.

Os membros dos júris eram movimentados duma escola para outra. No caso dos exames da terceira e quarta-classes, os professores que compunham os júris eram normalmente de outros postos administrativos e quanto mais perto, vinham de outras ZIPs.
Na hora do início dos exames, o júri ia à frente dos alunos com o envelope, levantava-o mostrando-o a todos e muito mais aos alunos que o envelope mantinha-se selado a cera. Se não fosse um dos vogais, muitas vezes, chamava-se a um dos alunos para abri-lo. Depois é que se seguia à distribuição dos mesmos.
Nota: 1) O mais interessante, é que naquela altura, mesmo sem meios de transporte, os exames chegavam à hora a quase todas escolas.
2) Raramente se relatavam problemas de violação dos envelopes ou fraudes. Violação dos envelopes e fraude eram um ESCÂNDALO e tomavam-se medidas rigorosas, independentemente de quem o cometeu.
3) Na altura, até posso dizer que não havia compaixão com quem fosse fraudulento. A título de exemplo, em 1981, o então director da Escola Primária de Netia-Sede, distrito de Monapo, por sinal meu colega e amigo, violou os exames da quarta-classe e deu as soluções/correccões ao seu sobrinho que vivia com ele. Ele pessoalmente, havia sido destacado para examinar no Itoculo-Sede, minha escola na altura. Durante os exames, o sobrinho do director fazia-nos rapidamente e na correcção, era 100% igual às soluções. Nisto os examinadores desconfiaram e tinha que questioná-lo ao que confirmou que havia estudado antes as soluções. Informada a direcção distrital, a polícia foi deter o então, director da escola que nunca mais voltou a ser professor.
4) Fora disto, tenho mais um exemplo de um colega da sexta-classe na Escola Secundária de Nacala, por sinal também meu amigo, que vivendo com o nosso professor de português, seu primo, trocara a sua prova com 100% da proposta de correcção do professor. O professor anunciou publicamente a medida que a nota dele naquela prova era igual a ZERO e isso implicava a uma reprovação e repetição da classe.
TEMOS ALGO PARA RESGATAR.
Feliz sexta-feira.

sexta-feira, maio 05, 2023

O milho e um provérbio macua

Interprete este provérbio macua. 

Hiyo na palixi, onthumeliya etala: nós somos como a farinha de milho que só se compra no tempo de fome.

sábado, abril 29, 2023

Eleição indirecta e as amarras partidárias vs a liberdade dos candidatos

Do SAVANA de 22.04.2023 lê-se que a tentativa de se introduzir eleição presidencial por cabeça de lista, ora recusada pela CRED para seu material de reflexão, há sectores jurídicos-legais que sugerem o modelo angolano e sul-africano, para uniformização do presidente do município e do governador.
Sobre a sugestão desses sectores jurídicos-legais, questiono-me se fizeram algum ESTUDO que prova a satisfação da maioria pelo modelo da eleição indirecta de edis e governadores. DUVIDO.
Tanto quanto tenho lido ou ouvido (nos chapas, nas ruas) é que a eleição por cabeça de lista é um às AMARRAS PARTIDÁRIAS e no nosso caso, onde tudo é partidarizado, viola os princípios de estado de direito democrático. Só para dar um exemplo, Samito aka Samora Machel Jr, da Frelimo, foi chamado ao partido Frelimo para responder por ter se candidatado num outro partido.
O caso do Samito, prova que o modelo de cabeça de lista, num país como o nosso, só vale para amarras partidárias, o que na minha opinião, é perigoso para o país porque pode ser um factor de conflito.
O nosso modelo actual tem vantagens porque permite CANDIDATURAS INDEPENDENTES e parece-me que estamos mais preparados hoje que em 1994 ou 1999.

Nota: 1) Essas brincadeiras, os supostos sectores jurídicos-legais, só anunciam que mudança em Mocambique só será possível com um golpe militar.
2) Tarde ou cedo e enquanto não se evitar, haverá golpe de estado em Mocambique. Isso será por culpa da forca política que governa, a mesma que não sabe que o lugar dos militares é o quartel.


segunda-feira, março 20, 2023

Sobre os Cancelamentos - Mr Brown

Não se cancela apenas por não ter-se ido ao velório, mas por se ser cúmplice do sistema de opressão, exclusão, exploração e todo o mal que o Azagaia denunciava e por isso constituir a razão de marginalizá-lo.

