DIALOGANDO
Por Mouzinho de Albuquerque
O DISTRITO de Mogincual está de luto pela morte de doze pessoas (reclusas), pior ainda em circunstâncias que até ao momento não estão esclarecidas nas celas do comando local da Polícia. Segundo informações disponíveis, são indivíduos que estavam presos por alegado envolvimento nas manifestações de desinformação contra a cólera.
São daquelas mortes quando acontecem habitualmente surgem justificações por parte de quem de direito, e isso faz com que os culpados não sejam penalizados de forma exemplar, depois das conclusões das investigações que se têm dito estarem a serem realizadas pela Polícia ou outras instituições competentes, com intuito de se apurarem as causas e os culpados das mortes.
E desta vez quem será culpabilizado? Doze pessoas a morrerem numa diminuta cela da Polícia e em circunstâncias não claras. Não é pouco, não é problema mesquinho nenhum, não é brincadeira. É um assunto grave para um país como o nosso em que sempre se diz haver respeito pelos direitos humanos, até desmentir-se alguns relatórios internacionais com outras visões e convicções na abordagem do assunto em Moçambique.
Aliás, espero que seja opinião de muitos cidadãos deste país que porventura possam compartilhar a dor das populações de Mogincual, de toda urgência, porque a tragédia é grave, que os responsáveis do ministério do Interior venham a público explicar-se e convencer-nos das reais causas. Se bem que não quero incorrer no risco de fazer acusações infundadas, porém, não deixo de ser tentado em saber a quem se pode imputar as responsabilidades das mortes em Mogincual. Até porque esse ministério já prometeu fazer diligências no sentido de esclarecer o caso, o mais rápido possível logo que o processo de autópsias fôr concluído.
É que, não quero acreditar, em função do que se tem dito sobre essas mortes na capital do norte, que terá havido questões de competência que não terão sido rigorosamente observadas na reclusão das pessoas na diminuta cela do comando distrital da PRM, por parte de quem devia velar pela permanência de presos nessa cadeia, à semelhança do que teria acontecido em Montepuez, na província de Cabo Delgado.
É verdade que não me parece justificar que um grupo de pessoas, conotadas como sendo da Renamo protagonizem acções de vandalismo, até matarem activistas da Cruz Vermelha, para alegadamente desinformarem as pessoas sobre o surgimento da cólera numa determinada zona, mas as ideias ou posicionamentos de alguns dirigentes ou políticos quando acontecem este tipo de situações antigas no nosso país, podem revelar- se como um forte incentivo à prevalência dessas manifestações.
Por isso temos que, também, veementemente protestar contra os discursos desses dirigentes ou políticos que não foram capazes de evitar que as manifestações da Renamo na vila da Mocímboa da Praia não atingissem o ponto que atingiram. Na cadeia de Montepuez não morresse muita gente, só para citar alguns exemplos.
Ainda bem que o Ministro da Saúde, Ivo Garrido, disse em reacção aos acontecimentos da vila da Mocímboa da Praia que não interessava que se culpasse o fulano A ou B desses desacatos. Interessava era sim, que a partir daquele momento os moçambicanos reflectissem profundamente sobre para onde querem levar este país, que precisa de esforços mancomunados para o seu desenvolvimento.
O pior ainda é que quando acontecem estas situações não tem havido uma explicação clara e isenta. Como se as mortes fossem perfeitamente normais. Os altos dirigentes da PRM, tanto de nível provincial como central, sabiam os contornos dos desacatos em Mogincual em torno da cólera, mas, nenhum deles se fez lá a tempo e horas para constatar in loco isso. Só depois de morrerem essas doze pessoas é que, por exemplo, a comandante provincial se deslocou à Mogincual.
Na cidade de Maputo o próprio vice- ministro do Interior só se limitou a acusar o partido de Afonso Dhlakama de aparentemente estar envolvido nesses desacatos, mas parou por aí. Portanto, é minha opinião que terá havido negligência no tratamento das manifestações violentas em Mogincual, que caso houvesse responsabilidade e seriedade por quem de direito teria sido evitado tudo o que aconteceu em torno desta onda de desinformação naquele distrito.
A ministra da Função Pública que já esteve lá, em tempo de “ebulição” dos desacatos não terá “tocado” com profundidade o assunto. Assim, os distúrbios bem como os 46 detidos numa cela do comando distrital da PRM com capacidade para cinco pessoas, iam sendo “esquecidos”. Isso que fez com que os detidos ficassem por muito tempo sem que fossem transferidos para a cadeia de Angoche, onde são levados os criminosos de Moginqual, por falta de condições prisionais neste distrito.
Por conseguinte, acho que vai sendo tempo de termos outra postura, como dirigentes e políticos deste país, quando surgem este tipo de problemas.
