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quarta-feira, abril 13, 2011

Haja medidas exemplares na FIR

DIALOGANDO

Por Mouzinho de Albuquerque

A FORÇA de Intervenção Rápida (FIR) actuou de forma brutal e chocante, semana passada, contra os trabalhadores da empresa G4S em greve, na cidade do Maputo, facto que continua no topo das críticas da sociedade moçambicana. É que, na verdade, ninguém não ficou chocado, irritado e escandalizado com a tamanha barbaridade, com aquele uso excessivo da força por parte dos elementos da FIR, que segundo informações veiculadas pelos órgãos de comunicação social, um dos trabalhadores espancados perdeu a vida.

A atitude daqueles membros da Polícia está a ser muito criticada e condenada. Ainda bem que as autoridades governamentais a vários níveis já reconheceram publicamente ter havido o excesso ou exagero no uso da força por parte dos elementos da Força de Intervenção Rápida, daí que neste momento estejam a decorrer diligências com vista ao apuramento das responsabilidades. Aliás, é de elogiar a reacção do Executivo face a intervenção violenta da Força de Intervenção Rápida naquela empresa.

Mas, o mais importante e o que interessa é que, em função dos resultados dessa investigação, as medidas que se prometem tomar, devem ser exemplares, até porque logo à partida, há matéria para tal. Isso para desencorajar a prática de actos desumanos como aqueles por parte da PRM. Digo isso porque não é pela primeira vez que se assistem a cenas chocantes protagonizadas pela nossa Polícia, com destaque por parte da FIR neste país, quando é chamada a intervir, principalmente em casos de manifestações, mesmo que sejam pacíficas.

É preciso que sempre tenhamos a consciência considerando a salvaguarda da vida das pessoas em qualquer local, quer de trabalho quer não, como uma prioridade absoluta, pois que ela não se compra, vale mais do que uma empresa, um computador, uma máquina de escrever, um carro, mesmo que seja de luxo e outras coisas importantes que possamos ter.

Espero que os nossos responsáveis, em particular da Polícia da República de Moçambique não se limite apenas em – que houve exagero na actuação dos elementos daquela força, para tal precisam de medir melhor e com seriedade e responsabilidade as suas palavras ou promessas, tomando medidas exemplares para os culpados dos espancamentos.

Por conseguinte, pessoalmente fico aterrado quando me apercebo, em função do que sou dado a observar, que as pessoas que gerem aquela força não parecem fazer análises aprofundadas dos riscos, antes de “despacharem” os seus homens para o terreno, como foi o caso vertente.

É verdade que houve situações irregulares cometidas pelos grevistas da G4S e que não se deve estar no terreno apenas para que se possa, do ponto de vista policial, dizer-se presente, mas o que se assistiu nas intervenções da FIR pode ser uma demonstração de que ela ainda não está preparada para lidar com aquele tipo de situações. Então, se é assim, exige-se um outro tipo de preparação profissional.

Aquele caso não pode “morrer” assim como começou, à semelhança do que aconteceu com outros tantos que já aconteceram neste país. É preciso que haja responsabilização para que as atitudes reprováveis da FIR ou outro ramo da nossa Polícia, que num país sério levam a demissão de dirigentes, não se repitam, muito mais quando o uso da força esteja desproporcional aos manifestantes.

Fonte: Jornal Notícias - 14.04.2011

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