O Chefe do Estado mocambicano, Armando Guebuza, considera que a corrupcao em Mocambique 'e uma questao essencialmente estrutural e que o governo esta a atacar o problema nessa perspectiva.
Segundo Guebuza, que falava domingo, em Maputo, nas cerimonias centrais que marcaram a passagem do 31/o aniversario da independencia do pais, a luta contra a corrupcao tem como ponto de fundo a pobreza, que 'e preciso lutar contra ela, as atitudes das pessoas, suas expectativas e visao do mundo. Reagindo a recente divulgacao do relatorio da USAID (Agencia norte-americana para o Desenvolvimento Internacional) que, entre outros aspectos, aponta que o problema de corrupcao no pais "'e muito grave", Guebuza considera que nada esta a falhar.
"Nada esta a falhar. O problema é que as pessoas pensam que lutar contra a corrupcao é fazer 'caça as bruxas', é dizer que é fulano, beltrano e cicrano", referiu. Para o Presidente da Republica, indicar as pessoas envolvidas em actos de corrupção nao é a questão, uma vez que não se resolve todo o problema dessa forma, ha situações estruturais que precisam ser vistas.
Armando Guebuza acrescentou que é bom que existam organizacoes nacionais e internacionais que procuram diagnosticar os problemas que o País tem, uma vez que o governo depois pega os resultados dessas analises e procura ver em que 'e que pode fazer melhor.
O relatorio refere ainda que a corrupção "tem vindo a alastrar-se rapidamente nos ultimos 20 anos, tendo agora atingido praticamente todos os sectores, funcoes e niveis do Governo. O nivel e o ambito da corrupcao no pais alcancou pontos alarmantes e representa um risco para a governacao democratica nascente no pais".
Refere ainda que a corrupcao em Mocambique "'e tao endemica que se tornou numa norma para os cidadaos e homens de negocios, os quis a toleram para conseguirem que os assuntos sejam resolvidos e ter acesso aos servicos publicos basicos".
Adianta que a corrupcao no sector publico tem consequencias devastadoras na vida economica, politica e social, uma vez que afasta os investidores nacionais e estrangeiros, cria vantagens injustas para alguns e reduz as expectativas para os pobres. Por seu turno, o lider do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, um antigo quadro senior da Renamo que foi expulso do partido Afonso Dhlakama em 2000, foi tao pessimista na analise da actual situacao no pais nos ultimos 30 anos. Domingos disse que volvidos 30 anos depois da independencia, as coisas continuam na mesma, "nao houve muitas mudancas".
O presidente do PDD, terceira forca politica mais votada nas ultimas eleicoes gerais de 2004, referiu, contudo, estar encorajado pela manutencao da paz, conquistada em 1992, com o acordo geral de Paz, assinado em Outubro dquele ano em Roma, a capital italiana, entre o governo mocambicano e a Renamo, ex-movimento rebelde, e com a consolidacao da democracia marcada com a realizacao das primeiras eleicoes multipartidarias em 1994 e a promocao do desenvolvimento.
"Depois dos 31 anos de independencia, o pais tem que conservar os ganhos conseguidos. 'E preciso manter a paz e democracia, desenvolver a patria, resolver o problema da corrupcao e tantos outros problemas que colocam a populacao na pobreza absoluta", disse.
Raul Domingos disse que o desenvolvimento do pais passa por usar devidamente os recursos existentes, uma vez que Mocambique possui inumeros recursos que nao sao bem explorados. Em Maputo, a deposicao de coroa de flores no monumento erguido aos herois mocambicanos, nos arredores de Maputo, entre outras actividades, marcaram a passagem do 31/o aniversario da independencia.
Notícia - 2006-06-26
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