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terça-feira, outubro 21, 2008

MNE e FRELIMO divergem quanto a legalidade da estátua de líder da Renamo

Lisboa, 21 Out (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros moçambicano, Oldemiro Balói, divergiu hoje da FRELIMO, partido no poder, ao considerar "um sinal de vitalidade da democracia" a polémica inauguração na cidade da Beira da estátua do fundador da RENAMO, oposição.

Em declarações à Agência Lusa, em Lisboa, Oldemiro Balói sublinhou que a inauguração da estátua em memória de André Matsangaíssa, ocorrida a 17 deste mês na cidade da Beira, província de Sofala (centro), só pode ser vista como "sinal de democracia", apesar de questionar a altura em que tal foi feito, nas "vésperas" das eleições autárquicas de 19 de Novembro próximo.

Hoje, através do seu porta-voz em Sofala, Zandamela Juga, a Frelimo considerou a edificação da estátua "um acto ilegal" e ferido de "incompetência", porque se baseou numa deliberação da assembleia municipal da Beira, sem consulta ao Ministério da Administração Estatal.

"Num país democrático como Moçambique, onde as eleições locais são vistas como forma adicional muito importante de fazer as pessoas participarem no exercício do poder, é natural que onde uma ou outra força política exerça o poder tome medidas que afirme a sua posição os seus princípios. É assim, apenas assim, que pode ser vista a inauguração da estátua", sublinhou Oldemiro Balói.

"Mas é um evento que dá um sinal de vitalidade da democracia moçambicana. Agora, em relação ao "timing", não sei o que os organizadores têm em mente. Mas não me parece que o quadro eleitoral que hoje existe possa ser alterado grandemente por um evento dessa natureza", acrescentou o chefe da diplomacia moçambicana.

A estátua é a primeira de uma figura da oposição a surgir no país desde a independência, a 25 de Junho de 1975, tendo a Renamo argumentado tratar-se de "um reconhecimento merecido a um herói".

André Matsangaíssa é considerado fundador da RENAMO e dirigiu os primeiros combates da antiga guerrilha deste partido contra o Governo da FRELIMO, antes de ser morto numa batalha a 17 de Outubro de 1979, dois anos após lançar uma rebelião contra as tropas governamentais.

Em reconhecimento do papel de André Matsangaíssa na luta contra "o marxismo-leninismo", a doutrina política que a FRELIMO impôs, depois da independência, a RENAMO construiu-lhe uma estátua numa das praças da cidade da Beira, município dirigido por Daviz Simango, eleito em 2004, como candidato do principal partido da oposição.

JSD/PMA.

Lusa/Fim

Fonte: RTP

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