Fonte: Notícias
Por Mouzinho de Albuquerque
O DISTRITO de Mogincual está de luto pela morte de doze pessoas (reclusas), pior ainda em circunstâncias que até ao momento não estão esclarecidas nas celas do comando local da Polícia. Segundo informações disponíveis, são indivíduos que estavam presos por alegado envolvimento nas manifestações de desinformação contra a cólera.
São daquelas mortes quando acontecem habitualmente surgem justificações por parte de quem de direito, e isso faz com que os culpados não sejam penalizados de forma exemplar, depois das conclusões das investigações que se têm dito estarem a serem realizadas pela Polícia ou outras instituições competentes, com intuito de se apurarem as causas e os culpados das mortes.
E desta vez quem será culpabilizado? Doze pessoas a morrerem numa diminuta cela da Polícia e em circunstâncias não claras. Não é pouco, não é problema mesquinho nenhum, não é brincadeira. É um assunto grave para um país como o nosso em que sempre se diz haver respeito pelos direitos humanos, até desmentir-se alguns relatórios internacionais com outras visões e convicções na abordagem do assunto em Moçambique.
Aliás, espero que seja opinião de muitos cidadãos deste país que porventura possam compartilhar a dor das populações de Mogincual, de toda urgência, porque a tragédia é grave, que os responsáveis do ministério do Interior venham a público explicar-se e convencer-nos das reais causas. Se bem que não quero incorrer no risco de fazer acusações infundadas, porém, não deixo de ser tentado em saber a quem se pode imputar as responsabilidades das mortes em Mogincual. Até porque esse ministério já prometeu fazer diligências no sentido de esclarecer o caso, o mais rápido possível logo que o processo de autópsias fôr concluído.
É que, não quero acreditar, em função do que se tem dito sobre essas mortes na capital do norte, que terá havido questões de competência que não terão sido rigorosamente observadas na reclusão das pessoas na diminuta cela do comando distrital da PRM, por parte de quem devia velar pela permanência de presos nessa cadeia, à semelhança do que teria acontecido em Montepuez, na província de Cabo Delgado.
É verdade que não me parece justificar que um grupo de pessoas, conotadas como sendo da Renamo protagonizem acções de vandalismo, até matarem activistas da Cruz Vermelha, para alegadamente desinformarem as pessoas sobre o surgimento da cólera numa determinada zona, mas as ideias ou posicionamentos de alguns dirigentes ou políticos quando acontecem este tipo de situações antigas no nosso país, podem revelar- se como um forte incentivo à prevalência dessas manifestações.
Por isso temos que, também, veementemente protestar contra os discursos desses dirigentes ou políticos que não foram capazes de evitar que as manifestações da Renamo na vila da Mocímboa da Praia não atingissem o ponto que atingiram. Na cadeia de Montepuez não morresse muita gente, só para citar alguns exemplos.
Ainda bem que o Ministro da Saúde, Ivo Garrido, disse em reacção aos acontecimentos da vila da Mocímboa da Praia que não interessava que se culpasse o fulano A ou B desses desacatos. Interessava era sim, que a partir daquele momento os moçambicanos reflectissem profundamente sobre para onde querem levar este país, que precisa de esforços mancomunados para o seu desenvolvimento.
O pior ainda é que quando acontecem estas situações não tem havido uma explicação clara e isenta. Como se as mortes fossem perfeitamente normais. Os altos dirigentes da PRM, tanto de nível provincial como central, sabiam os contornos dos desacatos em Mogincual em torno da cólera, mas, nenhum deles se fez lá a tempo e horas para constatar in loco isso. Só depois de morrerem essas doze pessoas é que, por exemplo, a comandante provincial se deslocou à Mogincual.
Na cidade de Maputo o próprio vice- ministro do Interior só se limitou a acusar o partido de Afonso Dhlakama de aparentemente estar envolvido nesses desacatos, mas parou por aí. Portanto, é minha opinião que terá havido negligência no tratamento das manifestações violentas em Mogincual, que caso houvesse responsabilidade e seriedade por quem de direito teria sido evitado tudo o que aconteceu em torno desta onda de desinformação naquele distrito.
A ministra da Função Pública que já esteve lá, em tempo de “ebulição” dos desacatos não terá “tocado” com profundidade o assunto. Assim, os distúrbios bem como os 46 detidos numa cela do comando distrital da PRM com capacidade para cinco pessoas, iam sendo “esquecidos”. Isso que fez com que os detidos ficassem por muito tempo sem que fossem transferidos para a cadeia de Angoche, onde são levados os criminosos de Moginqual, por falta de condições prisionais neste distrito.
Por conseguinte, acho que vai sendo tempo de termos outra postura, como dirigentes e políticos deste país, quando surgem este tipo de problemas.
Fonte: Notícias
Moçambique faz parte de meu roteiro que em breve farei. Bom blog amigo.
ResponderEliminarMuito obrigado pela visita.
ResponderEliminar