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domingo, junho 10, 2012

Seitas religiosas por detrás do tráfico de pessoas em Moçambique

O tráfico de pessoas, principalmente de crianças, é associado  à proliferação de seitas religiosas em Moçambique, com particular enfoque em Manica, segundo fonte da Procuradoria, intervindo ontem, em Maputo, no debate sobre o tema. Além deste posicionamento, outros intervenientes como, por exemplo, a PGR,  querem ver penas mais pesadas para os traficantes.



Citado pelo jornal Diário de Moçambique, o procurador chefe provincial de Manica, Agostinho Rotuto, considera que o tráfico de pessoas intensificou na mesma altura em que muitas igrejas,  de denominações diversas,  se implantavam,  havendo fortes suspeitas de que este tipo de crime esteja associado ao surgimento destas seitas, cujos pastores casam-se com crianças de menor idade, que depois são levadas para fora do país.

“Existe cerca de 250 seitas  religiosas,  que surgiram em Manica, com representações no exterior, principalmente do Zimbabwe e  África do Sul.

Todas trabalham com crianças, facto que deixa as autoridades indignadas.

A maior parte destas crianças tem entre 10  e 11 anos e são casadas com os pastores. Algumas dessas são levadas para fora do país sem nenhum tipo de controlo”, disse, falando ontem, em Maputo, no segundo debate público nacional sobre a matéria.

Rotuto questiona, ainda, o tipo de controlo feito a este tipo de organizações religiosas no país. “Para além das acções que a PGR vem desenvolvendo em torno desta prática, resta-nos ainda um grande desafio em questões de controlo dessas seitas que se estalando no país”, referiu,  ajuntando que acredita que,   com a aprovação da proposta de lei contra o tráfico,  a situação de controlo pode vir a melhorar.

Por seu turno, Castigo Zimba, líder comunitário do distrito de Moamba, em Maputo, secundou Rututo, sustentando que na fronteira com a África do sul,  onde ele próprio vive, são várias as situações de pessoas de fora, que chegam ao país sem nenhum tipo de controlo migratório.
“As autoridades já não conseguem controlar as fronteiras. Há muitas crianças que atravessam diária e ilegalmente a fronteira”, disse.

Em contrapartida, Margarida Guitunga, representante de uma ONG,  associou o surgimento de várias confissões religiosas ao crime organizado de tráfico de  pessoas.  “O relatório da UNICEF de 2010 sobre tráfico de pessoas, confirma que estas seitas religiosas estão directamente ligadas ao tráfico e constituem um crime organizado”, referiu.

Fonte: Rádio Moçambique – 10.05.2012

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