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segunda-feira, abril 01, 2013

DOIS MORTOS NO QUENIA EM VIOLÊNCIA PÓS-ELEITORAL

Duas pessoas foram mortas, sábado, durante manifestações violentas no oeste do Quénia, depois de um tribunal ter oficialmente declarado Uhuru Kenyatta como vencedor das eleições presidenciais de 4 de Março passado, disse domingo uma fonte da polícia.


As duas vítimas morreram em resultado de ferimentos na violência que eclodiu na cidade de Kisumu entre a polícia anti-motim e apoiantes de Raila Odinga que saiu derrotado das eleições em que Kenyatta foi declarado vencedor, disse o chefe da polícia, Joseph Ole Tito. Outras sete pessoas também ficaram feridas nos confrontos.

O Tribunal Supremo do Quénia declarou sábado a vitória de Uhuru Kenyatta, descartando uma petição apresentada por Odinga que alegava irregularidades no escrutínio, mas este aceitou o veredicto do tribunal para preservar a unidade nacional.

Confrontos eclodiram imediatamente entre um grupo de jovens e a polícia em Kisumu, a maior cidade na região ocidental, onde a maioria das pessoas é apoiante de Odinga. Como consequência, duas pessoas morreram de ferimentos de balas, escreveu um repórter da AFP.

Um oficial da polícia, que pediu anonimato, disse que outros sete indivíduos sofreram ferimentos de balas depois que a polícia abriu fogo, mas não houve imediata confirmação destes factos.

Numa primeira acção da polícia os manifestantes foram dispersos, mas reagruparam-se mais tarde e começaram a arremessar pedras contra veículos e motorizadas, ferindo várias pessoas.

Segundo o repórter da AFP, lojas foram pilhadas e transeuntes foram roubados enquanto soavam tiros esporádicos.

Em Nairobi, a polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar apoiantes de Odinga que se manifestavam durante a tarde no centro da cidade.

Incidentes similares e tensão foram também reportados no princípio da tarde nas zonas suburbanas tradicionalmente apoiantes de Odinga. O chefe da polícia em Nairobi disse que tinham sido enviados reforços da corporação para aquelas zonas da cidade. Ele falou de “confrontos” mas não adiantou detalhes.

Os seis juízes do Tribunal Supremo deitaram por terra as últimas esperanças de Odinga de conseguir vitória ao declararem por unanimidade que as eleições de 4 de Março foram justas e que Kenyatta tinha sido “validamente eleito”.

“A eleição presidencial…foi livre, justa, transparente e credível de acordo com os princípios da constituição e de todos os princípios da lei”, disse o Ministro da Justiça, Willy Mutunga.

A decisão abre caminho para Kenyatta, filho do primeiro presidente do Quénia e um dos mais ricos africanos, ser empossado como chefe de estado a 9 de Abril.

Os seis juízes descartaram petições apresentadas por Odinga, o ex-Primeiro Ministro e principal rival de Kenyatta na corrida presidencial, e também de grupos da sociedade civil sobre o que alegavam ser irregularidades que distorceram os resultados do escrutínio.

Os peticionários exigiam novas eleições.

Odinga disse aceitar a decisão do tribunal e felicitou o seu adversário.

“O tribunal já falou”, disse Odinga, acrescentando que mesmo que não possamos concordar com todas as suas decisões, a sua fé na constituição “continua suprema”.

O anúncio da sua derrota nas últimas eleições, em 2007, quando concorreu contra o ainda presidente Mwai Kibaki, levou aos mais violentos confrontos desde a independência do país, que fez mais de 1.100 mortos e muitos milhares de cidadãos foram forçados a fugir das suas casas.

Por seu turno, Kenyatta agradeceu ao seu rival dizendo que a decisão do tribunal foi “uma vitória de todos os quenianos” que votaram a 4 de Março.

“Quero garantir aos quenianos que o nosso governo vai ser tão inclusivo quanto possível e vai reflectir a face do nosso grande país”, disse Kanyatta.

A Cassa Branca, o Reino Unido, a França e a Comissão Europeia já congratularam Kenyatta pela vitória.

Ao contrário da Cujina e vários países africanos, os países ocidentais evitaram apresentar felicitação até ao pronunciamento final do Tribunal Supremo.

Kenyatta e o seu adjunto, William Ruto, ambos enfrentam o Tribunal Penal Internacional, acusados de crimes contra a humanidade pelo seu alegado papel no planeamento da violência pós-eleitoral em 2007-2008.

Vários embaixadores europeus tinham dito que se Kenyatta for eleito, com ele vão se limitar aos contactos estritamente essenciais.
(AIM)
Times sa/bm/dt

Fonte: AIM - 01.04.2013

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