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segunda-feira, setembro 13, 2010

Guebuza não

Canal de Opinião: por Carlos Cardoso (1997) (*)

Via Ripua, mais uma vez passamos a conhecer assuntos intestinais do partido Frelimo, discutidos, em surdina lá dentro.
Desta vez, é a sucessão de Chissano. Ripua quer Guebuza. Já o tinha proposto Primeiro-Ministro. Na nossa opinião Guebuza não. O nosso parecer assenta em dois factores:
1. As pessoas têm medo de Guebuza.
2. Ele foi, talvez por uma razão de causa e efeito o primeiro factor, um dos ministros mais incompetentes a passar pela governação da Frelimo. Onde tocou, estragou.
Vamos à questão do medo.
É verdade que Chissano tem gerido a presidência com grau de hesitação, por vezes prejudicial para o país. Mas com ele na presidência desde 1986, Moçambique foi praticando níveis de liberdade de expressão. E hoje está bem evidente quanto melhorou na governação a pauta aduaneira por exemplo, fruto do uso crescente dessa liberdade.
Via debate, o país foi encurtando o caminho para consensos e assim se arranjaram algumas soluções.
Moçambique precisa, pois, de um presidente, cuja personalidade, ainda que menos hesitante do que a de Chissano seja pelo menos tão aberta ao diálogo como a dele. Guebuza tem sido o contrário disso. As pessoas calam-se por causa dele. Não tem nem um décimo da postura de Chissano no tocante a aceitação de crítica contra ele. A governação do país ficaria seriamente prejudicada com um presidente inspirador de-temor-e revolta-entre os cidadãos.
Em segundo, mas não menos importante, lugar, a questão da incompetência. Armando Guebuza tem sido mau gestor da coisa pública.
Como Governador de Sofala pôs em perigo o relacionamento com Portugal.
Como ministro do Interior, adoptou para a operação produção, um método que anulou qualquer hipótese para a concretização das intenções que lhe deram vida (pese as responsabilidades do presidente Samora Machel numa conceptualização apressada do programa).
E nos transportes Guebuza cruzou os braços perante o alastramento impetuoso do roubo e da corrupção, levando entre outros males, a uma quebra terrível do tráfego via porto de Maputo e ao desmoronamento quase irreversível da LAM.
No partido Frelimo há outros sucessores possíveis para Chissano, apesar de nenhum deles, depois da morte de Samora Machel, ter defendido o país, contra a pilhagem desenfreada das nossas riquezas, tem no seu CV muitos mais méritos do que Guebuza para o cargo do PR.
Por outras palavras, a transição pós-Chissano pode ser pacífica. Mas, a escolha final é a dos eleitores. Pelo menos enquanto Guebuza não for PR.

(In «Metical» de 15 de Julho de 1997)

(*) Publicação a título póstumo. O autor foi assassinado a 22 de Novembro de 2000

Fonte: Canal de Mocambique - 27.03.2008

Reflectindo: Esta foi a profecia de Carlos Cardoso.

10 comentários:

  1. Quem diria: CERTEIRO NO ALVO.

    Zicomo

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  2. "Por outras palavras, a transição pós-Chissano pode ser pacífica. Mas, a escolha final é a dos eleitores. Pelo menos enquanto Guebuza não for PR."

    A escolha fina; deixou de ser dos eleitores e vimos isso nas eleicoes passadas! Agora veem com a tal de alteracao da Constituicao.....

    Por este andar, Guebas ainda ha-de ter que fugir num dos seus helicopteros, para pedir asilo num pais vizinho! E, mesmo nessa altura, se estara' perguntando: "O que se passa com o 'meu povo'? O que fiz de errado?"

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  3. Carlos Cardoso foi um exemplo de coragem, assim como Siba-Siba Macuacua,

    Ambos deveriam ser considerados Herois, pois o sao na Verdade.

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  4. Chamuale Karim,

    O Neves anda a reclamar racismo no blogue de Júlio Mutisse. Eu acho que o Neves merece um lugar na selecção. Vamos colocar-lhe como "apanha bola". Não é nada mau, o que é que achas??? Ele diz que a selecção só encabeça indivíduos brancos! Que eu saiba o Reflectindo (capitão) não é branco, é preto como eu (a quem me coube a faixa de seleccionador).

    Prenconceito é um problema grave. Dizia uma atriz brasileira que a pobreza espiritual do pobre é uma coisa que gruda. Como se fosse um cão esfomeado com osso. Não larga a ideia de racismo. Onde está o racismo aqui???

    Zicomo

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  5. Chamuale Karim,

    O Neves anda a reclamar racismo no blogue de Júlio Mutisse. Eu acho que o Neves merece um lugar na selecção. Vamos colocar-lhe como "apanha bola". Não é nada mau, o que é que achas??? Ele diz que a selecção só encabeça indivíduos brancos! Que eu saiba o Reflectindo (capitão) não é branco, é preto como eu (a quem me coube a faixa de seleccionador).

    Prenconceito é um problema grave. Dizia uma atriz brasileira que a pobreza espiritual do pobre é uma coisa que gruda. Como se fosse um cão esfomeado com osso. Não larga a ideia de racismo. Onde está o racismo aqui???

    Zicomo

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  6. Viriato,

    Deixa eles descutirem racismo deles no Blog deles,

    Nos aqui continuamos,

    A seleccao tem tudo incluindo ateus.

    Temos pretos, brancos, amarelos, castanhos, so falta roza choque com bolinhas azuis.

    Queres o Neves a apanha bolas ?

    Eu actualizo.

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  7. O Canal de Mocambique tirou demasiado tarde do armario este grande texto do Cardoso. Ele sim, eh um heroi.

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  8. Guebuza sera lembrando como o pior de todos os presidentes que Mocambique ja teve. Carece de habiliade intelectual, de lideranca. Nao eh capaz de fazer um discurso sem ler no papel. Nao tem ideias, planos e nem estrategias. Nos vivemos sem a minima ideia de onde vamos. Esta tudo descontrolado. O pior eh que ainda temos 4 anos para suporta-lo.

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  9. Viriato,

    O problema do grupo "Neves" é a presenca de pessoas não negras.

    Após as eleicões gerais e presidenciais de 2004, eles escreveram no Imensis que Guebuza não devia nomear nenhum branco para ministro. Uma violacão à Constituicão da República de Mocambique, mas isso lhes interessa?

    Mas ainda bem que o "Neves" quando vem para o Reflectindo procura reduzir o seu discurso racista.

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  10. Tomás Queface,

    Muito tarde penso que não foi. Em 2008 já dava para provar o que Carlos Cardoso havia dito sobre Armando Guebuza. Infelizmente tudo repetiu-se em 2009.

    Guebuza tem uma estratégia sim, só que essa é para ele se manter no poder. A estratégia consiste em comprar a consciência dos cidadãos para fortalecer-lhe com meios do Estado.

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