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terça-feira, maio 12, 2015

Mediadores sobre a despartidariacão do Aparelho do Estado

Os mediadores do diálogo político entre o Governo e a Renamo, principal partido da oposição no país, defendem que o ponto da agenda referente a despartidarização do aparelho do Estado deveria ser discutido na Assembleia da República, o parlamento moçambicano.

Essa posição foi assumida hoje, em Maputo, no término da 104ª ronda do diálogo político que se arrasta há mais de dois anos, cujo fim não se vislumbra para breve.

A despartidarização não é monopólio da Renamo e a Frelimo, actual partido no poder, e nem deve ser discutida pelas duas partes, disse o Padre Filipe Couto, falando em nome dos medidores, para de seguida acrescentar que é uma matéria que deve ser discutida por todos os partidos no Parlamento.

Para os mediadores, é primordial que se discuta a questão económica, pois existem pessoas que estão a passar por momentos difíceis mesmo depois do fim da tensão militar.

Podíamos estar a discutir, agora, a questão económica, pois há pessoas que estão a passar fome em zonas afectadas pela guerra. Na verdade, esta questão vai beneficiar aos combatentes de ambas as partes, disse Couto, acrescentando que a discussão da parte económica resolveria as reclamações dos combatentes que sonham em receber, pelo menos, 20 mil meticais (um dólar equivale a cerca 34 meticais ao câmbio corrente).

No início do diálogo político, os mediadores pautavam pelo silêncio. Entretanto, decidiram quebrá-lo nas últimas três rondas para manifestar o seu descontentamento com o curso do processo, alegando que as duas delegações têm discutido pontos que não constam da agenda.

Couto, visivelmente agastado com o curso do diálogo que há várias semanas vem registando impasses sucessivos, disse que a criação da Equipa de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM) não resultou em nada, pois até agora ainda não vimos nenhuma lista de forças residuais.

Segundo Couto, os mediadores já sugeriram a extinção da Equipa de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), porque até agora ainda não foi possível alcançar nenhum consenso.

Olha, nessa coisa dos militares vocês nunca chegaram ao consenso. E sabemos que o consenso, até então, alcançado não teve a interferência da EMOCHM disse Couto, lembrando que o enquadramento dos membros da Renamo na Comissão Nacional de Eleições (CNE) foi fruto do diálogo no Centro de Conferencias Joaquim Chissano, local onde decorre o diálogo.

Para Couto, parece que falta coragem as duas delegações para manifestar abertamente a sua incapacidade de ultrapassar os impasses e colocar o diálogo num bom rumo.

Parece-me que nos falta a coragem para dizer à quem de direito que daqui para a frente nos faltam as baterias para resolver os problemas dos quais não temos as hipóteses. Neste caso, somente duas pessoas têm as soluções, nomeadamente, o Presidente da República, Filipe Nyusi e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse.  (Alberto Massango )


Fonte: AIM – 12.05.2015

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