Na Beira
“Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira” – Alberto Joaquim Chipande, chefe da Brigada Central do Partido Frelimo para as eleições em Sofala “Pelo menos ficamos a saber que quem não quer democracia neste país é a Frelimo. Chipande deixou cair a máscara da Frelimo, que não está interessada no exercício democrático, hoje como ontem” – Gabriel João, académico
Beira (Canalmoz) – Os recados ao País tem vindo da Frelimo por via de Alberto Joaquim Chipande, antigo combatente da luta de libertação nacional, vulgo o guerrilheiro do “primeiro tiro” que simboliza o início da guerra anti-colonial. Assim vamos todos ficando a saber o que foi traçado como destino por um punhado de senhores que se apoderaram do futuro de Moçambique. “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”. São palavras textuais proferidas na Beira por Alberto Joaquim Chipande, chefe da Brigada Central do Partido Frelimo para as eleições em Sofala, em plena campanha eleitoral.
Já se tornou normal que os acontecimentos discutidos no seio da nomenklatura cheguem a público via Chipande. E desta vez, na Beira, voltou a ser o ex-ministro da Defesa de Samora a deixar claro que as eleições não passam de uma farsa e a dita construção da democracia é apenas uma encenação de fachada. As suas palavras ditas a semana passada são inequivocamente esclarecedoras: “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”.
Em Agosto passado, foi o mesmo Chipande quem afirmou os dirigentes da Frelimo fizeram a luta armada para se tornarem ricos.
Alberto Joaquim Chipande, é o chefe da brigada central da Frelimo em Sofala. Voltou a trazer à tona, a semana finda na Beira, aquilo que é o consenso ao nível do establishment do partido dos camaradas, já que até aqui ninguém o desmentiu: “daqui não saímos, daqui ninguém nos tira”
Este pronunciamento, que teve eco num jornal matutino local e na TVM, órgão público, este, que serve deliberadamente a Frelimo nesta campanha eleitoral, fê-lo Chipande num dos bairros da cidade da Beira.
Os comentários de quem já tomou conhecimento destas palavras não abonam a democracia em Moçambique. As pessoas não escondem que a partir de agora está claro e explícito que as eleições marcadas para 28 de Outubro “não serão mais do que uma farsa”. “Uma burla”. “Um exercício em que há um vencedor antecipado”, “um acto em que já há um partido à partida ganhador”. Foram algumas frases que registámos de entre os comentários que ouvimos.
Se alguma dúvida paira ainda em torno das revelações de Chipande, são dele também as seguintes palavras: “A campanha que estamos a fazer é para as eleições de 2014, visto que para as eleições deste ano já ganhámos”.
Várias sensibilidades a quem contactámos, na Beira, manifestaram-se surpreendidas com o teor das afirmações de Chipande. Segundo um académico, Gabriel João, “pelo menos ficamos a saber que quem não quer democracia neste país é a Frelimo. Chipande deixou cair a máscara da Frelimo, que não está interessada no exercício democrático, hoje como ontem”.
Outras vozes, que pediram anonimato por temerem represálias, acrescentaram que com isto fica cada vez mais claro o porquê da exclusão de partidos e candidatos presidenciais. Mas vai havendo quem já esteja por tudo e não aceite “por algemas nas palavras”. “A Frelimo sabe que em eleições livres, justas e transparentes não irá passar. De modo que sobre este processos resvalam as suas impressões digitais nos boletins de voto para anularem os votos nos outros. E assim também os tentáculos dentro da Comissão Nacional das Eleições (CNE) e o Conselho Constitucional. E quando isto se manifesta abertamente é sintomático de que não temos Estado de direito, estamos próximos de uma ditadura mais atroz do que a dos anos imediatamente a seguir à proclamação da independência nacional”, palavras de Feliciano Dique, professor primário.
“Estas eleições já estão viciadas. Resta saber o porquê de ser ir às urnas no dia 28 de Outubro. Olho os sinais da Frelimo com desconfiança. De actores da independência, definitivamente poderão passar à história como uma força ditatorial.”
Para Feliciano Dique “há que tomar a sério as palavras de Chipande, que só vem secundar o que Marcelino dos Santos disse no final de 1999: A Frelimo não entregará o poder aos bandidos armados”. Disse-o numa entrevista ao Diário de Moçambique. E tanto dos Santos como Chipande são da nomenklatura frelimista.
Marcelino dos Santos é tão vinculativo que chegou já a dizer: “Eu sou da Frelimo. Eu sou a Frelimo”.
“As palavras de Chipande são só mais um aviso à navegação de que a Democracia está mesmo em perigo em Moçambique”, alerta Dique que acrescenta: “a forma de pensar na Frelimo, é que, à excepção dos combateram, todos os outros são bandidos armados e por tabela não podem dirigir os destinos deste país.”
