No encerramento da presidência aberta na cidade de Maputo
O Presidente da República, Armando Guebuza, voltou à carga contra os críticos do seu Governo, classificando-os como estando a sofrer de “conflito interno”. Num encontro que manteve com jovens, na manhã do último sábado, no pavilhão do clube “Estrela Vermelha”, Guebuza desviou-se dos problemas da juventude para atacar aqueles que contestam o seu “estilo de governação”, alegando que estes procuram “exteriorizar o seu conflito interno para atingir outras pessoas a influenciar o seu trabalho, para serem vistos como heróis”.
Não é a primeira vez que o Presidente da República ataca directamente os adversários da política do seu Governo. Na abertura da II Sessão Extraordinária do Comité Central da Frelimo, em 2008, que serviu para preparar as eleições autárquicas do mesmo ano, Guebuza havia apelidado os críticos da sua política como “apóstolos da desgraça”. E no encerramento da “presidência aberta”, em 2009, antes das eleições que o reconduziram ao poder em Outubro de 2009, o chefe do Estado insurgiu-se contra os que criticam os custos das “presidências abertas”, afirmando, em resposta, que “este modelo de governação é para continuar”.
O encontro do chefe do Estado com os jovens, neste último sábado, acabou por servir apenas para atacar os adversários do regime, uma vez que os jovens que foram seleccionados para apresentarem os seus problemas ao chefe do Estado, nomeadamente os da OJM, ou seja os da Frelimo, nada disseram de concreto inerente aos problemas que afligem a juventude em geral.
Aliás, tudo quanto se ouviu pela parte destes foi: “Viva a Frelimo, viva Guebuza!”, como de costume, embora alegadamente o encontro fosse com o Presidente da República. Entre um ou outro interveniente que falou dos problemas da juventude, gastou-se mais tempo a bajular o chefe do Estado do que a apresentar questões concretas. Foram raros os que falaram de desemprego, de falta de habitação, de insuficiência de vagas no ensino, nomeadamente o Superior, que constituem problemas centrais da juventude de hoje.
No discurso da tomada de posse, Guebuza havia assegurado que “haverá respeito pelo pensar diferente”.
As críticas às ideologias de Guebuza começaram com as prioridades escolhidas para combater a pobreza absoluta, e vieram a adensar-se sobretudo com a distribuição, pelos distritos, dos não menos famosos “sete milhões” – que agora é muito mais –, alegadamente para acabar com a pobreza. De entre políticas e críticas, tudo acabou num baptismo público, em que aos que pensavam diferente lhes coube o epíteto de “apóstolos da desgraça”.
No presente mandato, as críticas não pararam, e tiveram ainda mais motivos com as propostas do Orçamento do Estado para ano de 2010 e do Plano Económico Social (PES) submetidas à Assembleia da República, e que foram aprovadas pelo voto maioritário da bancada parlamentar da Frelimo. Basicamente foram são criticados os critérios que o Governo da Frelimo usou para fazer a distribuição orçamental.
É que as áreas prioritárias para o combate à pobreza como a agricultura e a educação, por exemplo, voltaram a ser marginalizadas. E os sectores improdutivos voltaram a encaixar altas verbas do Orçamento de Estado (OE). As críticas não demoraram, e vieram de todos os quadrantes: da AR, da imprensa e da opinião pública. Todos questionaram se de facto o OE visava combater a pobreza absoluta. E como resposta, eis que isso agora é chamado um “conflito interno” de quem não aplaude esta política.
(Borges Nhamirre e Matias Guente)
Fonte: CanalMoz - 26.04-2010
Reflectindo: 1) Presidente da República que não sabe ( para bem dizer que não quer) distinguir entre o que é partido e do partido e o que é Estado e do Estado é contra o Estado de Direito Democrático.
2) Exteriorizar os seus problemas? Fala de quem? Um cidadão nacional ou estrangeiro? Se um cidadão nacional critica um governante nacional exterioriza o quê? É o problema donde para onde? Se ele estivesse a falar isso para quem critica questões meramente partidárias ou da Frelimo não sendo membro desse partido eu concordaria com ele.
3) Jovens que continuam ou passam a ser mestres em lambebotismo são obstáculos na construcão do futuro. Espero ver os nomes dos jovens bajuladores.
As criitcas estao a fazer eco. Dai o Presidente estar preocupado. Se nao o incomodassem ele ignoraria.
