O presidente do Parlamento Juvenil, Salomão Muchanga, defendeu ontem a necessidade de se trazer o pensamento e a visão do falecido Presidente Samora Machel para o convívio diário dos jovens moçambicanos.
Falando no debate sobre “Corrupção em Moçambique: que desafios para a juventude?”, promovido pela organização no âmbito das celebrações do 12 de Agosto, Dia Mundial da Juventude, disse que Samora Machel é fonte de inspiração de valores como o patriotismo e justiça social.
Salomão Muchanga falava a jornalistas momentos após a exibição dum vídeo sobre a ofensiva política e organizacional levada a cabo pelo falecido estadista em 1980, visando empresas ligadas a diversos ramos de actividade e instituições. Afirmou que Samora Machel foi um estadista de estatura universal, um exemplo de honestidade e integridade que nos dias de hoje rareia.
“É preciso trazer Samora como nossa fonte de inspiração para os desafios do futuro. Como homem, como estadista e como líder carismático que foi. Quando nós vemos esses vídeos, o dia-a-dia da sociedade, o comportamento dos dirigentes, constatamos que ele exigia muito de si mesmo primeiro, depois dos seus companheiros e dos seus filhos. Há exemplos de filhos dele que estiveram na vida militar como uma amostra de que aquilo que ele exigia à sociedade, ele próprio em casa era o primeiro a implementar”, destacou.
Salomão Muchanga defendeu que Samora Machel é uma figura que tem que “sair das sedes das instituições” e situar-se no dia-a-dia dos cidadãos. Sublinhou que o malogrado Presidente sempre definiu a juventude como a seiva da nação e, por conseguinte, prioridade da governação.
Afirmou que para o Parlamento Juvenil, Samora Machel representa, profundamente, um sentido de luta.
Para além da exibição do vídeo sobre a ofensiva política e organizacional, foi também na ocasião declamado o poema de Jorge Rebelo intitulado “A Dualidade do Ser”.
Entretanto, a presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Alice Mabota, uma das oradoras doencontro, afirmou que a corrupção constitui uma das maiores causas do empobrecimento da qualidade de vida em Moçambique e do descrédito do sistema de administração pública, incluindo o judicial.
Segundo Alice Mabota, a corrupção tornou-se, acima de tudo, um exercício de sobrevivência dos moçambicanos. Ajuntou que não ser corrupto hoje é um acto de muita coragem e ser honesto parece ser estúpido, pois os pressupostos de honestidade e integridade têm a tendência de desaparecer.
“Vivemos num clima em que a corrupção se tornou a razão e meio aceitável de acumular riqueza”, disse, acrescentando que na era samoriana, a corrupção era de difícil manifestação e com escasso âmbito de aplicação devido ao contexto social, económico e político que caracterizava o país na época.
Afirmou que a maior consequência da corrupção é que ela delapida os recursos e bens públicos essenciais para a efectiva melhoria das condições de vida dos cidadãos.
Por seu turno, o académico Manuel de Araújo, presidente do Centro de Estudos Moçambicanos e Internacionais (CEMO) defendeu, entre outras coisas, que não se pode combater aquele mal dele fazendo parte. Para Manuel de Araújo, como tudo na vida, o combate à corrupção é uma questão de escolha.
Afirmou que o papel da juventude no combate à corrupção não é condenar o outro mas sim assumir a determinação de que não fará parte do fenómeno.
Por sua vez, Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública (CIP), igualmente orador daquele tema, defendeu a unidade da juventude no combate à corrupção. Disse que os jovens devem pressionar as instituições democráticas para que estejam mais fortalecidas e mais funcionais.
Fonte: Jornal Notícias - 13.08.2010
Reflectindo: E o que dizem os jovens da OJM para além de escovarem o KOTA anti-democrata e monopartidarista?
Era um ditador (disseram muitos) sim era, mas era amigo do povo.
ResponderEliminarHoje todos o querem. E eu avisei: com Mugabe vai se suceder a mesma coisa. Esses "chicochanas" actuais não servem para nada senão para os interesses pessoais.
Os que hão-de vir, já se pode ver a inclinação dos seus rabos antes mesmo deles subirem ao trono, estes "chifanhanas" andam a rotulares as pessoas de anti-patriotas, profeta da desgraça, etc.
Estamos LINCHADOS, pá.
Zicomo
Nao era amigo do povo, coisa nenhuma. Foi um ditador.
ResponderEliminarAqueles a quem mandou fuzilar, queimar vivos, sem julgamento, nao eram do povo?
Aqueles a quem enviou para campos de concentracao em Niassa, Cabo Delgado e outras partes do pais nao faziam parte do povo?
Quando estabeleceu o marxismo e combatia ideias contrarias as dele e do seu regime, nao estava a negar palavra ao povo? Quem te proibe de te expressar e amigo?
E preciso dar a verdadeira dimensao deste homem. Se quiserem mostrar a sua historia, entao que seja completa, com os dois lados!
Depois, acho uma aberracao querer resgatar ideias do comunismo numa altura em que se pretende consolidar a democracia. Nao nos confudam, por favor. Deixem o pais avancar.
