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quarta-feira, maio 30, 2012

África está a crescer mas não cria empregos, diz relatório

O número de africanos entre 15 e 24 anos vai dobrar até 2045, segundo o "Panorama Econômico Africano", divulgado pelo Banco de Desenvolvimento Africano, o Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a Comissão Econômica da Organização das Nações Unidas para a África e o Programa de Desenvolvimento da ONU. Neste momento, até as principais economias africanas mostram poucos sinais de que estão preparadas para gerar empregos para essa juventude, disse o relatório.


Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o desemprego em muitos países africanos chega a 20%. Na África do Sul, a maior economia do continente, o desemprego é de 25,2%. E é ainda pior para os jovens — 60% da população economicamente activa e desempregada de África tem menos de 24 anos.

"O continente está a viver um crescimento sem geração de emprego", disse o economista-chefe do Banco de Desenvolvimento Africano, Mthuli Ncube, num comunicado divulgado juntamente com o relatório. "É uma realidade inaceitável num continente com uma oferta tão impressionante de jovens talentosos e criativos."

O relatório prevê que a economia de África vai crescer 4,5% este ano e 4,8% em 2013. Mas boa parte desse crescimento será em países ricos em commodities, que têm assistido a um boom na exploração do petróleo, como Nigéria e Guiné Equatorial, ou em carvão e jazidas de gás natural, como Moçambique. Os resultados ainda não se traduziram numa melhoria geral do padrão de vida para a população jovem em franca expansão, o que ameaça a coesão social e a estabilidade política em países que não estão a solucionar os seus problemas de desemprego, disse o relatório.

Para corrigir a situação, o relatório recomenda que esses países incentivem o crescimento veloz do sector privado, especialmente na economia informal e em empregos agrícolas, que ainda dominam muitos países de África.

Melhorar a educação também é crucial, disse o relatório, bem como a expansão dos sectores industriais e de serviços para libertar esses países da receita insustentável proveniente das exportações de commodities.

"A diversificação das exportações além das matérias-primas e o desenvolvimento do sector privado são importantes para mitigar a suscetibilidade do continente a choques externos, mas isso leva tempo", disse Emmanuel Nnadozie, director de desenvolvimento econômico da Uneca, como a Comissão Econômica da ONU é conhecida.

Há indícios de que a África já está a diversificar-se mais, com os sectores de telecomunicações, comércio e serviços a apresentar forte crescimento a partir de uma base extremamente pequena, disse o relatório.

Fonte: Rádio Moçambique – 30.05.2012

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