ResponderEliminarContinuemos. O pais nao e so deles, e tambem nosso e merecemos ver os nossos pontos de vista, anseios, vontades reflectidos no dia-a-dia.
Se paramos de criticar, eles vao fazer o que bem entenderem.
Nao os deixemos fazerem-nos de tapete.
Por causa das constantes criticas, o Governo tem estado a melhorar em certos aspectos.
De tanto se criticar, a Frelimo hoje tem o cuidado de fazer o balance entre o Sul e o Centro-Norte na distribuicao do poder que detem. Aires Ali, por ex, sabe que esta la como fruto dessas criticas. Caso contrario, estaria mais um do Sul.
Bebe que nao chora nao mama!
Se ele nao quer criticas, porque e que ocupa um lugar publico tao sensivel e com muito impacto para a vida das pessoas?
ResponderEliminarE para as pessoas ficarem caladas, assistindo seus problemas nao sendo soluccionadas?
Os da OJM ja tem os seus problemas resolvidos. Mas os demais jovens, nao.
Critiquemos para defender os nossos interesses, assim como a OJM bajula para defender os seus.
Normal.
Não há nada que Guebuza disse que não fosse verdade.
ResponderEliminarAliás, o surgimento do MDM e a desistência de quadros na Renamo, para não falar da falência do PIMO, etc., é fruto dessas intrigas internas entre membros da mesma família.
Eu tive a sorte de conviver muito com pessoas ligadas à oposição, muita gente, do topo, da liderança, pessoas que ainda hoje admiro, minhas bússolas, enfim, a maioria estava frustrada com as suas lideranças.
Já não dava mais. A Oposição em Moçambique é uma coisa falhada. Só lhe resta um caminho: união. Mas para que isto aconeteça devem baixar o orgulho, a militância chauvinista, o canudo, etc., coisa que na Frelimo (e de novo me vão acusar de pertencer a este partido) não acontece, todos são camaradas na hora de discutir ideias.
Guebuza só pode sorrir face ao descalabro da Oposição. Esta Oposição que na sua maioria veste-se de cores da Frelimo, de gente que não era capaz de ir até às bases dialogar com as populações. Eu lamento que a oposição no país seja a imprensa e não os partidos políticos.
Epá...
Zicomo
Caro Viriato
ResponderEliminarDevido a ocupação não tive acesso a net desde as 11:30 e por essa razão não publiquei os comentários que antecedem os teus.
Esses comentários estão dentro do que penso que Guebuza devia fazer ou não fazer como CHEFE DE ESTADO MOCAMBICANO, PRESIDENTE DA REPÚBLICA.
Veja como formulei as minhas reflexões. Pelo que entendo, Armando Guebuza não tinha o encontro como presidente do seu partido, mas como Presidente da República. Não estou a perceber porque buscas Renamo, PIMO, MDM, etc.
Não estou a dizer que os partidos da oposição não têm problemas sobretudo de gerir os conflitos internos, mas o momento em que Guebuza falou é impróprio. Ele até só atiçou as críticas.
É também um ERRO GRAVE pensar que quem critica a Guebuza ou outro governante é necessariamente da oposição. Há cidadãos corajosos (do camponês ao académico) que a pesar de pertencerem ao partido no poder criticaram e criticam aos governantes actuais. Nem todos membros da Frelimo são bajuladores.
O Presidente da República tem que ser exemplar na despartidarizacão de assuntos do Estado.
Um abraço
Certo.
ResponderEliminarO PR Guebuza confunde "alhos" da política do Partido com "bogalhos" da Governação.
ResponderEliminarEstá-lhe a custar muito, pensar que daqui a quatro anos, vai-se tornar cidadão AE Guebuza, a par com ex-PR JChissano.
Tenho esperança, que ele tentará governar com mais coerência a esfera económico-social, ( e tenta no pouco tampo que falta)para que a imagem dos "antigos combatentes" não seja esquecida (ofuscada), porque depois de 40 anos..(também!!amarrado ao passado!)..razão de estar com "indirectas".
Tem tomado algumas boas iniciativas económicas e sociais, mas "confunde" quando põe a carroça "Frelimo" à frente dos "bois"...
Se abstrair-se da "carroça partidária" e seguir o seu próprio instinto, talvez Moçambique tenha um salto qualitativo que todos desejámos, e trará confiança a juventude em relação ao futuro.
Zacarias Abdula