Um Presidente da Republica nao tem que ser, necessariamente, um populista. Deve e trabalhar para o povo. Fazer o seu trabalho, aquilo a que jura realizar
Muita palha e pouco amendoim. Não fosse Samora meu Deus! As pessoas ralham-se de tudo.
ResponderEliminarZicomo
Caro anónimo
ResponderEliminarEu não penso que é o comunismo e muito menos a ditadura que o Parlamento Juvenil queira que em Samora Machel se resgate. Eu, por exemplo, sou crítico a Machel quanto a isso, mas não reconhecer a sua determinação no combate à corrupção, seria injustiça por minha parte.
Sou da opinião que de Machel, há que resgatarmos essa determinação de combate à corrupção e enterrarmos para sempre o totalitarismo, o monopartidarismo, mesmo este fingido, em suma a ditadura.
Caro V. Dias e Reflectindo,
ResponderEliminarSe assim fosse, entao que resgatemos os exemplos de Salazar. Homem integro, defendendo a unidade de Portugal (mesmo que isso tenha custado caro aos africanos). No seu tempo, as financas estavam quites. Muitas infraestruturas erguidas. Bla, bla, bla ...
Ditador e sempre ditador. Nao se pode comer um peixe um unico lado, porque o outro ja esta podre. Esta podre, e prontos!
Alias, para resgatar valores de combate a corrupcao nao precisamos nos inspirar nele. Corrupcao combate-se com instituicoes fortes, nao com pessoas fortes. Combate-se com uma PGR forte, independente, combate-se com Tribunais fortes, independentes.
Samora o que fez foi "chutar" os nortenhos e chama-los de reaccionarios! Foi um regionalista dos grandes. Alias, politica da Frelimo.
Portanto, a corrupcao em Mocambique nao esta a ser combatida, nao porque falta um "homem forte", porque falta instituicoes fortes. Alias, "homens fortes" acabam por se sobrepor as instituicoes. Ele passa a ser "a medida de todas as coisas".
O que o Parlamento Juvenil deve ensinar as criancas e como criar instituicoes fortes em Mocambique. Mas parece que prefere se inspirar em "homens fortes". O que vai acontecer se as criancas amanha descobrirem que afinal o tal Samora foi o chefe de esquadroes que fuzilavam opositores? Ainda vao se inspirar neles?
Homens, infelizmente, passam! Instituicoes fortes, isso sim.
Caro anónimo
ResponderEliminarConcordo definitivamente contigo que a corrupcão combate-se com instituicões fortes. Mas para que as instituicões sejam fortes, é necessária que há pessoas com vontade para que essas sejam fortes. É preciso que haja vontade política. É necessário que haja pessoas com o sentido de respeito do bem comum.
Então, podemos avaliar no nosso Mocambique de hoje, temos em frente quem tem vontade política para o fortalecimento das instituicões? Será que é por falta de quadros que as instituicões continuam fracas, que os tribunais não são independentes do poder político? Isso não acho. Do que sabemos, os nossos governantes gostam muito de instituicões fracas, pois logo que notam alguma tendência do seu fortalecimento eles correm para destruí-las como já vimos o caso do TA e CC.
Por exemplo, quando um Presidente da República é apresentado um problema grave de corrupcão por um/a cidadã/a como aconteceu há alguns anos em Maputo, será que o Presidente tem que adiar isso a espera duma instituicão forte?
Detesto responder a anónimo. Este até me trata com cortesia.
ResponderEliminarZicomo
O exemplo como visão histórica, não pode ter duas faces.
ResponderEliminarSamora perdeu, porque falhou.
Os ditadores sempre falharam, porque o inimigo é sempre o homem mais próximo, ou com quem dorme e come a mesma mesa..
Nunca se esqueçam da frase-cada cabeça sua sentença.
Até Hitler falhou!
E parece-me como bom exemplo tem de ser isenta de razões históricas que quebrem o bom exemplo-SENÃP AMANHÃ O REI VAI NU.
Todo o ser humano tem a face boa e a parte obscura.
Samora foi genuíno na anti-corrupção, porque e em Moçambique todos eram pobres.
Inclusive , colonizadores também, porque Portugal era um País paupérrimo.
Hoje como sociedade económica global mais rápida, com internet etc, mesmo com o sentimento político de anti-corrupto que era usual dele, HAVIA DE DESCONSEGUIR, se não criasse estruturas e instituições legais FORTES.
A Lei só não está acima de Deus!
FUNGULAMASSO
E..
E quem fez, quem "participou" para que o nome de Samora ficasse manchado para sempre, ESTÃO HOJE RICOS!
E ESTA HEM!
Fungulamasso
Caro anónimo
ResponderEliminarAcho que há coisas em que nos convergimos e outras divergimos. Ainda não estamos claros nessas coisas.
