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quarta-feira, fevereiro 07, 2018

Já vão banir a eleicão directa de presidentes municipais???

Texto publicado a 29.12.2017 aqui

TENHO A SENSAÇÃO QUE UM DIA A ELEIÇÃO DIRECTA E SECRETA DE EDIS OU PRESIDENTES DOS MUNICÍPIOS PODERÁ SER BANIDA – Reagindo sobre as modalidades de eleição de governadores provinciais na entrevista do Presidente da Renamo.

Por António Antique ( Antonio A. S. Kawaria)
Na verdade, em Moçambique está cheio de gente com medo da verdadeira democracia, com mentalidade colonial, ditatorial, mentalidade monopartidária.
Não é por acaso que o tipo de resposta que António Salazar deu a Eduardo Chivambo Mondlane tenha eco entre mocambicanos até nasceram depois da independência. Consta que Salazar chamou a Mondlane e outros africanos que queriam independência dos seus países de infantis, despreparados para se governarem. Essa foi uma grande ofensa de António de Oliveira Salazar à nossa dignidade humana. Mas é menos ofensa quando nos infalitizamos, nos sentimos crianças para o exercício de uma verdadeira democracia? Quando nos consideramos desperarados para nos governar com regras dum Estado de Direito Democrático iguais aos europeus, americanos, ALIÁS caboverdianos, swanas, ganenses, senegaleses, maurícios, entre outros? Auto-ofensa não é a pior ofensa que fazemos a nós mesmos?
Talvez é porque estes consumiram em demasiado as propagandas do sistema monopartidarista que vigorou até 1994, aquelas propagandas que nos inculcavam o medo às eleições directas e secretas; aquelas propagandas que ligavam à eleição directa e secreta ao monstruoso capitalismo.
Recordo-me do debate do ante-projecto da Constituição da República de 1990, aquele de que o Presidente Chissano referiu a bocado que a maioria rejeitava o multipartidarismo. De facto, muitos diziam que o grande risco de umas eleições directas e secretas era de que seriam só os ricos a concorrerem e vencerem. Não sei, se desde 1994 se provou isso na presidência da República e dos municipais.
Não sei se há algum estudo em Moçambique que concluiu que quem ganha as eleições é quem é rico.
Agora falam de que podem vencer uns populistas. Ainda não sei desse conceito populista se coincide com o da Europa. Aqui na Europa fala-se de populismo quando um político usa discurso para ganhar apoio e confiança popular do eleitorado mais desfavorecido, e, normalmente é culpando aos emigrantes e outros grupos fracos/minoritários à deterioração e ou estagnação da situação económica e de emprego.
E como manifesta o populismo é Moçambique? Culpando aos nigerianos, somalis, congoleses, etc, à crise económica? Ou ao FMI, ao Banco Mundial, aos doadores e até colonialismo? Em cada um desses casos, se é que se manifesta, onde entra o moçambicano independente que queira ser governador ou presidente dum município em Moçambique? Esse tipo de discurso não tem mais eco em alguns partidos políticos?
Todo o medo de qualquer eleição directa e secreta é o medo à verdadeira democracia. Não infalitizemos os moçambicanos. Este medo em si, constitui o défice democrático para além de ser uma auto-ofensa à nossa dignidade humana. Considerarmos inferiores aos outros povos, às outras nações, aos outros seres humanos, devia ser o mínimo que nos envergonha.
Do que tenho esperado é que o nosso sistema eleitoral avançaria para a melhoria sobretudo na eleição de deputados da Assembleia da República e vereadores já que o actual não ser aos eleitores senão aos partidos ou mesmo às lideranças partidárias.
FELIZ ANO 2018 COMPATRIOTAS

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