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domingo, setembro 25, 2011

Preguiça e corrupção

Por Arlindo Oliveira

MIRADOURO - Maneira vergonhosa de vender roupa feminina (1)

MEUS pares, meus concidadãos moçambicanos, a vida está uma dor de cabeça, uma barra e um fardo difíceis de suportar, em condições normais para um homem considerado normal. Cá entre nós, mesmo para quem se considera assalariado, a vida não é um mar de rosas.

O nosso Presidente da República, Armando Guebuza, tanto se reveza em dizer que a gente tem que combater a pobreza absoluta e não o faz sem razão. É que sem produção, nada cairá de lá do firmamento, é preciso arregaçar as mangas, é preciso mudarmos de atitude, abraçarmos uma nova postura, ganharmos um novo cometimento, uma outra visão de desenvolver o país.

Ora, não sei de quem herdamos a preguiça, mas tenho a triste impressão de que muitos dos meus concidadãos gostam de vida fácil, abraçam a corrupção como se fosse uma nobre profissão, sobretudo na Administração Pública. Quem tem um furo, aproveita-o da melhor maneira. Afinal de contas, vozes motivadoras da corrupção sustentam que ninguém pode endireitar este país, porque só de corrupção é que se pode enriquecer com uma velocidade lunar. A honestidade condena o cidadão à pobreza absoluta até à morte.

Quem labuta tem poucos louros. Os esquemas obscuros é que estão em voga, porque se assim não fosse, como seria possível que os tribunais se ocupassem de resolução de casos de desvios de avultadas somas em dinheiro protagonizados por funcionários públicos? Quem está numa posição por onde serpenteia o dinheiro, tira algum proveito. Ainda estamos lembrados daquele caso ocorrido na edilidade do sr. Nhancale, na cidade da Matola, em que alguém fazia do seu posto de trabalho um cofre pessoal, transferindo altos valores pecuniários para quem quer que fosse.

Aquilo era um saco azul, em que a qualquer momento, a qualquer altura e a seu belo prazer, sacava dinheiro do erário público para se “refastelar”. A tal sina de que o cabrito come onde se encontra atado. E, curiosamente, os novos cabritos até escolhem o capim que querem pastar.

E os cidadãos comuns, os contribuintes dos impostos que alimentam o nosso muito necessitado Estado, ficam a chuchar o dedo, ficam a assistir àqueles que lhes cobram os impostos, a enriquecerem-se de forma duvidosa, o tal enriquecimento ilícito, como rezam os jurisconsultos, os legisladores e outros entendidos na matéria do Direito Positivo.

A esses indivíduos, os chineses tiveram uma inovação, em termos de vocabulário. Eles chamam aos tais que dormem pobres e despertam ricos, de “novos ricos”. Só que, aí de quem é apontado o dedo acusador, arrisca-se à forca, sem piedade, sem contemplações. Lá, não há brincadeira de menino para com os fundos do erário público. A responsabilização é mesmo séria, exige-se honestidade redobrada.

Fonte: Jornal Notícias - 26.09.2011

Reflectindo: Essa história da Matola é pública? Alguém pode me explicar bem?

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