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sexta-feira, junho 08, 2012

Os espantos de Egídio Vaz

Por Egídio Vaz

Espanta-me, a cada dia que passa, a capacidade que os moçambicanos têm de domesticar, naturalizar e branquear FACTOS para POSTERIORMENTE santificar os seus dirigentes, principalmente os que estão no poder. Pessoas que nunca trabalharam na vida em nenhum outro lugar senão no Estado e Governo Moçambicanos e que ainda hoje, continuam no poder, são ACTUALMENTE reconhecidos como legítimos ricos e empreendedores, com moral bastante para dizer aos outros que devem trabalhar e que a sua pobreza é fruto da sua debilidade mental e vontade em não sair dela; pessoas que viveram, antes do saque dos despojos coloniais e depois, dos despojos do socialismo falhado e agora diretamente do povo e dos doadores são, nos dias que correm, os que capitaneiam a alegada luta contra a pobreza absoluta. Na sua saga, nunca pronunciam nem encorajam - ainda que de forma cosmética - o combate feroz à corrupção.

Espanta-me que, a cada dia que passa, os denunciantes de factos e práticas corruptas e da má-governação sejam eles próprios a negociar os termos de paz com os alegados corruptos. Isto equipara-se com uma situação em que um estuprador e a vítima sejam obrigados pela polícia a negociarem a melhor forma de resolver o seu problema, sem a intervenção das autoridades de administração da justiça. Noutros países, uma denúncia num jornal levaria a atuação imediata da PGR, colocando desta forma contra a parede os visados e não dando tempo para que os bandidos continuassem a usar os bens do Estado para atacar o povo.

Espanta-me quando funcionários do Partido FRELIMO assumem voluntariamente a responsabilidade de defender na praça pública qualquer prática desviante de qualquer dirigente do Estado ou Governo, ignorando que a sua missão como membros e funcionários do partido é zelar APENAS pelas boas-práticas à luz dos Estatutos do Partido e demais comandos reguladores; velar pelo cumprimento do plano do Governo da FRELIMO. Questiono-me se a cleptocracia já foi sancionada pelos órgãos do Partido e se já faz parte do plano de governo. Se não, porquê esta solidariedade mafiosa a favor de corruptos?

Espanta-me a sedução dos nossos governantes para com o fútil; a orgia discursiva e a incompetência. É quase regra em Moçambique que os dirigentes devem se fazer rodear de manifestos incompetentes. E quando o povo reclama os mesmos governantes incompetentes pedem soluções, esquecendo-se de que eles próprios têm um mandato e um programa por cumprir. Esquecem-se que tudo o que o povo quer é o cumprimento das promessas eleitorais; do programa de governo. E nada mais!

Ontem saqueadores dos despojos do colonialismo; substitutos legais do poder colonial; depois déspotas que levaram o país ao colapso e hoje endinheirados e cleptocratas, profanam os altares do poder político insultando o povo e acusando-o de nada fazer pelo seu próprio desenvolvimento. Saibam que o vosso tempo está a chegar ao fim.

O dia em que o povo moçambicano acordar, saibam que acabarão todos na cadeia como, aliás, está a acontecer com o Mubarak, aconteceu com Khadafi e com Ben Ali. Ninguém imaginava que pudesse acontecer.

Fonte: aqui (Facebook)

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