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quarta-feira, agosto 22, 2012

Itai Meque e Manuel de Araújo trocam acusações no dia da cidade

Rixas políticas na Zambézia.

A população não gostou de ouvir o governador a tentar “roubar” protagonismo pelo desenvolvimento de Quelimane que, quando discursava, foi reiteradamente vaiado e desmentido pelos munícipes.

O Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, na província da Zambézia, celebrou, ontem, 70 anos de sua elevação à categoria da cidade. As festividades desta efeméride foram marcadas pela troca de acusações entre o governador da Zambézia, Francisco Itai Meque, e o edil da cidade, Manuel de Araújo.
Não é apenas o 21 de Agosto de 1942 que entra para história de Quelimane pela sua elevação à esta categoria, mas também o deste ano (ontem), já que, pela primeira vez, o governador provincial tentou boicotar a festa, alegando ter outras ocupações durante o dia.
Assim, a deposição da coroa de flores na praça dos Heróis deu-se na ausência do governador da Zambézia, Francisco Itai Meque. Porém, acabou por chegar, mas tarde e depois do início do programa.

De Araújo acusado de vender Quelimane

Durante o comício popular, organizado pelos 70 anos, Itai Meque tentou chamar até si o protagonismo pelo desenvolvimento de Quelimane. “chamou” atenção à população para que tenha atenção às parcerias que a edilidade celebra com algumas entidades estrangeiras, sob risco desta vender aquele município.
O governador afirmou ainda, em viva voz, que se os munícipes não fizerem algo, a cidade poderá ser arrancada pelos cidadãos de outros países.
“Quando a oferta é demais, o povo desconfia. Munícipes fiquem de olhos bem abertos, porque podemos perder a nossa cidade”, disse Itai Meque, acrescentando que “a questão de tapamento dos buracos nas estradas de Quelimane é realizada com fundos do governo provincial e não do município. Alguns feitos, como expansão da água potável e energia são acções que o Governo tem estado a fazer”.
Por seu turno,  Manuel de Araújo, edil de Quelimane, não deixou impune estas acusações. Na sua intervenção, que se seguiu a de Itai Meque, disse que se o governador critica as parcerias com os países de fora, o que se pode dizer das do Governo central.
“Será que o Executivo central, que celebra contratos, até de créditos para vários fins, está a vender o país? se for assim, senhor governador, o país já foi vendido há muito pelo governo central”, retorquiu.
O presidente daquele município desmentiu, duramente, a tentativa de virar os munícipes contra a edilidade, afirmando que a nova cara de Quelimane é resultado do seu esforço e da população.
“Sobre o projecto de tapamento de buracos na cidade, não é verdade a afirmação do governador, porque no passado havia problemas sérios e o que se dizia era que os buracos eram de Pio Matos e não era problema do governo provincial”, sublinhou De Araújo.
de Araújo diz que o desenvolvimento de Quelimane resulta de um investimento municipal com os seus parceiros nacionais e estrangeiros.
“Os munícipes não se podem distrair com o discurso do governador, porque ele é meramente político e não tem nenhuma base concreta”.
Entretanto, a população foi a primeira a não gostar de ouvir o governador da Zambézia a tentar “roubar” protagonismo pelo desenvolvimento desta cidade. Desta feita, quando o mesmo discursava e atirava farpas, foi reiteradamente vaiado e desmentido pelos munícipes.
Alguns munícipes disseram que mais do que saber quem está a fazer, é saber e ver o que está a ser feito.
“Se é a Frelimo, a Renamo ou MDM não interessa. A cidade de Quelimane esteve muito tempo parada e, por isso, o mais importante são as realizações e a melhoria de vida”, afirmou um munícipe.
A cidade foi brindada com a presença da Alta Comissária da República Unida da Tanzania, Fhamin Myamduga.

Divisões nas celebrações

Para além desta crispação, cada partido político comemorou à parte. A Frelimo esteve no bairro popular, isolando-se das celebrações centrais. Doutro modo, o MDM e a população encontravam na avenida da Marginal, local onde também aconteceu um mega-concerto de Stewart Sukuma, Valdemiro José, entre outros músicos locais...

Desafios

Apesar destes atritos, o edil diz-se confiante de que a vida dos munícipes vai melhorar ainda mais. Assim, apontou como principais desafios a criação de ambiente de negócio por forma a que os empresários nacionais e estrangeiros invistam ainda mais em Quelimane, para dar emprego à juventude e não só.
De Araújo indicou ainda a necessidade de continuação com o projecto de construção de infra-estruturas como estradas, escolas, centros de saúde.
Expansão do abastecimento de água potável, da energia eléctrica e melhoria da sua qualidade são outras questões que ainda preocupam as autoridades da urbe.
Mesmo assim, De Araújo diz que Quelimane está de boa saúde, e a guerra é continuar a melhorar a vida das populações.

Governo VS município

Recorde-se que, recentemente, o edil de Quelimane, Manuel de Araújo, mostrou-se indignado com o comportamento de alguns membros do executivo de Itai Meque, designadamente directores provinciais, alegadamente pelo facto de não estarem a colaborar com a sua governação em caso de solicitação de explicações ou intervenções por parte dos mesmos.
Manuel de Araújo é do MDM e conseguiu derrubar a Frelimo da gestão daquele município, facto que causa atritos de ordem político-partidária.

Fonte: País onlineO – 22.08.2012

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