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quarta-feira, março 21, 2018

Duas experiências sobre as eleições directas e secretas em 1987 em Nacala-Porto

As últimas eleições do regime monopartidário em Moçambique foram realizadas em 1987. Nessa altura eu era chefe de educação do posto administrativo de Mocone, um órgão de educacão que foi criado em 1983 e extinto em 1988. Por conta disso, trabalhei com o então administrador do posto, o senhor Champion Amade, durante a eleição de membros da Assembleia do Povo do posto e de candidatos aos deputados da Assembleia Distrital em Nacala-Porto.
1 . Experiência da eleição directa
Sempre dirigiamo-nos aos bairros e os propostos para deputados residentes dos respectivos bairros eram apresentados aos moradores em reuniões. Os moradores faziam-nos passar por aclamação ou se ouviam apupos para em seguida levar um ou mais moradores para falar sobre um candidato que se achava não merecer ser deputado da Assembleia do Povo. A grande experiência foi ao lado de S. Agostinho (para quem conhece Nacala), a via do Bispo de Nacala. Depois de apresentação dos candidatos, ouvi um apupo, para a seguir algumas mulheres levantarem-se e dizerem que o senhor Anastácio, um miliciano, não podia nunca ser deputado da Assembleia do Povo. Segundo elas, aquele senhor sempre se posicionava no canto da estrada para arrancar bens às mulheres que viessem das machambas ou das compras exigindo-lhes declaração do que traziam.
Desta experiência sei do porque os candidatos deviam ser escrutinados individualmente.

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