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sexta-feira, abril 20, 2012

Guiné-Bissau: Candidato vencido nas eleições nomeado presidente

Manuel Serifo Nhamadjo, candidato eliminado na primeira volta das eleições presidenciais, foi nomeado nesta quinta-feira presidente de transição da Guiné-Bissau, após um acordo entre golpistas e os principais partidos da antiga oposição, informou um comunicado oficial conjunto.
Braima Sori Djalo, segundo do principal partido de oposição, o Partido da Renovação Social (PRS), foi nomeado presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), completou o comunicado assinado pelo Comando militar e "os partidos políticos".
O CNT é um novo órgão legislativo encarregado de administrar o processo de transição depois do golpe de Estado de 12 de abril, criado após um acordo assinado na quarta-feira entre a junta e a antiga oposição. Este acordo prevê que a transição termine pela organização de eleições presidenciais e legislativas num prazo máximo de dois anos. Os dois foram escolhidos por "consenso" pelo Comando militar e os partidos políticos, afirmou à AFP um porta-voz dos partidos políticos.
Terceiro na primeira volta das eleições presidenciais de 18 de março, Serifo Nhamadjo, de 54 anos, é um dissidente do antigo partido no poder, o Partido Africano pela Independência de Guiné e de Cabo Verde (PAIGC), do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Junior. Gomes Junior, vencedor da primeira volta, foi detido pelos golpistas e continua preso.
Serifo Nhamadjo era até o golpe, que dissolveu as instituições, presidente interino da Assembleia Nacional.
Uma semana depois do golpe, o exército da Guiné-Bissau ordenou na quinta-feira a reabertura das fronteiras com o objectivo de retornar à normalidade.

Guiné-Bissau na mira da ONU


O Conselho de Segurança da ONU deverá tomar hoje novamente posição sobre a crise na Guiné-Bissau, após uma reunião pedida por Portugal, em que participam os ministros dos Negócios Estrangeiros português, angolano, guineense e o representante da ONU em Bissau.
Segundo fonte diplomática portuguesa, o Conselho de Segurança ouvirá um briefing pelo representante especial Joseph Mutaboba, além dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau e de Angola, em nome da presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Após intervenção do chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Portas, e em nome da comunidade regional (CEDEAO), haverá consultas, após as quais está prevista a adoção de uma declaração presidencial, que está a circular entre os 15 países-membros do Conselho, havendo "perspetiva de que pode ser adotada", disse a mesma fonte.
A mesma fonte não quis adiantar pormenores sobre o teor da declaração até que seja oficialmente circulada, apenas referindo que irá reforçar o apelo ao retorno da ordem constitucional ao país.


Envio de força multinacional e sanções internacionais


Segundo outra fonte diplomática na ONU, além dos elementos já contidos na anterior declaração do Conselho de Segurança, que incluem também a exigência de libertação dos líderes políticos detidos, deverão ser incluídos como elementos novos o possível envio de uma força multinacional e sanções internacionais aos autores do golpe de Estado.
A concretização destas "ameaças" teria de ter a força de uma resolução, mas, de acordo com a mesma fonte, a necessidade desta deverá ficar mais clara apenas durante as consultas de quinta-feira.
O pedido das autoridades guineenses para o envio da força, assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, já está com o Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU, enquanto se vai somando o número de países disponíveis para contribuir, que deverão vir sobretudo do bloco CPLP e CEDEAO.
As últimas decisões do comando militar são vistas na ONU como uma tentativa de "legitimar, consolidar o poder, pelo menos no curto prazo", enquanto se procura chegar a um Governo de transição, referiu a mesma fonte.
Isto mesmo foi expresso na segunda-feira pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que disse estar "seriamente preocupado" por os líderes do golpe de Estado estarem a ignorar os apelos da comunidade internacional e a "agravarem" a crise política com o anúncio de planos para criação de um Governo de transição nacional.

Fonte: Rádio Mocambique - 20.04.2012 

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