Praia - O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, disse hoje (domingo), em entrevista à Lusa, que está preparado para ganhar, mas caso perca as eleições legislativas do próximo dia 06 de fevereiro, "em nenhuma circunstância" concorrerá às presidenciais de Agosto.
"Estou preparado para ganhar. Espero ganhar as eleições, mas um democrata também tem que estar preparado para as escolhas que os cidadãos fizerem.
O meu combate é para as legislativas. Em nenhuma circunstância serei candidato a Presidente da República. Ganhando ou perdendo. Na eventualidade de perder as eleições, estarei no parlamento, estarei aqui, retomarei a minha vida académica e continuarei a contribuir para o desenvolvimento de Cabo Verde", disse.
Chefe de Governo, desde 2001, e líder do PAICV -- Partido Africano para a Independência de Cabo Verde, José Maria Neves acredita que nestas legislativas, em que defronta o seu antecessor no cargo, Carlos Veiga, que foi primeiro-ministro na década anterior, estão em disputa dois tipos de projectos políticos.
"Há um projecto de poder, de quem quer o poder a qualquer preço, não vendo a meios, numa perspectiva de vale tudo e a minha candidatura, que tem um projecto de sociedade. Não quero de forma alguma que esta campanha seja uma campanha pessoal, um confronto entre pessoas, mas um confronto entre ideias, entre projectos alternativos de sociedade", defendeu.
Instado a comentar a bipolarização evidente no sistema político cabo-verdiano, em que o poder tem vindo a ser exercido, desde a independência em 1975, pelo PAICV e MpD (Movimento para a Democracia), José Maria Neves considerou que a qualidade da democracia não depende de haver mais ou menos partidos.
"Não há mais ou menos democracia se há mais ou menos partidos. É a realidade política do país que levou à criação de dois partidos políticos fortes em Cabo Verde. Esta é a realidade. Temos que conviver com ela e trabalhar para que os dois partidos não sufoquem a sociedade civil. Não exerçam o poder de modo hegemónico", acentuou.
Nesse sentido, disse que se vencer as legislativas de 06 de fevereiro constituirá um "Governo abrangente, aberto à sociedade civil", à semelhança do que fez nos dois mandatos que leva à frente do executivo, marcados pela entrega de pastas importantes, como os Negócios Estrangeiros e Justiça, a independentes, para, explicou, "trazer o fermento da sociedade civil para dentro da sociedade política".
"Eu tenho dito: se ganhar as próximas eleições, como espero, independente do resultado eleitoral terei de constituir um Governo abrangente, aberto à sociedade civil, mobilizando as competências e as capacidades existentes, porque não podemos esgotar tudo nos partidos políticos que existem", afirmou.
No plano das relações externas, José Maria Neves destaca a "excelência" do relacionamento com Portugal, que não é condicionado por quem esteja no poder, em qualquer um dos dois países.
"Tive excelentes relações com o primeiro-ministro Durão Barroso, depois com o primeiro-ministro Pedro Santana Lopes -- que foi com quem elevamos ainda mais o patamar do relacionamento financeiro entre Cabo Verde e Portugal -, e depois com o primeiro-ministro José Sócrates. Tenho também especiais relações com o Presidente Cavaco Silva, de modo que com Portugal as relações vão continuar atingindo níveis cada vez mais de excelência", salientou.
Quanto à União Europeia, o primeiro-ministro cabo-verdiano reafirmou o empenho em consolidar as relações já existentes, e defendeu a circulação em Cabo Verde do euro.
"Com a União Europeia nós queremos elevar cada vez mais o relacionamento, designadamente chegar ao estatuto de tudo menos instituições. Ter tudo no relacionamento com a UE menos ser membro, porque somos um país africano", destacou.
A defesa da circulação em paralelo da moeda cabo-verdiana, o escudo, e do euro é também defendida por Carlos Veiga, mas José Maria Neves desvaloriza o que interpreta como interesse recente do seu adversário.
"É uma proposta que já está a ser analisada desde a legislatura anterior.
É um trabalho conjunto que já estamos a fazer com o Governo de Portugal e devo dizer que grande parte das propostas que o meu adversário tem apresentado, ou já foram realizadas ou estão em curso de realização. As ideias que são apresentadas não são novas e tudo o que é novo não tem qualquer significado para o desenvolvimento de Cabo Verde", concluiu.
Fonte: Angolapress - 30.01.2011
Os políticos de Cabo Verde, deveriam ser pelo período de 4 anos , Presidente da UA, para ensinar os africanos do Continente, o que é alternância e seriedade.
ResponderEliminarQuando um político admite ir buscar a sociedade civil, membros para enriquecer a governação, não está mais do que afirmar-se como ÍNTEGRO.
Assim , era bom que os moçambicanos começassem desde já a nomear cidadãos moçambicanos livres "no mercado político moçambicano e na Diáspora", para evitar ou minimizar efeitos TUNISIA!
Moçambique está no bom caminho TEÓRICAMENTE das reformas económicas, FALHANDO constantemente na DEFINIÇÃO ESTADO COM PARTIDO FRELIMO!
Quando tiver este conceito devidamente ABALIZADO, haverá orgulho no futuro dos moçambicanos serem livres de demonstrarem apoio político a qualquer partido, SEM PREJUÍZOS PESSOAIS!
Nunca, mas nunca haverá hipóteses de tunisias!
Está nas mãos do PR AEG, de definir bem este CONCEITO!
Teve oportunidades, por exemplo com a saída prematura de dois governantes recentemente.
"Poderia demonstrar ao Mundo, que PRESIDE para o desenvolvimento de Moçambique, e não para um PARTIDO!"
Fungulamasso
Mas como não bastasse, o clube escolheu Teodoro Obiang Nguema para Presidente.
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