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sexta-feira, abril 01, 2011

Emissário de Khadafi discute em Londres eventual saída para o coronel

O regime de Muammar Khadafi enviou até Londres um emissário da sua confiança para manter conversações secretas com as autoridades britânicas, numa altura em que altos cargos do regime terão abandonado o coronel nas últimas horas.

De acordo com o "The Guardian", o regime líbio enviou há uns dias para Londres Mohamed Ismail, um dos principais assessores de um dos filhos do dirigente líbio (Saif al Islam). Aqui, Ismail ter-se-á encontrado com o embaixador britânico na Líbia e vários dirigentes do MI6.

Estes contactos fazem parte de uma estratégia do regime líbio para tentar pôr termo ao conflito em que está mergulhado o país magrebino desde Fevereiro. Parece que nos últimos dias aumentou o interesse do regime de Khadafi em encontrar uma saída para a violência.

Durante as conversações em Londres foram já discutidos vários cenários, incluindo a possibilidade de Khadafi se manter no poder mas apenas de forma simbólica, renunciando de facto à governação. Outra possibilidade discutida foi a criação de um governo de unidade nacional encabeçada por Mutassim Khadafi (outros dos filhos do líder líbio) e que contaria com elementos da oposição, indica o “The Guardian”.

Um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico não especificou o conteúdo das conversações e limitou-se a declarar que a mensagem entregue a Ismail é a de que Khadafi tem de sair e que será julgado por crimes cometidos diante do Tribunal Penal Internacional.

Entretanto têm-se se sucedido as deserções entre as fileiras do regime. Khadafi tinha perdido na quarta-feira o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Musa Kusa, que está precisamente escondido no Reino Unido e a ser interrogado pelas autoridades britânicas.

Por seu lado, a estação televisiva Al Jazeera informa hoje que mais pessoas do círculo de confiança do ditador estão a abandoná-lo e a optar pelo exílio. Um grupo de altos cargos do regime enviados à Tunísia terá decidido não regressar à Líbia. O Presidente do Comité Popular líbio (Parlamento) e o ministro do Petróleo, Shokri Ghanem, estarão entre os desertores. Abu Zayed Dordah, ex-primeiro-ministro líbio, entre 1990 e 1994, também já terá retirado o seu apoio a Khadafi, bem como Ali Abdessalam Treki, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e designado por Khadafi para encabeçar a delegação líbia na ONU, que já disse que não irá aceitar nenhum cargo no actual governo líbio.

Fonte: Publico.pt - 01.04.2011

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