Ora, quando estamos a falar de Samora Machel, estamos apenas a falar de virtudes e atendendo que ele morreu é apenas abstracto. O concreto de que falamos agora é combate à corrupcão. No meu entender e partindo da minha experiência, a discussão é se precisamos ou não de alguém determinado em combater a corrupcão em Mocambique como Samora era. Se isso era bom em Machel, não vejo do porquê não pode servir-nos de modelo.
Também acho importante que não estejamos a falar apenas dessa virtude como quem queremos dizer que o resto como é o caso da liberdade não interessa. Aí até sugiro que o Parlamento Juvenil tem que dizer os erros de Samora Machel à camada juvenil. Se não o fizer agora, o PJ será condenado no futuro.
Tenho dificuldades em aceitar que Samora foi genuíno na anti-corrupcão porque todos nós éramos pobres. Creio que seja o nível ético e moral nosso nessa altura. Isso nao quero dizer que ele nunca podia ter sido diferente. Conheco pessoas transparentes naquela altura que agora são autênticas corruptas. Mas também há as que se mantêm anti-corruptas.
Quanto aos colonizadores digo quase o mesmo. Tenho, algumas vezes, reflectido sobre isso. Mas tenho é pensado que eles tivessem o sentido de Estado e daí de bom legado. Quer dizer, o governante colonial podia querer ser lembrando em qualquer coisa boa embora até andasse a torturar pessoas. Posso estar errado. Tenho por exemplo, me lembrado dum administrador colonial que mobilizou/obrigou para que todas as famílias da minha localidade tivessem plantas de fruta.
Continuando no que eu gostaria em relação à corrupção. Nós falamos aqui de fortalecimento de instituições, mas o que é instituição? O PR que nomeia membros do conselho de ministros, presidente do Tribunal Supremo, Administrativo, Procurador-Geral da República, etc, não é uma instituição?
QUAL O SISTEMA É PERFEITO. QUAL O SISTEMA NO MUNDO QUE NÃO É GOVERNADO POR DITADURA? UM SÓ. PODEM ME DIZER? QUE NUNCA FALHA, QUE NUNCA MATA, QUE NUNCA DESTRÓI.
ResponderEliminarFAZ FAVOR. A MIM NINGUÉM ME DÁ BAILE....DISSE NICOLAU BRYENER.
ZICOMO
V. Dias,
ResponderEliminarDo teu texto, pode-se concluir que Hitler, Stalin, Mao Tse Tung e outros estao desculpados!
Afinal, nenhum sistema e perfeito.
Bestial
Samora Machel tinha boas qualidades,combateu implacavelmente a corrupção e o seu regime teve algumas coisas positivas.Mas também é verdade que foi um ditador cujo regime cometeu atrozes abusos dos direitos humanos.
ResponderEliminarEu sou do tempo de Salazar e sem dúvida que Salazar foi um homem simples,honesto, inteligente e competente.Porém, ele fica na História como um ditador fascista ,colonialista e intolerante.
Quando analisamos a vida de figuras públicas é desonesto olharmos apenas para algumas partes das suas personalidades, ignorando totalmente outras facetas menos agradáveis.
Quanto a democracia, é um sistema imperfeito, principalmente porque há desvios na sua aplicação, mas é sem dúvida o melhor sistema. As alternativas à democracia são demasido terríveis para serem consideradas. Ditaduras nos nossos tempos são inaceitáveis, quem tem dúvidas deve preguntar aos oporimidos.Eu, juntamente com a esmagadora maioria das pessoas, continuo a acreditar nos ideais de liberdade e democracia.
Impasse total: eu amo a ditadura. Aqui me fico
ResponderEliminarZicomo
Tudo bem, Viriato, eu posso compreender, possivelmente nunca sentiu os efeitos da ditadura, quem sentiu esses efeitos só deseja a democracia e a liberdade. Nao há impasse nenhum, as pessoas acreditam no que querem acreditar, ainda hoje há pesoas que amam Hitler, Estaline, Salazar, Mao, Franco, etc.,etc.,.Fique-se na sua que eu tranquilamente fico na minha: Viva a liberdade, Viva a democracia, Viva os direitos humanos. Abaixo a opressão!
ResponderEliminarEu não gosto de polémicas inúteis, mas queria apenas acrescentar um pequeno pormenor. Eu conheci Portugal antes do 25 de Abril, nessa altura não havia Imprensa livre nem liberdade de expressão, as pessoas tinham medo de falar, a Pide prendia e torturava impunemente, a Oposição não era tolerada, etc., etc. A liberdade que o Viriato usufrui hoje em Portugal não é obra do acaso, custou sangue e lágrimas a quem ousou sonhar com a liberdade e a democracia. Também conheci Moçambique no tempo colonial e durante o regime marxista e de igual modo posso afirmar que alguma liberdade que existe em Moçambique não caíu do céu, custou muito a muita gente. Conheci também o regime do apartheid e verifiquei como as pessoas sonham com os ideais da liberdade e da democracia.
ResponderEliminarA CRM é bem clara quanto à opção pela democracia, direitos e liberdade!
Para finalizar, um poema do Jorge de Sena, acrescentando apenas que felizmente ja vi alguma cor da liberdade.
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver,
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
(JORGE DE SENA)