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quarta-feira, janeiro 08, 2014

– HOMOÍNE/RENAMO RECONHECE COMO SEUS MILITANTES OS HOMENS ARMADOS

A Renamo, antigo movimento rebelde e maior partido da oposição em Moçambique, confirma o reagrupamento da sua força ilegal na localidade de Pembe, distrito de Homoíne, província meridional de Inhambane, onde, na Terça-feira, travou confrontos com as Forças de Defesa e Segurança.

Estes homens armados da Renamo estão a criar um clima de terror na região, razão pela qual muitos residentes estão a abandonar as suas casas para procurar refúgio em locais considerados mais seguros.

A confirmação foi feita pelo porta-voz desta formação política, Fernando Mazanga, na conferência de imprensa havida hoje na sua sede em Maputo, cujo objectivo era apresentar a posição daquele antigo movimento rebelde em relação a situação em Homoíne.

“Os Segurança da Renamo encontraram-se agrupados na província de Inhambane”, afirmou Mazanga, apontando tratar-se daqueles que foram desmobilizados do exército nacional e dos que nem sequer chegaram a ser integrados.

Contudo, existem vários problemas com esta versão de Mazanga. 

Primeiro, a força de segurança da Renamo, a dita “Guarda Presidencial”, nunca havia sido vista na província meridional de Inhambane até num passado recente. 

Segundo, os residentes de Homoíne que abordaram alguns membros deste grupo de homens da Renamo disseram à imprensa que os mesmos não falam a língua local. Por isso, comunicam-se apenas em Português, língua oficial em Moçambique, ou em Sena e Ndau, as principais línguas faladas na província central de Sofala. Este é um bom indicador de que eles poderão ter-se movimentado recentemente das bases da Renamo em Sofala para Homoíne. 

Com relação ao facto de “não terem sido integrados”, o Acordo Geral de Paz de 1992 previa a formação de um exército unificado (FADM), com um efectivo de 30 mil voluntários de ambas as partes, ou seja 15 mil seleccionados das forças governamentais, na altura (FPLM) e os restantes 15 mil da Renamo. 

Contudo, em 1994 não foi possível reunir 30 mil voluntários, pelo simples facto de as tropas de ambos os lados se terem amotinado por se recusarem a integrar o novo exército unificado (FADM). 

O grupo de homens armados da Renamo, segundo Mazanga, quando tomou conhecimento do ataque dirigido contra o seu líder, Afonso Dhlakama, no dia 21 de Outubro, solicitou a autorização para se juntar a ele em Satungira, para o proteger, pedido por ele rejeitado. 
“Rejeitou por entender que concentrar todos os seus seguranças na província de Sofala poderia parecer que a acção do governo é apenas contra o centro do país, quando na verdade no sul e norte também há problemas iguais aos do centro”, explicou Mazanga.

A fonte disse que o problema político que opõe a Renamo ao Executivo é, na verdade, um problema nacional relacionado com o que, na sua óptica, considera falta de democracia no país. 

Não está claro como é que Mazanga está a par da comunicação entre o grupo de Homoíne e Dhlakama. Isso porque, nas ocasiões anteriores, Mazanga disse que a sede da Renamo em Maputo não tinha nenhum contacto com Dhlakama, que desapareceu da arena pública desde a tomada do seu quartel-general em Satunjira, na província central de Sofala.

Mazanga disse ainda que a sede do seu partido em Maputo não tem nenhum contacto com o grupo de armado de Homoíne. Por isso, ele não tinha conhecimento dos confrontos ocorridos na terça-feira naquela região, escusando-se a revelar o número de homens da “segurança” da Renamo ali estacionados. 

Mesmo assim, ele alega que na sua permanência em Pembe e Fanha-Fanha, os homens da segurança do então movimento rebelde receberam uma mensagem de nunca hostilizar e confrontar as populações, devendo apenas garantir a sua protecção e, caso seja necessário, se apresentar as autoridades tradicionais locais.

Estes Segurança “levam a mensagem de respeitarem as populações, as suas coisas e as suas tradições”. 

A outra razão que a Renamo encontrou para que os seguranças localizados no sul ficassem no sul reside no facto de parte das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) que atacam o centro do país serem treinados, equipados e transportados do sul, daí entender que essas incursões devem ser travadas a partir das origens.

“Concentrar todos os efectivos que estão a ser procurados pelas FADM para serem mortos, seria oferecer um alvo fácil, pelo que quaisquer outros grupos que queiram tomar esta iniciativa receberão a mesma orientação”, disse Mazanga.

Ele gabou-se afirmando que “ninguém nem nada irá colocar a Renamo fora dos pleitos eleitorais”. 

Na verdade, é a própria Renamo que está a manter-se fora das eleições, tendo boicotado as autárquicas de 20 de Novembro de 2013 e intercalares municipais realizadas em 2010 e 2011. 

Se a Renamo insistir nesta política, o seu nome não irá constar nos boletins de voto para as eleições gerais agendadas para 15 do corrente ano. 

O recenseamento eleitoral deverá arrancar nos finais do corrente mês, e se Dhlakama quiser, de facto, concorrer para as presidenciais ele deve sair das matas para se recensear. 

Fonte: AIM - 08.01.2014

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