Páginas

quinta-feira, novembro 30, 2017

Guebuza era mais visionário em que medida?

Por Luís Nhachote
Do lado da evidência

Com a exposição, na me­dia internacional, do calote dado por Moçambique na construção do Aeroporto de Nacala, submergem na memória os hossanas que exaltavam Armando Emílio Guebuza, nosso último es­tadista!
No boom dessa exaltação, a presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, chegou mesmo a considerá-lo, em 2013, na abertura da VIII sessão or­dinária daquele órgão, de “… o filho mais querido do povo moçambicano, o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, que, com a sua inteligência e perse­verança, tem, com mestria, conduzido a Nação Moçam­bicana para patamares de excelência…”
A bolada das Ematuns, MAMs e Proindicus, como se pode aferir pelo timeline das mesmas, estava em curso e Verónica Macamo e os out­ros 249 deputados eram simplesmente ignorados, a Constituição da República pontapeada e hoje por hoje o país está como está! De tangas!.
Porque era preciso enco­brir o que se simulou so­berano, uma falange de in­telectuais, gente pensante, formada, em número igual aos integrantes da gang do lendário Ali Babá, adensa­vam os ingredientes que Verónica Macamo já tinha metido no panelão. Gue­buza então chegou a ser considerado por aqueles como “Guia incontestável de todos nós”!!!

Os 40 passaram então a agir numa sintonia endeusando Guebuza pelas obras de vul­toque estavam a acontecer, como um marco sem parale­lo na história da governação em Moçambique!
Nenhum deles quis-se lem­brar que no dia 26 de Junho de 2012, durante a cimeira do Rio de Janeiro, o Presi­dente Guebuza foi jantar em casa de Murilo Ferreira, o presidente da multinacional Vale do Rio Doce, facto esse que aconteceu em viagem de Estado e foi denunciado na imprensa nacional e in­ternacional.
A procissão de “hossanas” ao Presidente Guebuza, por via de uma media bem iden­tificada, foi das piores coisas que podiam acontecer a um comum mortal.
A empresa Odebrecht, que construiu o aeroporto, reve­lou para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que realizou “pagamentos corruptos” no valor de US$ 900 mil para autoridades moçambicanas, entre 2011 e 2014, período de construção da infra-estrutura “fantas­ma”, conforme retrata a ma­téria da BBC Brasil.
Guebuza, nos dias finais da sua chancelaria, teria dito ao semanário dominical que se edita na ex-Av Joaquim Lapa (actual Joe Slovo) que “Que­ro ser lembrado como uma pessoa amiga do povo”!
A conjectura e os cenários não jogam a favor de nen­hum amigo do povo, mas sim de um gangster que sob a veste de libertador fornicou a pátria!!
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Guebuza era mais visionário em que medida?
luís nhachote

Correio da Manhã – 30.11.2

Sem comentários:

Enviar um comentário