A Polícia da República de Moçambique (PRM) e alguns agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR) cercaram, esta quinta-feira (28), em Maputo, o edifício da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane para impedir a manifestação de mais de 130 estudantes estagiários em consequência da sua reprovação por terem participado da greve dos médicos em Janeiro passado.
A aludida manifestação, que incluía os pais e encarregados de educação e docentes, estava programada para esta quinta-feira.
Blayton Caetano, representante dos estudantes estagiários, disse que no período da manhã, cerca de 300 pessoas estavam reunidas naquela faculdade com o objectivo de realizar uma manifestação pacífica, mas foram surpreendidas por um contingente da Polícia armada até aos dentes.
O desejo dos estudantes foi frustrado embora tivessem informado atempadamente às autoridades. As cartas endereçadas ao Comando da PRM e ao Conselho Municipal de Maputo davam a conhecer que a manifestação teria lugar nas imediações do Hospital de Central de Maputo (HCM).
Entretanto, as duas entidades recusaram e a Polícia alegou que o local escolhido para o efeito “traria constrangimentos socias por ser perto de uma morgue e de uma unidade sanitária”.
Apesar da recusa, os estudantes mantiveram, ainda nesta quinta-feira, um encontro com um comandante da PRM, cujo nome não foi possível apurar, tendo este deixado claro que não iria recuar da sua decisão para que houvesse a macha. “Ele veio com um discurso desmoralizante na tentativa de nos fazer desistir”, contou Blayton Caetano, acrescentando que o policial teria prometido mandar um força “para garantir a ordem e tranquilidade públicas”.
A manifestação vai ter lugar numa data ainda por marcar.
Mais cinco meses de estágio
Ainda esta quinta-feira, os pais e encarregados de educação mantiveram um encontro de cerca de quatro horas com a direcção da Faculdade de Medicina, do qual ficou acordado que os estudantes reprovados por ter aderido à greve dos médicos, em Janeiro último, deverão cumprir um estagiar de cinco meses.
Segundo Júlio Silva, um dos encarregados de educação, esta decisão não é obrigatória. “Cabe aos pais e aos seu filho discutir e decidir se aceitam ou não”.
AMM condena as reprovações
A Associação Médica de Moçambique (AMM) disse, através do seu porta-voz, Paulo Samo Gudo, que condena a medida tomada pela Faculdade de Medicina, de reprovar os estudantes que aderiram à greve dos médicos.
O silêncio do Ministério da Saúde (MISAU) perante essa situação põe em causa o acordo que este assinou com AMM, disse Samo Gudo, adiantando que a agremiação já recorreu às entidades competentes no sentido de encontrar uma solução pacífica para o problema dos estudantes.
Fonte: @Verdade – 28.02.2013
O curso de Relações Internacionais ajudou-me a perceber muita coisa sobre o derrube de governos ditatoriais pelos estudantes.
ResponderEliminarNa Indonésia, por exemplo, foram os estudantes que derrubaram o governo de Suharto. Que não se esqueçam disso.
Em Portugal, foram os estudantes que derrubaram o governo de Salazar (o 25 de Abril é apenas o corolário das manifestações estudantis);
No Malawi, o despertar dos estudantes, levou à queda do regime de Banda. É preciso perceber que, por natureza, o povo de malawiano é tradicionalmente fechado e subserviente, como a China antiga;
Na China, a Praça da Paz Celestial só nao caiu por pouco, mas foram os estudantes que inflamaram as vozes contra um dos regimes mais cruéis do mundo. A propósito, sobre este assunto: duas breves análises. A primeira: o governo chinês só conseguiu dispersar os manifestantes porque colocou câmaras secretas nos postos de iluminação que permitiu identificar os líderes dos grevistas (nunca mais se viu o paradeiro deles). A segunda: mesmo diante de fogo cruzado, a imagem histórica mostra um homem (até aqui anónimo e desaparecido) a desafiar o exército. O blindado não foi capaz de o atropelar, assim como bala nenhuma foi projectada contra aquele homem.
O que isto significa, amigos? Significa que a coragem e determinação de um homem é mais dura que aço.
No Zimbabwe (do meu pai Mugabe), só não caiu porque Mugabe apostou na juventude, ou seja, investiu em universidades. Não é por acaso que a educação do Zimbabwe é dos mais saudáveis de África. Alguma dúvida? O percurso do meu chamuale Manuel de Araújo é caso disso.
Em Moçambique, o governo da Frelimo esteve quase a cair por várias vezes. E vai cair, se os estudantes continuarem a lutar contra esse regime. É uma questão de tempo.
Podia continar, mas é hora de ir trabalhar.
Ziicomo