Num breve contacto com a nossa Reportagem na Beira, o membro da Comissão Política do MDM, Eduardo Elias, comentando as palavras de Chipande questionou: “Assim, por que iremos às eleições em 28 de Outubro?”
(Adelino Timóteo)
Fonte: CANALMOZ (2009-10-12 06:07:00)
“Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira” – Alberto Joaquim Chipande, chefe da Brigada Central do Partido Frelimo para as eleições em Sofala “Pelo menos ficamos a saber que quem não quer democracia neste país é a Frelimo. Chipande deixou cair a máscara da Frelimo, que não está interessada no exercício democrático, hoje como ontem” – Gabriel João, académico
Beira (Canalmoz) – Os recados ao País tem vindo da Frelimo por via de Alberto Joaquim Chipande, antigo combatente da luta de libertação nacional, vulgo o guerrilheiro do “primeiro tiro” que simboliza o início da guerra anti-colonial. Assim vamos todos ficando a saber o que foi traçado como destino por um punhado de senhores que se apoderaram do futuro de Moçambique. “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”. São palavras textuais proferidas na Beira por Alberto Joaquim Chipande, chefe da Brigada Central do Partido Frelimo para as eleições em Sofala, em plena campanha eleitoral.
Já se tornou normal que os acontecimentos discutidos no seio da nomenklatura cheguem a público via Chipande. E desta vez, na Beira, voltou a ser o ex-ministro da Defesa de Samora a deixar claro que as eleições não passam de uma farsa e a dita construção da democracia é apenas uma encenação de fachada. As suas palavras ditas a semana passada são inequivocamente esclarecedoras: “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”.
Em Agosto passado, foi o mesmo Chipande quem afirmou os dirigentes da Frelimo fizeram a luta armada para se tornarem ricos.
Alberto Joaquim Chipande, é o chefe da brigada central da Frelimo em Sofala. Voltou a trazer à tona, a semana finda na Beira, aquilo que é o consenso ao nível do establishment do partido dos camaradas, já que até aqui ninguém o desmentiu: “daqui não saímos, daqui ninguém nos tira”
Este pronunciamento, que teve eco num jornal matutino local e na TVM, órgão público, este, que serve deliberadamente a Frelimo nesta campanha eleitoral, fê-lo Chipande num dos bairros da cidade da Beira.
Os comentários de quem já tomou conhecimento destas palavras não abonam a democracia em Moçambique. As pessoas não escondem que a partir de agora está claro e explícito que as eleições marcadas para 28 de Outubro “não serão mais do que uma farsa”. “Uma burla”. “Um exercício em que há um vencedor antecipado”, “um acto em que já há um partido à partida ganhador”. Foram algumas frases que registámos de entre os comentários que ouvimos.
Se alguma dúvida paira ainda em torno das revelações de Chipande, são dele também as seguintes palavras: “A campanha que estamos a fazer é para as eleições de 2014, visto que para as eleições deste ano já ganhámos”.
Várias sensibilidades a quem contactámos, na Beira, manifestaram-se surpreendidas com o teor das afirmações de Chipande. Segundo um académico, Gabriel João, “pelo menos ficamos a saber que quem não quer democracia neste país é a Frelimo. Chipande deixou cair a máscara da Frelimo, que não está interessada no exercício democrático, hoje como ontem”.
Outras vozes, que pediram anonimato por temerem represálias, acrescentaram que com isto fica cada vez mais claro o porquê da exclusão de partidos e candidatos presidenciais. Mas vai havendo quem já esteja por tudo e não aceite “por algemas nas palavras”. “A Frelimo sabe que em eleições livres, justas e transparentes não irá passar. De modo que sobre este processos resvalam as suas impressões digitais nos boletins de voto para anularem os votos nos outros. E assim também os tentáculos dentro da Comissão Nacional das Eleições (CNE) e o Conselho Constitucional. E quando isto se manifesta abertamente é sintomático de que não temos Estado de direito, estamos próximos de uma ditadura mais atroz do que a dos anos imediatamente a seguir à proclamação da independência nacional”, palavras de Feliciano Dique, professor primário.
“Estas eleições já estão viciadas. Resta saber o porquê de ser ir às urnas no dia 28 de Outubro. Olho os sinais da Frelimo com desconfiança. De actores da independência, definitivamente poderão passar à história como uma força ditatorial.”
Para Feliciano Dique “há que tomar a sério as palavras de Chipande, que só vem secundar o que Marcelino dos Santos disse no final de 1999: A Frelimo não entregará o poder aos bandidos armados”. Disse-o numa entrevista ao Diário de Moçambique. E tanto dos Santos como Chipande são da nomenklatura frelimista.
Marcelino dos Santos é tão vinculativo que chegou já a dizer: “Eu sou da Frelimo. Eu sou a Frelimo”.
