Por Machado da Graça
A situação de grave, e extremamente perigoso, impasse em
que nos encontramos é, na minha opinião, resultado de decisões erradas que foram
sendo tomadas com base numa arrogância irresponsável.
Durante muito tempo, a Renamo, através de Afonso Dhlakama, andou a dizer que as coisas não podiam continuar como estavam, que os Acordos de Roma tinham sido espezinhados e que a sua paciência estava a chegar ao fim. No entanto, ninguém lhe ligou nenhuma e tudo continuou na mesma.
A certa altura, num encontro da direcção da Renamo, em Quelimane, há quase três
anos, os militares daquele partido decidiram que o tempo das palavrinhas mansas
do seu dirigente tinha acabado e passaram a falar grosso. Isto é, começaram a
ameaçar com o regresso à luta armada.
Muitos de nós nos apercebemos do alto risco que essa mudança implicava e alertámos para a necessidade de negociações sérias, entre o Governo e a Renamo, para afastar o fantasma da guerra. Mas ninguém nos ligou nenhuma. E o diálogo que foi iniciado foi tudo menos sério. Como dizem os brasileiros aquilo era conversa para o boi dormir de pé.
Nada das reivindicações da Renamo era possível, tudo era inconstitucional ou ia contra o sagrado princípio da separação de poderes.
E o impasse ia continuando, semana após semana.
Mais tarde descobrimos que o Governo andava por aí, nos mercados de armamento, a comprar material de guerra, muito dele em segunda mão, para resolver o problema da Renamo por via militar.
Só que, entretanto, a situação se tinha azedado completamente e o chumbo quente tinha começado a voar no centro do país, vertendo sangue moçambicano.
Talvez nessa altura ainda tivesse sido possível uma negociação séria. Dhlakama estava em local conhecido, Satunjira, e teria sido fácil conversar com ele.
Mas alguém terá convencido o nosso visionário e clarividente Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança de que a solução militar ainda era possível. E ele ordenou o ataque a Satunjira.
A partir daí foi aquilo a que assistimos. Combates uns a seguir aos outros, sempre com a sensação de que tinham sido ganhos pela Renamo. Os homens desse movimento começaram a aparecer em Nampula, em Inhambane e em Tete. Alguém falou, inclusivamente, da Província de Maputo. E isto foi, claramente, um aviso de que a guerra poderia ser alargada a todo o país.
E o Governo percebeu que não tinha forças para enfrentar essa ameaça se ela se viesse a concretizar. Isto é, em termos militares, a Renamo ficou numa posição de força.
É quando começamos a ver o Governo a recuar, em passo de corrida, na frente das negociações. Tudo o que, antes, era completamente impossível passou, agora, a ser possível e desejável. O pacote eleitoral foi aprovado numa festa e tudo parecia correr no melhor dos mundos.
Só que os principais argumentos da Renamo são os seus homens armados. Sem eles as suas reivindicações ainda hoje estariam a ser respondidas com a habitual arrogância. Portanto, ela está a exigir uma alteração profunda nas Forças de Defesa e Segurança que lhe garanta que, desarmados os seus homens, não irá ser perseguida e desbaratada militarmente. Em resumo, se o Governo tivesse encarado este problema com seriedade, há mais de dois anos, procurando chegar a acordos políticos muito semelhantes ao pacote eleitoral agora aprovado, não estaria a negociar, neste momento, com uma faca encostada ao pescoço e o risco de um súbito agravar da situação militar.
Além de que, principalmente, não teriam morrido, ou ficado feridos, uns milhares de moçambicanos e não nos arriscávamos a que isso vá continuar a acontecer. Se é que não se agrava mais. (Machado da Graça)
Fonte: Savana –
18.04.2014
Concordo com esse ponto de vista, pensa-se que esta vontade é d lider da renamo, mas na verdad é dos guerrilheiros e dlakama nao ker q seja visto como traidor. Essa arrogancia d governo d guebuza nota-s em varias situaçoes (greve ds medicos, % d aumento salarial, entre outros)...
ResponderEliminarNao ha justiicativa para matar. acho que devia exister outro meio de fazer as coisas. Nao disparando as armas e matando o povo como a Renamo faz. Nao concordo
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