Negue-se ou não, os excluídos conhecem os seus heróis.
Do meu ponto de vista, o cancelamento DEVE estar a estender-se aos familiares e amigos cúmplices que têm se exibido ao lado dos opressores. Quando estou em Mocambique tenho estado muito atencioso nos chapas, nas ruas, nos mercados, revistando o Diário de um Sociólogo, o Carlos Serra.

quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Nyusi promete estrada em Memba

A construção das estradas Memba-Alua (85 quilómetros) e Memba- Nacala Velha (57 quilómetros) figura no topo das prioridades do candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi, para o distrito de Memba,  em Nampula.

Filipe Myusi escalou esta manhã os distritos da Ilha de Moçambique e Memba. Foi neste último que assegurou a construção de estradas e pontes como forma de facilitar a circulação de pessoas e bens.

Actualmente para se chegar a Memba, a partir da capital provincial, existem duas entradas – Nacala-a-Velha e Alua, no distrito de Eráti, na  Estrada Nacional Número 1. No entanto, estas rodovias sofrem interrupções no tempo chuvoso, o que dificulta a vida da população.

Filipe Nyusi prometeu melhorar as vias de acesso caso saia vitorioso nas eleições 15 de Outubro.

Depois de Memba Filipe Nyusi rumou para o vizinho distrito de Chiúri, na província de Cabo Delgado.


Fonte: Jornal Domingo, 09.10.2019

sábado, janeiro 28, 2023

Debater I

Pode ser que antes eu sabia debater com os amigos, mas já que não era de forma organizada e muito menos numa reunião com moderador, prefiro chamar de discutir. Debater na verdade aprendi no centro de formação de professores primários de Momola, em 1978 e agradeço muito por ter tido aquela oportunidade. Ali e pelo menos naqueles primeiros cursos forjava-se o homem para saber construir opinião e argumento.

Tínhamos frequentemente reunões de grupos, de turma e gerais. Discutíamos casos de violação de regulamento tanto pelos alunos (instuendos) como pelos formadores (instrutores) de forma aberta em reuniões gerais, quando fosse necessário. Havia vezes que esse tipo de reunião começava às 19:00 ou 20:00 horas, se bem que me recordo, para termirar às 7:00 do dia seguinte, altura que Isaias Mahache, o director (responsável político) dizia com o seu sotaque: “No meu “lerógio” são sete holas”.

O mais interessante é que as nossas particularidades, os nossos espíritos, se notabilizavam nesse processo de formação de um professor novo, em particular e de um cidadão, em geral. Havia alunos e muitos que aprendiam e aperfeiçoavam o sentido crítico, havia os que pareciam indiferentes ou com receio de manifestar as suas opiniões sobre alguns assuntos, havia os chamados reguilas ou indisciplinados e por último, outros em número muito pequeno, mas muito visíveis e barulhentos que tudo que diziam estava bem estudado para agradar à direcção do centro. Estes últimos são do tipo que hoje em dia chamamos de bajuladores, embora esta palavra não seja nova. O mais notável bajulador, era o J.P., um que falava tipo o Mafundisse da RM e nós sabiamos o que ia dizer sempre que levantasse, daí que se gritava “Lééénine”. Se ele pensava que era elogio porque estava à altura do político Vladimir Lénine, para nós era o mesmo que dizer: bajulador, lambebota. Já que nunca havia relação de proximidade entre os instrutores e instruendos, os primeiros deviam ter pensado que viamos o J.P., como um cidadão politicamente formado ou maduro.

Havia um outro, J.T. que quando fosse sobre alguma violação do regulamento propunha medidas severas como a de cavar trincheira. As violações mais notáveis eram de ir à população e comprar mandioca e ou amendoim para comer, colher laranja ou mesmo abandonar (fugir) o curso ou namorar. Namorar era raro porque praticamente não havia oportunidade. Quem fugisse do curso devia evitar de ser visto na cidade de Nampula para não ser recolhido ao centro com ajuda da polícia. Uma vez, trouxeram de volta, um colega que por sinal era do grupo de Nacala, o meu. Na reunião de apresentação do fugista, J.T. sugeriu as medidas muito severas como de rapar-lhe o cabelo, tendo em conta que naquela altura era estranho ver alguém com cabeça rapada, e, cavar trincheira. Uma semana depois, era o próprio J.T. a fugir para sempre.

Os reguilas, faziam tudo por tudo para serem expulsos do centro de formação, mas era a coisa impossível naquele tempo. No lugar de expulso era ser reprovado por indisciplina e obrigado a repetir o ano. Os, mais notáveis eram o P.T. e T. o T. até negou de dar aulas na escola anexa. P.T. que havia repetido o ano por insdiciplina era muito alegre para com os colegas, mas sempre dava respostas secas aos instrudores.