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sexta-feira, maio 15, 2015

Burundi: Quatro antigos presidentes denunciam candidatura de Nkurunziza a um terceiro mandato

Quatro antigos chefes de Estado burundeses consideram "inconstitucional" a candidatura do actual presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato, estimando que ele arrisca de comprometer as conquistas da paz, depois do fim da guerra civil em 2006.

Numa carta, endereçada no início desta semana aos chefes de Estado da região, transmitida nesta sexta-feira à AFP, esses quatro ex-presidentes constatam “as preocupações exprimidas” pelos burundeses sobre a candidatura de Nkurunziza (eleito em 2005 e reeleito em 2010) às presidenciais de 26 de Junho deste ano.

Esta decisão de brigar por um terceiro mandato desencadeou a 26 de Abril um movimento de manifestações aliadas a violência que causou 20 mortos.
Enquanto os chefes de Estados da região, dos quais o presidente Nkurunziza, estavam na Tanzânia quarta-feira para uma cimeira consagrada a situação política no Burundi, oficiais das forças armadas levaram a cabo uma tentativa de um golpe de Estado que finalmente foi abortada nesta sexta-feira.
Na sua missiva, data a 11 de Maio, os ex-presidentes Jean-Baptiste Bagaza (1976-1987), Sylvestre Ntibantunganya (1994-1996), Pierre Buyoya (1987-1993, e 1996-2003), e Domitien Ndayizeye (2003-2005) dizem que estão  "convencidos", no seu “ânimo e consciência", que uma nova  candidatura de Pierre Nkurunziza é "inconstitucional".
Uma tal candidatura "arrisca de comprometer as conquistas do acordo de paz de Arusha", por isso que  "o partido no poder opta por uma repressão sem piedade" contra os manifestantes.
O acordo de Arusha (Tanzânia) tinha permitiu pôr fim a uma guerra civil (1996-2006) entre maioria hutu e minoria tutsi, que continua na memória no Burundi.
Esse acordo de Arusha permitiu "um domínio da questão étnica (...)", criou "uma paz efectiva – lamentavelmente hoje ameaçada – depois de uma década", o  "desdobramento de forças de defesa e de segurança nas quais as diferentes componentes étnicos estão representados", realçam.
Finalmente esse instrumento legal permitiu "uma estabilização das instituições eleitas do país", relembram os antigos chefes de Estado na sua carta.
Segundo eles, a candidatura de Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato poderá igualmente "atentar à estabilidade da região dos Grandes Lagos".
Os quatro antigos estadistas “pedem aos líderes regionais para ajudar o presidente a tomar a decisão que convém, que é de renunciar a um terceiro mandato controverso e portadora de perigo”.
 Eles argumentam que a renuncia da recandidatura vai por fim automaticamente as manifestações  e à violência que acarreta e permitirá a realização de eleições livres após uma remodelação do calendário eleitoral e a criação de garantias para um escrutínio livre verdadeiramente pluralista.
 A missiva foi enviada aos estadistas da região antes da sua cimeira de quarta-feira que foi sacudida por uma tentativa de um golpe de Estado contra Pierre Nkurunziza.
Essa carta foi confirmada a sua autenticidade à AFP por Ndayizeye.
 "Sim esta carta que nós escrevemos e assinamos conjuntamente, nós os antigos chefes de Estado ainda em vida. Ela surge para mostrar que esse momento é grave”, sublinhou.
Ele fez essas declarações na Tanzânia onde se deslocou para participar quarta-feira na cimeira regional sobre o Burundi.
A história pós-colonial do Burundi foi marcada por numerosos massacres inter-étnicos e a sucessão de golpes de Estados, levadas a cabo por Bagaza e Buyoya.

Fonte: ANGOP – 15.05.2015

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