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quarta-feira, janeiro 18, 2017

“Falha no pagamento da dívida empurra-nos para uma situação de falência”, António Francisco

O académico António Francisco não compreende como é que o Governo falha o pagamento de uma dívida renegociada há menos de um ano. António Francisco diz mesmo que se o país fosse uma empresa seria dissolvido, tal como o Nosso Banco.
António Francisco reagia, em entrevista ao nosso jornal, ao anúncio, desta segunda-feira, de que o Estado vai falhar o pagamento de uma prestação de cerca de 60 milhões de dólares relativos à dívida da Ematum.
“O que acho preocupante é que, de facto, o não pagamento desta dívida surge menos de um ano depois de ter sido renegociada e a gente tem que se perguntar que renegociação foi essa, porque quem tinha informação sobre as possibilidades do não pagamento era o Governo. Os credores não tinham e nem sabiam que havia outras dívidas ocultas, mas o Governo Sabia. Então, fez a renegociação, alterou os prazos, a taxa de juro e quando surge o primeiro pagamento diz que não está em condições”, questionou o académico.  
À semelhança de todos os economistas ouvidos pelo nosso jornal, António Francisco, que também é pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), considera que a falha no pagamento da prestação da dívida pública abre espaço para uma maior descredibilização do Estado moçambicano perante os credores e empurra o país para a situação de falência.
“Obviamente, isto empurra-nos para uma falência. Só que, o país não é uma empresa. Se fosse como uma empresa ou um banco, relativamente fácil, fazia-se aquilo que o Banco de Moçambique fez ao Nosso Banco: encerrava-se, liquidava. Mas um país não se pode liquidar desta maneira”, revelou.  
O académico diz que este incumprimento pode ser uma forma de acelerar a discussão com os credores (no sentido de encontrar novas modalidades de pagamento mais favoráveis à actual fraca capacidade financeira do Governo). Mas, considera que compromete a imagem do país o suficiente para retardar a recuperação da confiança dos doadores internacionais e a retoma ao crescimento.

Fonte: O País – 18.01.2017

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