DIALOGANDO
Por Mouzinho de Albuquerque
NÃO quero acreditar que os nossos ilustres deputados (tanto do lado da maioria assim como da minoria) não aceitam mudanças, mesmo que não sejam profundas, nem por fora nem por dentro, em termos de responsabilidade social bem como monopolização de intervenções políticas, principalmente nas sessões destinadas aos debates “quentes” de determinados assuntos que muito mexem com a sociedade moçambicana na nossa Assembleia da República.
Não quero aceitar que haja algum deputado da Assembleia da República da bancada maioritária e minoritária que pense, por convicção político-partidária própria, continuar a participar nesse tipo de debates “encurralando-se” numa democracia em que os partidos, sobretudo os nela representados, parecem deixar de ser instrumentos válidos para serem fins em si mesmos. Mas na verdade é arte política que o homem deve aprender a conviver com os adversários impostos pelos próprios homens.
O facto aqui é que na semana passada aconteceu um debate naquele parlamento que se esperava sério, responsável, não politizado e principalmente pelo respeito e valorização da pessoa humana, sobre a morte de 12 detidos por asfixia, numa diminuta cela da polícia, na vila de Liupo, sede distrital de Mogincual, na província de Nampula, mas que, em função do que se viu, acabou virando um espectáculo gratuito daqueles que já estamos fartos de ver e ouvir a partir da chamada “casa do povo”.
Esperava-se um debate fora da hipocrisia política dos principais protagonistas (Frelimo e Renamo), fora de haver partidarites, pretensas vitórias eleitorais, tentativas obtusas do protagonismo político. Todavia, esperava-se que durante o debate os deputados fossem imbuídos de mais compreensão e união pelos seus compatriotas perecidos em Mogincual. Não houvesse maiorias e minorias no nosso parlamento multipartidário. Haver sim, todos os deputados, é tacanho quem pense ou pensasse doutra forma no momento da dor e consternação.
Em suma, a conclusão que se pode tirar é que foi um debate de mais críticas infundadas incluindo impropérios do que propostas construtivas e produtivas sobre questões de prevenção e combate às mortes em massa por incompetência e outras situações que têm vindo a acontecer no nosso país como a que se assistiu recentemente em Mogincual. Foi um debate nojo, muito banalizado, repugnante, vergonhoso e que aparentou falta de “civilização” democrática de alguns parlamentares das duas bancadas. Aconteceu tudo menos coerência política, particularmente do lado dos que acharam ou evocaram motivações políticas como estando na origem desta tragédia.
A continuarmos assim, jamais deixaremos de ter mortes nestas circunstâncias e será perda de tempo discutirmos no parlamento ou noutros fóruns, porque os culpados sempre se sentirão “protegidos”, mesmo que se “simule” as suas detenções sob alegação de que os que morreram são deste ou daquele partido político, por isso não nos interessa que acabemos com estes “massacres”.
Num país sério em termos de tratamento e procura de soluções para as situações do género, não interessaria rigorosamente nada qual o partido que o propôs o debate deste caso que chocou a muitos neste país na Assembleia da República, não se “encostaria” tanto na desinformação e conotação política, mas sim na responsabilidade com que se deveria encarar o assunto. Se temos (como Frelimo madura) a necessidade em nos apresentarmos como arautos de verdade política ou democrática, então não parece justificar que alguns dos seus deputados façam intervenções ou reajam do jeito que fizeram naquela sessão.
A verdade é essencial para a existência de um clima de confiança entre deputados de uma Assembleia da República como a nossa e entre cidadãos e governantes, quando se debate um acontecimento como este de Mogincual, claro também com menos arrogância política e mais humildade. Tal maturidade deveria nos permitir a adoptarmos mensagens ou pronunciamentos claros e eficazes e não mostremos uma aparente indiferença, senão cumplicidade.
Por outro lado, se um deputado da Renamo tem razão que tem, por ser a sua bancada que propôs o debate deste ou daquele assunto no parlamento, o que pode significar maturidade, no sentido de se estar muito interessado em saber como é que, por exemplo aquelas mortes de Mogincual aconteceram, quem é o culpado e quais as medidas que devem ser tomadas para que casos do género não se repitam no nosso país, mas é preciso que isso não nos leve a ter a obcecação incontida de pura maledicência, resvalando, muitas vezes, para o vazio e inconsequência.
Já vai sendo tempo de a Frelimo e Renamo evitar, indicar alguns dos seus deputados para serem principais “palhaços” ou “moleques” de insultos aos seus colegas, que muitas vezes são os mesmos “pontas de lança” que sabotam os debates importantes para a solução de vários problemas que nos apoquentam. Sejamos sérios como deputados e defendamos com a dignidade a nossa função. Não é dignificante que um jovem deputado que deveria servir de exemplo de “civilização” democrática, assuma a dianteira na promoção de insultos aos colegas. Afinal, o que é ser deputado neste país? Os deputados jovens deveriam servir de exemplo de que esta cargo não pode continuar a ser o sinónimo de “molequismo” político.