“As palavras de Chipande são só mais um aviso à navegação de que a Democracia está mesmo em perigo em Moçambique”, alerta Dique que acrescenta: “a forma de pensar na Frelimo, é que, à excepção dos combateram, todos os outros são bandidos armados e por tabela não podem dirigir os destinos deste país.”
Num breve contacto com a nossa Reportagem na Beira, o membro da Comissão Política do MDM, Eduardo Elias, comentando as palavras de Chipande questionou: “Assim, por que iremos às eleições em 28 de Outubro?”
(Adelino Timóteo)
Fonte: CANALMOZ (2009-10-12 06:07:00)
Nota: O sublinhado é meu.
Homem limitado, pensamento limitado!
ResponderEliminarA democracia vai vencer, é uma questao de tempo.
Alberto Chipande em Agosto 2009 “os dirigentes da Frelimo fizeram a luta armada para se tornarem ricos”.
ResponderEliminarAlberto Chipande, na Beira “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Nem com as eleições nem com a dita democracia ninguém nos tira”.
Alberto Chipande, na Beira “A campanha que estamos a fazer é para as eleições de 2014, visto que para as eleições deste ano já ganhámos”.
Restam dúvidas de quem é ambicioso? Restam dúvidas?!
E depois vão tentar me convencer de que a CNE e o CC agiram dentro da lei? Não está claro que as eleições de 2009 já foram carimbadas antecipadamente pela Frelimo? Há dúvidas de que o Estado Moçambicano foi sequestrado? Querem mais argumentos para perceber porquê é que a Polícia não actua, diante da violação da lei, pela Frelimo? Querem mais exemplos para perceberem as razões da impotência da PGR, diante de atropelos da lei por parte da Frelimo? Não conseguem entender porquê é que os bens e os funcionários do Estado estão a ser mobilizados pela Frelimo para a sua campanha? Não ficam claras as razões das agressões aos membros da oposição?
É este o Estado de Direito? É aqui onde ninguém está a cima da lei?
Craveira
cmcraveira@gmail.com
Importante não perder os estribos. Certa vez, dizia na AR o malogrado David Alone acerca da mesma Frelimo: "quando o leão está ferido, começa a estrebuchar". Creio que algo semelhante acontece agora. As eleições vão trazer novidades, pequenas, mas significativas! Esperar para ver.
ResponderEliminarInsisto, aprendamos de Madagascar e da Guine Bissau e salvemos Mocambique duma ditadura disfarsada. A juventude de 25 de Setembro salvou Mocambique do Jugo Colonial, a Juventude de 8 de Marco levou Mocambique ao Comunismo, a Juventude da Democracia combateu o Comunismo e impos a Democracia em Mocambique. Vamos, nos, Juventude aparentemente sem Rumo, realizar o nosso papel, para que as proximas geracoes nao se riam de nos, verdadeiras caricaturas do destino, nem que para isso, seja necessarios sacrificar nossas vidas.
ResponderEliminarDomingao
Caro anónimo
ResponderEliminarÉ difícil saber se é por limitação que Alberto Chipande diz o que diz. Eu prefiro dizer que ele apenas revela o que é da linha dura do seu partido, o que eles decidiram. Alberto Chipande não é o primeiro a dizer isso, Marcelino dos Santos e Mariano Matsinhe o disseram e Armando Guebuza, entanto que presidente da Frelimo não negou.
Um abraço
Caro Craveira
ResponderEliminarEu acho que Alberto Chipande manifesta o que dizem nas festas dos dirigentes da Frelimo. Eles têm o direito de fazer e desfazer em Mocambique.
A história da CNE e CC vai assim sendo revelada aos pedaços e não tarda que toda ela se revele. Só para lembrarmo-nos até Leopoldo da Costa disse que não havia diferença entre CNE e CC porque tudo o que fazia era aconselhado no CC e assim vai o no Estado de Direito onde opera a política de compadrio e não há separação de poderes.
Aquilo foi um golpe eleitoral feito de diferente maneira da Quénia que logo depois dos resultados finais, Zimbabwe fabricando a segunda-volta após a derrota do ditador Robert Mugabe. Aqui em casa tinha que se fazer muito antes, por causa de tanto medo.
Um abraço
Caro Magwaz,
ResponderEliminarConcordo contigo. Temos um leão ferido e isso nota-se. Agora eles usam tudo até intimidação como: nós saberemos em que votas; quem não vai votar na Frelimo e seu candidato que levante o braço para ser conhecido...
É só mobilizar os eleitores para irem às urnas no dia 28.
Um abraço
Caro Domingão
ResponderEliminarPenso que não tarda, ainda que alguém diz que não vale a pena usar as vias civilizadas, como é o caso de Conselho Constitucional ou Procuradoria-Geral da República para se queixar da batota. Esta gente não percebeu ainda que está perante uma geracão nova.
Estes homens provocam mesmo.