Depois da exonerado pelo Presidente da República
O antigo ministro da Saúde, Prof. Dr. Paulo Ivo Garrido, requereu a aposentação do sector público de Saúde, apurou a nossa reportagem junto de fontes da associação dos médicos. O requerimento de Ivo Garrido, recentemente destituído do cargo pelo presidente da República, Armando Guebuza, já está a correr os seus trâmites, de acordo com uma fonte.
Ivo Garrido, segundo a fonte, criou, ele próprio, u
m mau ambiente com a comunidade médica, durante o seu mandato, e por ora não se vê em condições de suportar as consequências por isso terá optado por solicitar a aposentação antecipada.
Paulo Ivo Garrido, enquanto ministro da Saúde, teve fama de ser um dirigente com métodos duros e rigorosos de direcção. Acabou a sua função e ministro, amado por uns – os utentes que viram algumas melhorias em algumas unidades de saúde do sector público, mas odiado por outros, nomeadamente médicos e outro pessoal do ramo.
Uma significativa percentagem de médicos moçambicanos com alguma tarimba abandonou o sector público de medicina, ou pediu a reforma antecipada, por não suportar mais os métodos de direcção de Ivo Garrido.
O ex-ministro também é referenciado nos meios da Saúde como tendo entrado em choque com médicos estrangeiros e com instituições estrangeiras que ajudavam o Estado moçambicano nesta área e com ele mantinham estreita cooperação.
O mau ambiente que é acusado de ter criado com as entidades estrangeiras levou a que os fundos da cooperação começassem a ficar comprometidos e a escassear, facto que ainda hoje não está resolvido, de acordo com as nossas fontes.
O seu relacionamento com os colegas esteve mesmo para gerar uma greve.
Agora a respeito da sua intenção de ir para a reforma antecipada, uma fonte da associação dos médicos disse-nos que “o ex-ministro já não se sente bem em fazer parte da sociedade dos médicos, porque durante o seu mandato tudo fez para prejudicar os seus colegas”.
Informações fornecidas ao Canalmoz por várias fontes da associação dos Médicos, indicam que contrariamente ao que muitos cidadãos comuns pensam de Ivo Garrido, o seu desempenho como ministro da Saúde estava a prejudicar o sector. Devido às suas investidas de surpresa aos hospitais, com o sentido de exigir rigor profissional aos funcionários da área, Garrido era descrito como um bom ministro pelos utentes, mas as suas relações com os colegas e pessoal de Saúde estavam já muito degradadas.
Os investimentos externos direccionados ao sector da Saúde estavam também a tornarem-se cada vez mais escassos devido ao mau ambiente que é acusado de ter criado com os parceiros de cooperação.
Sem querer ir mais a fundo nesta questão, uma fonte identificada mas que quer aparecer anónima disse-nos que a falta acentuada dos principais medicamentos prescritos aos doentes nas farmácias públicas era já uma consequência do mau ambiente gerado por Ivo Garrido com os parceiros de cooperação.
Muitos dos medicamentos prescritos pelos médicos aos doentes do sector público ainda agora escasseiam. Há até quem peça uma sindicância ao sector público de medicamentos por se suspeitar do envolvimento de Garrido em “esquemas”.
“Veja-se só o caso caricato da falta dos medicamentos nas farmácias do principal hospital deste país. Ele por deter participações no ramo da medicina privada, tudo fazia para defender esta área ”, chegou mesmo a insinuar uma fonte da Associação Médica que em última instância mostra a dimensão do mau ambiente que Garrido criou.
Havia ainda forte descontentamento entre os médicos que protestavam contra os fracos salários e falta de condições para o seu desempenho profissional. Não resolveu este contencioso e esteve mesmo para acontecer o pior.
“A associação dos médicos já havia submetido ao então ministro Ivo Garrido, um caderno reivindicativo do qual constavam vários pontos que deviam ser regularizados”, revela uma das nossas fontes.
“Para o nosso desapontamento, ele (Ivo Garrido) em vez de atender as preocupações, simplesmente engavetou o documento como se o que nos preocupava não fosse importante”, disse uma das fontes acrescentando, entretanto, que “só quando soube de uma iminente greve dos médicos que já havia sido marcada para o dia 25 de Outubro passado, antecipou marcando uma reunião com os mesmos para amainar os ânimos”.
“Mas também no referido encontro não disse nada de substancial. Só estivemos a ouvi-lo”, afirmou a fonte que estamos a citar. A mesma apontou que uma outra reunião tinha sido realizada, no dia 22 do mesmo mês de Outubro, com o pessoal auxiliar do Hospital Central de Maputo, que “estava disposto a aderir à greve dos médicos”.
“Julgo que o desentendimento que marcava a distância entre a classe médica e o ex-ministro, que ia contribuir para a eclosão de uma greve geral dos médicos, foi uma das principais causas que levou o chefe de Estado a exonerar o ministro”.
“Imagine o que seria deste país em caso de uma greve geral dos médicos?” questiona a fonte.
O problema salarial e outras questões relativas às condições de trabalho são preocupações dos médicos que apesar de haver agora um novo ministro ainda não estão resolvidas. São um legado deixado para o novo ministro resolver.
Os médicos receiam que a demissão de Ivo Garrido tenha sido apenas uma manobra dilatória para aliviar as tensões entre o Governo e os médicos e demais pessoal do sector público de Saúde.
Mau ambiente também a nível do ministério
Segundo ainda uma outra fonte que nos exigiu rigoroso anonimato – esta já ligada ao Departamento dos Recursos Humanos, a nível do Ministério da Saúde – devido aos métodos administrativos rígidos seguido por Garrido na administração do Ministério, no Gabinete do próprio ministro, os funcionários já não se sentiam à vontade no desempenho das suas actividades, devido a intimidações protagonizados pelos respectivos chefes de departamentos.
“Já havia funcionários que pediam transferência deste ministério para outros sectores do aparelho do Estado. Por um só movimento que fosse desconfiado, à pessoa era prometido um processo disciplinar. O livro do ponto devia ser assinado pontualmente sem se admitir nenhum atraso mesmo que não fosse propositado. Isto já era um inferno”, desabafa a fonte. (Alexandre Luís e Redacção)
Fonte: CanalMoz - 2010-11-16
Uma decisão justa, aliás, foi o que o meu pai fez em 1979....
ResponderEliminarZicomo
Sao estas incertezas do futuro que fazem com que quando alguem agarra o poder nao o quer largar ou delapida-o ate exaustao. Ninguem esta seguro neste planeta enquanto for ser humano. Nem Bush vai ser julgado. Um dia cada um pagara o seu preco, nao no ceu, aqui mesmo na terra. Alias, por isso ando de chapeu. O chapeu, mais do que a igreja do fim de semana, me recorda que existe algo omnipotente acima de mim.
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