Fonte: Notícias
Nota do Reflectindo:
Por Mouzinho de Albuquerque
NÃO quero acreditar que os nossos ilustres deputados (tanto do lado da maioria assim como da minoria) não aceitam mudanças, mesmo que não sejam profundas, nem por fora nem por dentro, em termos de responsabilidade social bem como monopolização de intervenções políticas, principalmente nas sessões destinadas aos debates “quentes” de determinados assuntos que muito mexem com a sociedade moçambicana na nossa Assembleia da República.
Não quero aceitar que haja algum deputado da Assembleia da República da bancada maioritária e minoritária que pense, por convicção político-partidária própria, continuar a participar nesse tipo de debates “encurralando-se” numa democracia em que os partidos, sobretudo os nela representados, parecem deixar de ser instrumentos válidos para serem fins em si mesmos. Mas na verdade é arte política que o homem deve aprender a conviver com os adversários impostos pelos próprios homens.
O facto aqui é que na semana passada aconteceu um debate naquele parlamento que se esperava sério, responsável, não politizado e principalmente pelo respeito e valorização da pessoa humana, sobre a morte de 12 detidos por asfixia, numa diminuta cela da polícia, na vila de Liupo, sede distrital de Mogincual, na província de Nampula, mas que, em função do que se viu, acabou virando um espectáculo gratuito daqueles que já estamos fartos de ver e ouvir a partir da chamada “casa do povo”.
Esperava-se um debate fora da hipocrisia política dos principais protagonistas (Frelimo e Renamo), fora de haver partidarites, pretensas vitórias eleitorais, tentativas obtusas do protagonismo político. Todavia, esperava-se que durante o debate os deputados fossem imbuídos de mais compreensão e união pelos seus compatriotas perecidos em Mogincual. Não houvesse maiorias e minorias no nosso parlamento multipartidário. Haver sim, todos os deputados, é tacanho quem pense ou pensasse doutra forma no momento da dor e consternação.
Em suma, a conclusão que se pode tirar é que foi um debate de mais críticas infundadas incluindo impropérios do que propostas construtivas e produtivas sobre questões de prevenção e combate às mortes em massa por incompetência e outras situações que têm vindo a acontecer no nosso país como a que se assistiu recentemente em Mogincual. Foi um debate nojo, muito banalizado, repugnante, vergonhoso e que aparentou falta de “civilização” democrática de alguns parlamentares das duas bancadas. Aconteceu tudo menos coerência política, particularmente do lado dos que acharam ou evocaram motivações políticas como estando na origem desta tragédia.
A continuarmos assim, jamais deixaremos de ter mortes nestas circunstâncias e será perda de tempo discutirmos no parlamento ou noutros fóruns, porque os culpados sempre se sentirão “protegidos”, mesmo que se “simule” as suas detenções sob alegação de que os que morreram são deste ou daquele partido político, por isso não nos interessa que acabemos com estes “massacres”.
Num país sério em termos de tratamento e procura de soluções para as situações do género, não interessaria rigorosamente nada qual o partido que o propôs o debate deste caso que chocou a muitos neste país na Assembleia da República, não se “encostaria” tanto na desinformação e conotação política, mas sim na responsabilidade com que se deveria encarar o assunto. Se temos (como Frelimo madura) a necessidade em nos apresentarmos como arautos de verdade política ou democrática, então não parece justificar que alguns dos seus deputados façam intervenções ou reajam do jeito que fizeram naquela sessão.
A verdade é essencial para a existência de um clima de confiança entre deputados de uma Assembleia da República como a nossa e entre cidadãos e governantes, quando se debate um acontecimento como este de Mogincual, claro também com menos arrogância política e mais humildade. Tal maturidade deveria nos permitir a adoptarmos mensagens ou pronunciamentos claros e eficazes e não mostremos uma aparente indiferença, senão cumplicidade.
Por outro lado, se um deputado da Renamo tem razão que tem, por ser a sua bancada que propôs o debate deste ou daquele assunto no parlamento, o que pode significar maturidade, no sentido de se estar muito interessado em saber como é que, por exemplo aquelas mortes de Mogincual aconteceram, quem é o culpado e quais as medidas que devem ser tomadas para que casos do género não se repitam no nosso país, mas é preciso que isso não nos leve a ter a obcecação incontida de pura maledicência, resvalando, muitas vezes, para o vazio e inconsequência.
Já vai sendo tempo de a Frelimo e Renamo evitar, indicar alguns dos seus deputados para serem principais “palhaços” ou “moleques” de insultos aos seus colegas, que muitas vezes são os mesmos “pontas de lança” que sabotam os debates importantes para a solução de vários problemas que nos apoquentam. Sejamos sérios como deputados e defendamos com a dignidade a nossa função. Não é dignificante que um jovem deputado que deveria servir de exemplo de “civilização” democrática, assuma a dianteira na promoção de insultos aos colegas. Afinal, o que é ser deputado neste país? Os deputados jovens deveriam servir de exemplo de que esta cargo não pode continuar a ser o sinónimo de “molequismo” político.
Fonte: Notícias
Nota do Reflectindo:
Boa observação de Mouzinho de Albuquerque quanto aos deputados jovens que tomam a dianteira de insultos aos colegas. Pessoalmente indignou-me que uma personalidade que sempre respeitou-se entrou na palhaçada e molequismo político.
Politicos de meia-tigela! A vida humana nada significa... Maria Helena
ResponderEliminarSó denunciando este tipo de políticos. Esses jovens deputados
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