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segunda-feira, abril 25, 2011

Vaidade política que deu em falso (4)

MIRADOURO

Por Arlindo Oliveira

Bem, a euforia pela democracia, me parece que só agora é que chegou ao mundo árabe africano. Quando o povo se farta de algo ou de um político, nem parece ter recebido ovações em tempos anteriores. E quem tira proveito destas situações são os ocidentais, que sempre são apologistas de alternância no poder político.

Ninguém sabe porque motivos, mas a verdade manda dizer que os governantes africanos são mesmo casmurros. Não se convencem de que os tempos são outros, que estes mudaram. Quando a população dá por findo um determinado regime, aliás, quando os cidadãos desse país querem pôr ponto final a vida de alguém, tudo fazem para que isso seja possível.
O que me parece incrível e inacreditável é que esses líderes que caiem na esparrela que eles próprios armam, não entendem que a sua dinastia chegou ao seu termo, chegou ao fim, que é preciso adoptar outro sistema para garantir a sobrevivência. Aqui, vejo-me obrigado, mais uma vez, a ter que repetir tantas vezes que o poder político para os africanos tem um sabor especial.
Por aquilo que se nos deixa entender, é que os líderes políticos africanos quando ascendem ao poder, nunca se assoaram a um guardanapo, ou seja, nunca aprenderam nenhuma lição. Ninguém quer ceder, assim, de bandeja, o poder, dando a ideia de que tanto o nosso carismático Samora Machel sempre defendeu, argumentando que o poder não se oferece, mas sim, conquista-se. E penso que ele (Samora), assim pensava, contudo, num contexto diferente.
Dizia que a África do Norte entrou numa acção polvorosa, em que se rebelaram contra tudo e todos aqueles que se encontravam na situação de governantes, escorraçando os timoneiros dos seus respectivos países. É motivo para se dizer que um líder carismático hoje, amanhã pode ser besta. Um líder político encabeçando os destinos de uma nação, hoje, considerado querido e benjamim, amanhã, pode ser considerado “ persona non grata”.
Penso que os dirigentes políticos africanos deviam ter lições já bem estudadas. Muita coisa surge pelo mundo fora, que poderia servir de exemplo para nós os africanos, contudo, nada. A gente deposita plena confiança no nosso povo, esquecendo de que este povo, quando se rebela, muda tudo para o avesso.
Quem diria que a Tunísia faria a reviravolta que protagonizou? Quem diria que os egípcios haviam de mandar passear o seu líder daquele jeito? É preciso que os líderes políticos africanos entendam que as pessoas não têm uma paciência elástica, que tudo tem os seus limites.
Hoje por hoje, há especulações de que a Al-Qaeda estará por detrás de todas as escaramuças que abalam a África do Norte, mas isso não passa de um mero ponto de vista, não passa de uma simples desconfiança.

Fonte: Jornal Notícias - 23.04.2011

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