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quinta-feira, junho 14, 2012

Governo quer enviar delegação para apoiar 45 estudantes no Sudão

O Governo moçambicano anunciou hoje a "intenção de enviar uma delegação" ao Sudão, composta por técnicos do Ministério da Educação e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, para "viver o problema" dos estudantes em Cartum.

Recentemente, 45 estudantes moçambicanos da Universidade Internacional de África no Sudão denunciaram à Lusa as "precárias condições" de vida naquele país africano, responsabilizando "algumas organizações islâmicas" moçambicanas de os terem enviado para Cartum, mas com "objetivos obscuros".
O Ministério da Educação de Moçambique emitiu um comunicado a distanciar-se de qualquer responsabilidade no caso, por alegadamente o grupo não ter ido para aquele país a coberto de bolsas do Governo moçambicano.

Em declarações, hoje, à Lusa, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Eduardo Koloma, garantiu que "o Governo tem intenção de enviar uma delegação para viver o problema no terreno".

"Nós estamos em articulação com o MINED, que nos informou que uma delegação irá ao Sudão", disse Eduardo Koloma.

Moçambique não tem representação diplomática na capital sudanesa, pelo que as autoridades moçambicanas pretendem contactar o Governo do Sudão por via da "embaixada moçambicana mais próxima de Cartum, que deverá ser a do Cairo, ou a da Argélia", acrescentou.

Segundo Eduardo Koloma, "o Governo já fez uma consideração aprofundada deste assunto. Já criou uma equipa para se ocupar deste problema, porque o Governo tem a responsabilidade de dar uma proteção consular a qualquer moçambicano que esteja aí fora. E esta tarefa recai no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação".

O diplomata disse que "o Governo está a viver intensamente este problema" dos estudantes, assinalando que, até terça-feira, cinco dos 45 estudantes já haviam deixado o Sudão.

"Há informações em como cinco deles já deixaram o país. Tomámos conhecimento de que talvez (tenham deixado o Sudão) há uns dois dias. Não foi o Governo quem os apoiou para sair. Creio que devem ter encontrado apoios possivelmente das instituições que os levaram para estudar ali", disse Eduardo Koloma.

Em contacto com a Lusa, no domingo, um dos estudantes denunciou que seis dos 45 moçambicanos no Sudão tiveram os passaportes e cartões de estudantes confiscados, por recusarem assinar um desmentido das denúncias sobre as precárias condições de estudo.

Dos 45 estudantes, que saíram de várias províncias de Moçambique para o Sudão, 30 não concordavam com o modelo de contrato firmado com a Universidade Internacional de África do Sudão, à qual acusam de não estar a honrar o compromisso de atribuição de bolsas de estudo completas.

Em entrevista à Lusa, um estudante disse "que 24 estudantes foram obrigados a redigir uma carta negando tudo o que foi abordado nas cartas que enviamos. Devido às ameaças eles foram obrigados a assinar um papel que não se sabe qual será a finalidade".
MMT.

Lusa in Notícias Sapo – 14.06.2012

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